O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou apostar em uma reversão do golpe a partir da luta em três frentes distintas: nas ruas, com a participação dos movimentos sociais, da intelectualidade e de toda a sociedade brasileira; no próprio Senado, numa confluência de opiniões favoráveis à democracia e ao governo da presidenta Dilma Rousseff; e no Judiciário, como derradeira trincheira de batalha em favor do Estado Democrático de Direito.
Em café da manhã com jornalistas nesta terça-feira (10), o líder falou de assuntos determinantes para o futuro do País em um cenário que já aponta uma recomposição de forças entre as esquerdas brasileiras. Guimarães defendeu ser necessário evoluir para uma frente ampla e debater algo mais estratégico para o País. “Esse modelo de presidencialismo de coalizão construído nesses quase 14 anos de governo faliu. Então, temos que pensar algo mais consistente, mais programático, para colocar no lugar. Esse é o papel da esquerda”, afirmou.
Guimarães avaliou que é preciso reacender como legado de todo esse tempo, além dos avanços consideráveis que são identificados mesmo nesse período de crise, o papel da esquerda na América Latina e no Brasil. Segundo o líder do governo, a esquerda sai muito forte deste momento político, independentemente do desfecho com relação ao impeachment. “Sai fortalecida, e a exigência das ruas é que ela precisa atuar de forma unificada”, completou.
Ele disse que o Partido dos Trabalhadores precisa refletir sobre esse novo contexto, com o olhar voltado a essa questão estratégica de recompor as esquerdas. “Qual o papel daqui pra frente da esquerda? O PT não pode querer sozinho tocar a vida a partir de agora. Quer seja continuando no governo, o que vai exigir uma recomposição de forças; quer seja na oposição, o que vai exigir repensar junto [o papel da] esquerda. É um momento de profunda reflexão para o PT. É o que entendo e o que vou defender nas próximas reuniões do Diretório, nos dias 16 e 17, em Brasília”.
Para Guimarães, é fundamental pensar o País a partir desse legado de quase 14 anos em que o PT conduziu o governo. “Precisamos fazer um balanço muito criterioso disso tudo, seja para continuar no governo ou na oposição. No entanto, estou convencido de que vamos continuar no governo. Isso não é ilação. Estou vendo como as coisas estão se processando. Acredito que temos amplas condições de reversão desse quadro no Senado”, apontou.
Ao falar de Dilma Rousseff, o líder refutou veementemente qualquer possibilidade de a presidenta renunciar ao seu mandato, destacando sua fortaleza mesmo nesse momento de instabilidade política. “Todo dia inventam isso, é mais uma invenção midiática. Eu tive a oportunidade de viajar com Dilma de Juazeiro do Norte para Cabrobó, quando ela visitou o projeto de transposição do São Francisco. Engana-se quem pensa que Dilma é uma mulher que foge à luta. Ao contrário, nunca vi uma pessoa com tanta determinação e força”.
Por fim, reiterou que, independentemente do que ocorrer agora, para 2018 as esquerdas estarão fortes. “Por mim, a partir de agora, as forças progressistas e democráticas do País – o PT, o PCdoB, o PDT, uma parte do PSB, o PSol, parte da Rede – têm que sentar e discutir caminhos comuns”.
PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra
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