O ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES, Guido Mantega, em depoimento à CPI do BNDES nesta terça-feira (27) defendeu a política de aporte de recursos do Tesouro Nacional para o BNDES adotada no período em que ele presidiu a instituição, em 2008. Ele explicou que essa medida foi necessária no momento em que a economia mundial estava em crise. Segundo Mantega, houve uma paralisação de crédito em escala mundial. “Banco não emprestava para banco. Havia uma desconfiança. Essa paralisação de crédito paralisou a atividade econômica”, argumentou.
O ex-ministro disse que o montante repassado pelo Tesouro ao BNDES girou em torno de R$ 400 bilhões e estes foram utilizados para atender ao Programa de Sustentação do Investimento (PSI) que tinha como objetivo estimular a produção, aquisição e exportação de bens de capital.
“Não acho que foi um volume excessivo de recursos. Foi de bom tamanho. Foi o que deveria ser feito”, afirmou, em resposta ao questionamento do deputado André Fufuca (PEN-MA) sobre o acerto ou não no volume de recurso aportado pelo Tesouro que saltou R$ 43,2 bilhões, no final de 2008 para mais de R$ 450 bilhões no final de 2014, volume que estimulou a economia gerando empregos.
“Estamos num período de crise. Se não houver estímulo, atrativo para as empresas ou outros setores da economia fazerem investimentos, ele não ocorreria. Teríamos a perder mais do que teríamos que pagar, caso isso não fosse feito”, defendeu Guido Mantega.
Ao avaliar o depoimento do ex-ministro da Fazenda, o segundo vice-presidente da CPI, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que os avanços que o país conquistou na última década também foram fruto da dedicação do ex-ministro. “A vida do povo mudou. O Brasil como um todo cresceu. Isso foi resultado da política vitoriosa implementada pelo governo e pelo ministro Mantega. A política econômica e a ação do BNDES mudaram a vida da população. Na casa de cada brasileiro podemos comprovar o resultado desta politica”, lembrou Zarattini.
Partidarização – Questionado por setores oposicionistas que compõem a CPI, criada para investigar supostas irregularidades nos contratos firmados pelo BNDES, o ex-ministro foi taxativo em afirmar que nunca viu o banco ser utilizado para fins político-partidários. Ele disse que o banco tem que apoiar os projetos. Não cabe ao banco, explicou, perguntar se empresários têm filiação partidária. “O BNDES tem que estimular o crescimento, o investimento e a produtividade. Nunca vi nenhuma vinculação dessa natureza”, enfatizou o ex-ministro.
“Se pegássemos a maioria dos empresários, saberíamos que muitos deles não são eleitores do PT, por exemplo. Ele vai lá porque tem um bom projeto que vai contribuir com o desenvolvimento do país. Portanto, não há essa vinculação”, reiterou.
Medidas provisórias – Em relação à edição das medidas provisórias (MPs 471/09, 510/10 e 627/13) o ex-ministro negou beneficiamento ou pressão de qualquer setor para que elas fossem editadas. “As medidas provisórias são feitas de forma técnica, isenta, olhando apenas o interesse do país”, afirmou.
“Não há nenhuma influência em nossas ações, muito menos na edição das MPs. Não há tráfico de influência. Não é admissível”, afirmou.
Em sua fala, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) reiterou a posição defendida pelo ministro. “As medidas provisórias foram discutidas com a sociedade, com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e foram aprovadas pelo Congresso Nacional. Foi o próprio Congresso que aprovou o aporte de recurso do Tesouro para o BNDES. Tudo foi muito democrático e transparente. Não tem como dizer que houve lobby”, argumentou o deputado.
Benildes Rodrigues
Foto: Salu Parente