O deputado Enio Verri (PT-PR) e o presidente em exercício do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira, Roni da Silva Oliveira, acusaram nesta segunda-feira (19) o governo ilegítimo e golpista de Michel Temer de tentar enfraquecer a Casa da Moeda do Brasil, com o objetivo de justificar uma posterior privatização da empresa pública. Segundo eles, a ação está explícita no teor da medida provisória (MP 745/16), editada pelo governo golpista na última sexta-feira (16), que autoriza o Banco Central a comprar papel moeda emitido no exterior.
“Estamos discutindo a transferência de uma competência do Estado produzir sua própria moeda, terceirizando para a iniciativa privada, o que pode ser o início para se fazer de forma definitiva depois, que, com certeza será para os EUA. Isso está dentro do conceito desse governo golpista de retirar a exclusividade da Caixa para administrar o FGTS e o fim do regime de partilha e a volta da concessão para o pré-sal. Prefiro entender que essa MP está dentro de um contexto maior de redução do papel do Estado e, principalmente, de subordinação desse governo golpista a um sistema rentista, ligado ao capital internacional”, acusou Verri.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira, Roni da Silva Oliveira, disse que abrir a possiblidade da contratação de instituição estrangeira para emissão de papel moeda nacional é caminhar no sentido da privatização da empresa pública.
“Uma vez que a produção do nosso dinheiro é uma questão de soberania nacional, entregar isso para instituições estrangeiras significa mais um passo para a privatização da nossa empresa, assim como as demais estatais que esse governo golpista pretende privatizar”, ressaltou.
Ainda de acordo com Roni Oliveira, a alegação do governo golpista de que o ato é apenas uma prevenção a uma possível incapacidade da Casa da Moeda para abastecer o meio circulante não passa de uma desculpa infundada.
“Temos expertise e condições de garantir a produção exigida pelo Banco Central. A Casa da Moeda do Brasil tem hoje o parque fabril mais moderno da América Latina, com capacidade para produção de 3 bilhões de cédulas, e uma grande capacidade robotizada para a cunhagem de moedas”, destacou.
O sindicalista relembrou que o maquinário da instituição é um dos mais modernos do mundo, graças ao investimento realizado em 2010, ainda no governo do ex-presidente Lula, quando foram investidos mais de 500 milhões de reais em equipamentos.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Casa da Moeda disse ainda que a ação do governo golpista ignora o fato de que existe um acordo em vigor entre o Banco Central e a instituição para produção de papel-moeda até 2018. Roni Oliveira também informou que os servidores da empresa pública estranharam a possibilidade aberta pela medida que permite a importação de cédulas sem a necessidade de licitação em caráter emergencial.
Como prova da capacidade de produção da Casa da Moeda, Roni Oliveira ressaltou que até pouco tempo, além do Brasil, a instituição emitia papel moeda para países como Argentina, Venezuela, Paraguai e Haiti.
Histórico– A Casa da Moeda do Brasil foi fundada em 8 de março de 1694 pelo rei de Portugal D. Pedro II, em Salvador, com o objetivo de atender a demanda de fabricação de moedas no país.
Há mais de 300 anos a empresa pública é responsável pela produção do meio circulante brasileiro e de outros produtos de segurança, como passaportes com chips e selos fiscais. O complexo industrial, localizado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, é um dos maiores do gênero no mundo. No local, funcionam as três fábricas da empresa – de cédulas, de moedas e gráfica – onde são desenvolvidos produtos com o elevado padrão de qualidade exigido no mercado moderno.
Héber Carvalho
Foto: Divulgação