O deputado Nilto Tatto (PT-SP) solicitou nesta quinta-feira (27) que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) informe ao governo Bolsonaro sobre a correção feita nos indicadores acerca dos índices de consumo de agrotóxicos na agricultura brasileira. Segundo dados do IBGE, o consumo de agrotóxicos por hectare fica em 7kg/ha, e não 4,3kg/ha como divulgaram a FAO e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Segundo o deputado, o “equívoco” da FAO serviu para o governo manipular os dados em favor de uso indiscriminado de veneno na produção agrícola do País. Os dados distorcidos prejudicam a saúde da população e privilegiam os grandes fabricantes de defensivos agrícolas.
“O Brasil, conforme dados do IBGE, é o segundo maior consumidor de agrotóxico na agricultura, portanto, o governo Bolsonaro tem utilizado dados errados da FAO. Agora que corrigiu, é importante que comunique ao governo para que o governo não continue mentindo para o povo brasileiro sobre o volume de veneno que é utilizado em nossa agricultura na produção de alimentos”, cobrou Nilto Tatto.
O deputado lembrou que recentemente a Bancada do PT oficializou à FAO para consertar o erro, uma vez que os dados do IBGE e do Ibama, fontes oficiais do País, revelavam o erro cometido pelo organismo internacional. “Eu acredito que a FAO, depois de ter corrigido os indicadores de consumo de agrotóxico no Brasil – a pedido inclusive da bancada do Partido dos Trabalhadores – comunique o governo para que o governo não faça uso inadequado de indicadores e informações”, reiterou o parlamentar.
Distorção
A grande distorção dos números então divulgados pela FAO, é de que “o uso relativo de defensivos no Brasil é menor que o de muitos países da Europa”, e o Brasil estaria em 44º lugar num ranking de uso de agrotóxicos por área. Importante notar como agora se torna válido comparar a produção agrícola do Brasil com a Europa. No caso dos agrotóxicos banidos, o Mapa diz que a comparação não é possível. De todo modo, há dois grandes problemas na afirmação: (1) os dados da FAO estão errados. Eles contradizem os dados do Ibama, que o próprio Mapa utilizou. Para a FAO, o Brasil usou 377.176 toneladas de agrotóxicos em 2016. Mas como vimos acima, na conta feita pelo Mapa, o uso em 2016 foi de 541.862 toneladas, um pequeno erro de 44%. A FAO já foi notificada sobre o equívoco. Mas também há um erro no denominador: segundo a FAO, utilizamos os agrotóxicos numa superfície de 87,5 milhões de hectares, quando a soma de lavouras temporárias e permanentes segundo o IBGE em 2016 foi de 76,7 milhões de hectares.
Assim, com estes dois “erros”, nosso consumo de agrotóxicos por hectare fica em 7kg/ha, e não 4,3kg/ha como afirmam a FAO e o Mapa. Isto sem contar com os agrotóxicos contrabandeados, que segundo o Sindiveg representam 20% do total comercializado. Considerando os contrabandeados, o índice sobe para 8,5kg/ha.
Benildes Rodrigues com informações do Brasil de Fato