O aumento real do salário mínimo, a recomposição do Bolsa Família e a redução dos preços dos alimentos contribuíram para queda do número de brasileiros com insegurança alimentar moderada ou grave, aponta o Instituto Fome Zero.
O governo do presidente Lula assumiu o compromisso de acabar com a fome até o final de seu mandato. Os dados da recente pesquisa do Instituto Fome Zero (IFZ) mostram que as ações implementadas pelo governo federal, desde janeiro de 2023, apontam para o êxito da promessa do presidente.
A recomposição do Bolsa Família – que passou para R$ 600 mais R$ 150 por criança até 6 anos –, o aumento do salário mínimo e a desaceleração dos preços dos alimentos tiraram 20 milhões de brasileiros de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave.
A queda de 65 milhões para 45 milhões de pessoas se deu na comparação do quarto trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, conforme estudo do IFZ. O aumento real, acima da inflação, da massa salarial em 11,7%, foi o maior desde o Plano Real, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), conforme publicado pela Folha de São Paulo.
O levantamento do IFZ indica ainda redução de 28 milhões para 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave.
Compromisso da presidência
“Nós vamos acabar com a fome outra vez no Brasil. Essa é uma das obsessões da minha vida. A fome é falta de vergonha na cara dos que governaram esse país. Temos todos os instrumentos para acabar com a fome. Essa não é apenas a primeira reunião do Consea. É a primeira reunião em que estamos assumindo o compromisso de que até o final do meu mandato não vamos ter mais ninguém passando fome. É um compromisso que temos que cumprir”, disse Lula, no começo de março, durante reunião de reativação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão extinto por Bolsonaro.
Com Lula e Dilma, o Brasil havia saído do Mapa da Fome em 2014 mas vergonhosamente voltou em 2022 com o sucateamento das políticas públicas a partir do golpe na presidenta Dilma em 2016, culminando com o desgoverno Bolsonaro.
“Nos nossos governos conseguimos criar um conjunto enorme de políticas públicas que fizeram com que as pessoas saíssem da fome. Nos vamos voltar a fazer isso”, afirmou Lula.
Melhora maior que a prevista
A partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad Contínua), do IBGE, o Instituto Fome Zero chegou a dois indicadores relacionados à fome.
O primeiro é a insegurança alimentar moderada, que é quando o indivíduo não tem três refeições diárias ou não se alimenta o suficiente. O segundo é a insegurança alimentar grave, quando fica um ou mais dias sem comer, em situação de fome.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o diretor-geral do IFZ e ex-coordenador do programa Fome Zero no primeiro governo Lula, José Graziano, disse que os resultados mostram uma “melhora até maior do que a esperada”.
Já a renda real domiciliar per capita saltou 12,5% em 2023 se considerar o rendimento das famílias dividido pelo total de membros, conforme dados da Pnad Contínua revelados por Marcelo Neri, diretor da FGV Social, à Folha. Ele disse ainda que “a taxa de pobreza do país também deve apresentar importante recuo quando puder ser calculada com os dados da Pnad Contínua completa de 2023”.
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Fome está relacionada à renda, diz pesquisador
O impacto do aumento real do salário mínimo foi estimado em cerca de 4% acima da inflação em 2023, segundo o Ipea, resultou no aumento do poder de compra de quem ganha o mínimo, além dos 26 milhões de aposentados. “O reajuste acaba puxando outros salários para cima, inclusive no setor informal”, destacou a Folha.
A redução continuada dos índices de insegurança alimentar entre 2004 e 2014 no Brasil tem muito a ver com a política de aumentos reais para o salário mínimo, disse Graziano ao jornal.
“A fome no Brasil está muito relacionada a renda. Ela se dá principalmente através do decréscimo de renda e pela perda da capacidade de consumo”, declarou à Record News o pesquisador do IFZ, João Pedro Magro, ao salientar que a deterioração do salário mínimo impede as pessoas de ter acesso aos alimentos.
“Em 2023 houve uma trégua na inflação que também contribuiu para a redução da insegurança alimentar e nutricional, mas agora a gente observa um movimento de um pouco de acréscimo dessa inflação, que é um movimento em parte sazonal. Tem alguns itens que tem elevação de preços internacionais, o que tem também correspondência com a elevação no preço. Existe também essa pressão internacional”, observou.
PT Nacional