Governo Lula recebe apoio da Alemanha para defesa do meio ambiente

“Estamos muito felizes pelo Brasil estar de volta à cena mundial. Vocês fizeram falta”, disse Scholz a Lula

Durante visita do primeiro-ministro Olaf Scholz ao Brasil, Alemanha anuncia doação de mais de R$ 1 bilhão para projetos ambientais no Brasil.

A visita do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, ao presidente Lula, nesta segunda-feira (30), terminou com o compromisso de Brasil e Alemanha ampliarem o trabalho conjunto na proteção ambiental, na construção de um modelo econômico que promova a justiça social e para que um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se concretize.

Como um primeiro resultado prático, o governo alemão anunciou a a doação de 200 milhões de euros (cerca de R$ 1,1 bilhão) para ações ambientais no Brasil. O dinheiro será dividido entre diferentes iniciativas, como a proteção da Amazônia, o desenvolvimento dos estados que abrigam a floresta e projetos de uso de energias renováveis na indústria e no setor de transportes.

Veja a integra do Comunicado Conjunto entre Brasil e Alemanha

“Ao Brasil, cabe uma tarefa fundamental na proteção do clima. É uma notícia muito boa para o nosso planeta a de que o presidente Lula está empenhado em combater as mudanças climáticas, proteger a Amazônia e acabar com o desmatamento. Estamos muito felizes pelo Brasil estar de volta à cena mundial e empenhado na maior integração da América Latina. Vocês fizeram falta, caro Lula”, disse Scholz durante uma entrevista à imprensa concedida por ele e Lula.

Na entrevista, Lula disse estar disposto a trabalhar para que o acordo entre União Europeia e o Mercosul se concretize ainda este ano. O presidente, no entanto, disse que o Brasil deseja rever alguns pontos do documento elaborado até o momento, pois o país não pode abrir mão de sua reindustrialização nem do uso de compras governamentais para fortalecer as empresas nacionais.

“Vamos trabalhar muito para que a gente possa concretizar esse acordo. Alguma coisa tem que ser mudada, ele não pode ser feito tal com está”, disse Lula, acrescentando que o governo também pretende avaliar bem quais são as condições oferecidas ao Brasil para se tornar membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Socorro aos Yanomami

Lula também foi perguntado sobre a situação dos índios Yanomami e explicou que assinou um decreto dando poderes às Forças Armadas, ao Ministério da Defesa e ao Ministério da Saúde para socorrer os indígenas e acabar com o garimpo ilegal em suas terras.

“A verdade é que tivemos um governo que poderia ser tratado como um governo genocida, porque ele é um dos culpados para aquilo acontecer. Ele que fazia propaganda para as pessoas invadirem com garimpo, está cheio de discurso dele dizendo isso. Então, nós resolvemos tomar uma decisão: não haverá mais garimpo. Quanto tempo vai demorar, eu não sei. Pode demorar um pouco, mas que nós vamos tirá-los, vamos”, garantiu o presidente.

“O governo brasileiro vai acabar com garimpo em qualquer terra indígena a partir de agora. O Brasil vai voltar a ser um país sério, respeitado e que respeita a Constituição, as leis e, sobretudo, os seres humanos”, completou.

Outro tema abordado pelos jornalistas foi a guerra na Ucrânia. Perguntado sobre a possibilidade de o Brasil vender munições à Alemanha para que o país europeu as envie para o governo ucraniano, Lula explicou por que o país não tem interesse em fazê-lo.

“O Brasil é um país de paz, o último contencioso nosso foi na Guerra do Paraguai, e, portanto, o Brasil não quer ter qualquer participação (na guerra), mesmo que indireta. Neste instante, nós deveríamos estar procurando quem pode ajudar a encontrar a paz entre Rússia e Ucrânia. Nós precisamos encontrar alguém, porque até agora a palavra paz é muito pouco utilizada”, disse.

Lula disse estar empenhado em formar um grupo que ajude a acabar com o conflito. “Proponho criarmos um grupo de países que se sentem à mesa com a Rússia e a Ucrânia para tentar encontrar a paz”, disse, acrescentando que conversou sobre o tema com Scholz e também com o presidente francês, Emmanuel Macron, e que pretende discuti-lo com os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China Xi Jin Ping.

Agência PT

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