O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, desautorizou neste sábado o uso de algemas e correntes nos brasileiros que foram deportados pelos Estados Unidos, informou o portal o g1. A decisão veio após pedido do presidente Lula (PT), que disse se tratar de uma “questão de soberania” e afirmou que “no Brasil, ninguém acorrenta brasileiros”. A Força Aérea Brasileira (FAB) enviou um voo para transportar os deportados de Manaus até o aeroporto de Confins, em Minas Gerais.
A operação se deu após a chegada, na sexta-feira (24), de uma aeronave vinda dos Estados Unidos com 158 deportados a bordo. A primeira parada estava prevista para Manaus, com destino final em Confins, mas o voo precisou ser cancelado devido a problemas técnicos na aeronave, mais especificamente com o sistema de ar-condicionado. Embora os americanos tenham sugerido esperar um novo avião vindo dos EUA, a Polícia Federal (PF) e o Ministério da Justiça foram rapidamente avisados, e um voo da FAB foi mobilizado para garantir a continuidade do traslado.
O Ministério da Justiça também informou que, ao saber que seriam transportados sem algemas ou correntes, os brasileiros reagiram com emoção: “Choraram de alegria e bateram palmas”, relatou a pasta. O delegado da Polícia Federal, Sávio Pinzon, informou que o novo voo da FAB deve chegar a Manaus na tarde deste sábado (25).
O governo brasileiro está investigando o caso para entender melhor os detalhes e a natureza das expulsões. A PF, por sua vez, ainda não revelou a nacionalidade dos deportados, mas, de acordo com fontes do Itamaraty, 88 dos ocupantes são brasileiros.
Em nota, o Ministério da Justiça informou ter tomado conhecimento da situação dos brasileiros pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues.
Algemas retiradas
“Por orientação de Lewandowski, a Polícia Federal recepcionou os brasileiros e determinou a autoridades e representantes do governo norte-americano a imediata retirada das algemas”, reforçou o comunicado. “O ministro destacou ao presidente o flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”, acrescentou a nota.
Segundo o ministério, ao tomar conhecimento da situação, o presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, “de modo a garantir que possam completar a viagem com dignidade e segurança.”
“O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”, diz o comunicado.
Bolsonaristas bajuladores de Trump
O apoio do governo Lula aos brasileiros deportados ocorre num momento em que os bolsonaristas aplaudem o novo presidente dos EUA, Donald Trump, que elegeu os imigrantes — inclusive os brasileiros — como um dos principais alvos de sua política racista, xenófoba e elitista. O ex-presidente Jair Bolsonaro lidera a bajulação ao novo ocupante da Casa Branca.
Bajuladora contumaz dos Estados Unidos, a família Bolsonaro conseguiu, desde o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021), reunir um verdadeiro exército de vira-latas para trabalhar contra a soberania do Brasil. Subservientes aos interesses norte-americanos, apoiadores de Bolsonaro celebram a máxima de Trump, “make America great again (“faça a América grande novamente”), às custas da submissão dos Estados nacionais ao imperialismo. Enquanto parlamentares bolsonaristas festejavam a vitória do extremista nesta semana, brasileiros começaram a ser deportados dos Estados Unidos, vítimas de uma política anti-imigração que desumaniza e humilha povos latinos como mexicanos e brasileiros.
As deportações foram prontamente ignoradas pelos sabujos de Trump, como os deputados Carla Zambelli (PL-SP), Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Marcel Van Hattem (Novo-RS), entre tantos outros, vistos dançando em uma festa Washington. O mais incrível: todos foram impedidos de comparecer à posse de Trump na Rotunda do Capitólio, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro.
A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se manifestou sob o episódio na tarde deste sábado (25). “Fez muito bem o presidente Lula em determinar a retirada das algemas e correntes dos pés dos brasileiros deportados dos EUA que chegaram hj em Manaus”, elogiou Gleisi. “Não eram criminosos, por que as correntes?”, questionou.
Ela também fez um alerta sobre a nova política anti-imigração de Trump e condenou a subserviência de bolsonaristas ao extremista americano. “Essa é uma situação que vai se intensificar com Trump, que prometeu deportação em massa. E pensar que esses bolsonaristas festejam Trump, que quer humilhar nosso povo”, lamentou a petista.
Redação PT na Câmara, com PT Nacional , Agência Brasil e G1