O governo golpista de Michel Temer – aquele mesmo que está promovendo a mais ferrenha destruição dos direitos sociais de toda a história brasileira – partiu para o ataque descarado contra Lula e Dilma, atribuindo aos governos do PT uma espécie de “herança maldita”. O discurso enviesado dos conspiradores faz parte de uma campanha publicitária mentirosa que se utiliza de distorções e de interpretações maldosas para fazer a população acreditar que Temer recebeu um pesado fardo.
O descaramento chega a ser tão absurdo que os golpistas apontam como dado negativo do legado de Lula e Dilma o fato de terem aumentado consideravelmente o orçamento da educação. Qualquer pessoa em sã consciência, mesmo que não compreenda nada de política, é capaz de deduzir que um maior investimento em educação jamais será demérito para um governo. Muito pelo contrário. Portanto, nesse quesito, os golpistas até tentaram fazer uma crítica, mas acabaram elogiando a atuação de Lula e Dilma.
Esses e outros ataques foram publicados na quarta-feira (5) em diversos jornais da grande mídia brasileira em anúncio de quase uma página inteira pago pelo governo, na verdade, pelo contribuinte. É o dinheiro público entrando pelo ralo para respaldar o golpe. O governo quer justificar o injustificável. Ele quer passar a ideia de que tomou o poder para dar um jeito na suposta “bagunça” que o PT deixou. Falácia total.
Enquanto a equipe da presidenta Dilma previa um déficit fiscal para este ano em torno de R$ 97 bilhões, o governo golpista de Temer elevou esse déficit para R$ 170 bilhões, jogando nas costas da presidenta a responsabilidade por esse rombo. No anúncio pago, os conspiradores chegam a dizer que é preciso fazer um ajuste “para nunca mais ter R$ 170 bilhões de contas públicas no vermelho”. Na verdade, o que os golpistas fizeram – ao aprovar esse déficit maior no Congresso Nacional – foi passar um cheque em branco para o governo Temer gastar, sem especificar onde, com quê e com quem.
O discurso é de contenção, mas a prática é de gastança generalizada. Tanto é verdade que em agosto, pouco antes de o governo golpista completar quatro meses no governo, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) anunciou que a programação orçamentária do governo para 2016 já havia atingindo um déficit de R$ 169 bilhões dos R$ 170 bilhões previstos como meta fiscal para todo o ano. Ou seja, mesmo aumentando o limite para gastar e faltando quase cinco meses para acabar o ano, o governo golpista já havia anunciado que estava beirando o limite de extrapolar a meta exagerada que eles mesmos estabeleceram. Essa é só uma das provas de que o governo golpista mente em seu anúncio pago.
Lupa – Uma agência especializada em avaliar a veracidade de informações que circulam no país (a Lupa) decidiu verificar o grau de verdade e mentira da publicidade de Temer. O resultado pôs em xeque o diagnóstico de Brasil produzido por Temer. Um dos pontos checados foi justamente quanto ao aumento do orçamento da Educação. O anúncio afirmava que muito embora o gasto com educação tenha subido “285% acima da inflação entre 2004 e 2014”, as “notas dos estudantes no exame do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) praticamente não cresceram”.
A agência cravou que as duas informações são falsas. Isso porque o investimento no período foi de 215% e não de 285%. Depois, também não é verdade que não houve evolução no Ideb. “Nos anos iniciais do ensino fundamental, a média nacional foi de 3,8 em 2005 para 5,5 em 2015, ultrapassando a meta de 5,2 traçada pelo próprio governo para aquele ano. Nos anos finais do ensino fundamental, a nota subiu de 3,5 para 4,5, no mesmo período. A meta nessa etapa era chegar a 4,7. Por fim, no ensino médio, o Ideb saiu de 3,4, em 2005, para 3,7, em 2015”, publicou a Lupa.
A checagem também faz ressalvas sobre os ataques feitos ao governo Lula e Dilma com relação ao “inchaço da máquina pública”. Disseram os golpistas que seus antecessores tinham 24 mil cargos de confiança e que por obra do governo Temer 4,2 mil desses cargos haviam sido extintos. A Lupa resgatou dados obtidos pelo jornal Extra por meio da Lei de Acesso à Informação: “Entre 1º de junho e 31 de julho, já na gestão do presidente Michel Temer, foram exoneradas 5.524 pessoas que ocupavam cargos comissionados no governo federal. No entanto, nesse mesmo período, outras 7.236 pessoas foram nomeadas”. Mais uma bola fora!
Por fim, vale destacar dois dados que a agência considera como verdadeiros com relação à ferrovia Transnordestina e à transposição do Rio São Francisco. O anúncio do governo golpista apontou atraso na finalização das obras e aumento do valor incialmente orçado para cada uma delas. Embora seja real a informação, ela carece de ressalvas.
Com relação à transposição, o deputado José Guimarães (PT-CE) lembra que Lula e Dilma fizeram em 13 anos 90% da obra. Coisa que a direita deste país, representada por esse governo golpista, não conseguiu fazer em mais de um século. Vale lembrar que a ideia de transposição das águas remonta ao ano de 1847, ainda no Império. “A acusação não passa de desespero. É o medo de ressaltar o verdadeiro legado dos governos do PT. Trata-se do governo da mentira”.
Guimarães ressaltou ainda que os golpistas desconhecem a realidade do Nordeste, conhecem apenas os caminhos que levam a São Paulo. “Não têm autoridade para falar desse projeto. Deveriam, na verdade, se apressar para entregar a obra ainda este ano, como faria Dilma. Caso contrário, muitas cidades nordestinas entrarão em colapso no abastecimento”.
Com relação à Transnordestina, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) lembrou que, diferentemente dos governos tucanos, Lula foi quem retomou a construção de ferrovias no País, induzindo o desenvolvimento de várias regiões. Enquanto isso, segundo Uczai, o PSDB, por meio de concessões, sucateou 15 mil quilômetros de ferrovias, mais de 60% da malha. “Lula modificou este cenário e hoje mais de 20% do transporte de cargas são realizados por ferrovias”, comemorou.
“Trilhamos o caminho certo. As ferrovias são mais baratas, seguras, ambientalmente sustentáveis, geram empregos, promovem o desenvolvimento regional e ainda preservam as estradas. Pode não estar no prazo certo de conclusão, mas antes não havia nada disso. Eram só rodovias para todo o transporte de cargas. Hoje temos um modal de integração do País, com portos, aeroportos, rodovias e hidrovias”.
PT na Câmara