Diretas já! Esse é o clamor dos partidos de oposição e que ecoou nas ruas país afora desde o momento em que vieram a público, na última quarta-feira (17), as delações do empresário Joesley Batista, da JBS, que gravou o presidente ilegítimo Michel Temer dando aval para a compra do silêncio do réu e deputado cassado Eduardo Cunha. Na gravação, feita no Palácio do Jaburu, o empresário fala também em “segurar” dois juízes e Temer responde: “ótimo”. Na avaliação do líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), o governo Temer acabou. “Diante da grave crise e de todas as provas, Temer não tem condição de governar: é ilegítimo e cometeu crime de responsabilidade” afirmou.
Zarattini citou o esforço dos partidos de oposição para estancar a crise e enfatizou que a única alternativa democrática é assegurar ao povo brasileiro o direito de escolher o próximo presidente da República.
O líder do PT anunciou que a bancada petista fará obstrução permanente a partir desta terça-feira (23). “Temer não tem mais condições de continuar comandando essas reformas (Trabalhistas e Previdenciária) que só retiram direitos dos trabalhadores. As denúncias são gravíssimas. Não vamos permitir que se vote nada na Casa até que se revolva essa situação”, afirmou.
A única exceção, segundo Zarattini, será a votação da PEC 227/16, que trata das eleições em caso de vacância na Presidência da República. “Vamos trabalhar para apreciar o parecer na comissão de Constituição e Justiça ainda nesta terça-feira”, explicou.
Diretas Já – Para o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o governo ilegítimo, “produto de um golpe”, está de cócoras. “Temer não tem mais como permanecer no cargo que usurpou e não há outro caminho pacificador neste momento que não passe pelas eleições diretas já. Qualquer outra decisão só vai agravar a crise”, alertou.
José Guimarães defendeu ações imediatas para a repactuação da democracia com manifestações de rua e com a união das forças de esquerda e de Centro, no Congresso, garantindo as eleições diretas já. “É fundamental que a população ocupe as ruas e que o Parlamento aprove uma emenda à Constituição assegurando eleições direitas, com um programa mínimo para conduzir o Brasil até 2018. E nesse programa tem que ficar garantido o engavetamento das reformas e o fim do Estado de Exceção”, afirmou.
STF – O destino do governo Temer, que seria selado nesta quarta-feira (24), no Supremo Tribunal Federal (STF), foi adiado. A presidente da Suprema Corte, ministra Carmem Lúcia, adiou o julgamento do recurso apresentado pela defesa de Temer para que seja suspenso o pedido de investigação contra ele, apresentado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, até o resultado definitivo da perícia das gravações de Joesley Batista. Além da decisão da ministra, a defesa de Temer também recuou nesta segunda-feira (22) e retirou o recurso.
O líder do PT, Carlos Zarattini, considerou a movimentação da defesa do presidente ilegítimo como mais uma manobra do governo. “É manobra atrás de manobra. Primeiro, foi a pressão contra a ministra Carmem Lúcia para adiar o julgamento, depois essa retirada do recurso. Isso porque eles perceberam que o recurso colocou uma espada sobre a cabeça de Temer. A decisão do STF seria definitiva, praticamente um impeachment”, afirmou Zarattini.
Zarattini destacou ainda a grande manifestação que ocorrerá em Brasília nesta quarta-feira. “A mobilização contra as reformas Trabalhista e Previdenciária se transformou em uma grande manifestação política pela saída do presidente Temer e por diretas já”.
Impeachment – Depois das denúncias, na última quarta-feira (17), a Câmara já recebeu oito pedidos de impeachment do presidente golpista. Cinco já foram arquivados pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A Ordem dos Advogados do Brasil já decidiu que entrará também, nesta semana, com um pedido de impeachment. Para a OAB, Temer “quebrou o decoro e perdeu as condições de governabilidade”.
Vânia Rodrigues
Foto: Jocivaldo Vale