Durante entrevista com blogueiros nesta quarta-feira (20), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a geração de emprego e controle da inflação devem ser uma obsessão para o governo da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, as soluções são mais políticas do que econômicas, pois dependem de escolhas que o governo precisará fazer. Além disso, o ex-presidente defendeu que essa é a hora do País discutir saídas para a crise.
“O governo tem que ter a responsabilidade de ser o indutor do crescimento”, avalia Lula.
“Eu acredito que o povo brasileiro precisa repudiar de forma veemente todas as pessoas que trabalham para atrapalhar o desempenho do Brasil. Elas não estão prejudicando o governo ou um empresário. Quem sofre na pele não é um deputado, um senador. É o povo mais necessitado deste país. Quando tiraram a CPMF disseram que iam me prejudicar. Mas prejudicaram o povo, que precisa de saúde”, afirmou Lula, ao comentar a quantidade de previsões pessimistas feitas sobre a economia brasileira e as tentativas de setores da oposição de atrapalhar propostas do governo.
Na avaliação do ex-presidente, o caminho para retomada do crescimento é o investimento público, principalmente para encorajar o investimento privado. “Precisamos fazer este país voltar a crescer. Não há dinheiro do orçamento, mas devemos criar dinheiro do financiamento. É política pública dura. A Dilma estabelece uma política de crédito, uma parte para consumo, outra para investimento”, defendeu.
O ex-presidente disse estar otimista de que o Brasil vai melhorar, mas que as pessoas precisam ter mais otimismo. “Não se resolve o problema trocando o sindico. É preciso retomar a confiança”, observou.
“Tem muitas obras do PAC, muito projetos no Programa de Investimento em Logística”, exemplificou. A entrevista aconteceu na sede do Instituto Lula, em São Paulo.
A maior parte das perguntas foi sobre economia. Lula mencionou que aumentar a arrecadação do governo por meio de impostos pode ser difícil porque o Congresso está resistente. “Dilma tem que ter como obsessão retomada do crescimento, geração de empregos. Não é uma tarefa econômica, é uma tarefa política”, reforçou.
Lula defendeu o governo como ator responsável por investir para impulsionar a retomada do desenvolvimento econômico. “O que a gente percebe é que está faltando crédito, faltando investimento. É preciso uma forte política de crédito. Na crise em 2009, quando eu disse que era marolinha, colocamos 100 bilhões do Tesouro para estimular o desenvolvimento”, lembrou.
O ex-presidente ainda disse acreditar que há muitas críticas equivocadas sobre as exportações brasileiras, pois o Brasil teve diversas inovações tecnológicas que aprimoraram as commodities, como o frango e a soja, por exemplo.
Lula também mencionou a atuação da mídia contra o governo ao analisar que houve pouca repercussão positiva quando Dilma aumentou o salário-mínimo, o piso do salário dos professores e a aposentadoria. “A grande imprensa critica dizendo que a Dilma dá o que não tem, mas não é o salário mínimo que vai pagar a crise que os milionários fizeram”.
Infraestrutura – Para Lula, este é o momento ideal para discutir um conjunto de investimentos em infraestrutura: energia elétrica, rodovia, hidrovia e ferrovia. Ele acredita que o modelo de concessão permitirá que a população consiga, em pouco tempo, ter acessos a servidos melhores, como transporte público, por exemplo, sem onerar o Estado.
“Sou a favor de concessão. Depois, se o Estado tiver condição de administrar, pega de volta. O importante, para o povo, é funcionar”, afirmou.
Em sua avaliação, o governo deve se empenhar em terminar as obras que estão em andamento para terminá-las.”Minha intuição, se conheço a Dilma, é que ela vai ser ousada de agora em diante”, disse.
Uma possibilidade levantada pelo ex-presidente é fazer parceria com os chineses para conseguir investir nestes setores, dando petróleo como garantia. “A crise permite que você faça tudo o que você não faz em períodos de normalidade”, afirmou Lula.
Agência PT
Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula