A expectativa do tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, é a de que a presidenta Dilma Rousseff decida num “curto prazo” a compra dos 36 caças, orçados em US$ 7 bilhões, que terão a dupla capacidade de defesa aérea e de ataque de superfície. As aeronaves fazem parte do Programa FX-2 e vão substituir os caças Mirage 2000, que sairão de atividade em dezembro deste ano, por já haverem concluído suas horas de voos.
O comandante participou na tarde desta terça-feira (13) de audiência pública conjunta das Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara e do Senado. Ao ser questionado sobre o que seria esse “curto prazo”, ele explicou que estima a conclusão do processo por parte do Executivo até o fim do ano. Disputam a licitação a norte-americana Boeing, com o F-18; a sueca Saab, com o Gripen NG; e a francesa Dassault, com o Rafale.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), além de destacar a importância estratégica do Programa FX-2 para a defesa nacional, explicou que dois critérios são fundamentais para a decisão brasileira: “o acesso à tecnologia do controle das aeronaves e as parcerias que os fornecedores podem estabelecer com a indústria aeronáutica nacional”.
Esses dois itens monopolizaram quase todas as intervenções de expositores e de debatedores durante a audiência. Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), membro da comissão, as dificuldades do Executivo para tomar a decisão sobre o projeto não estão no campo financeiro. “O que está colocado é a questão da transferência de tecnologia e da nossa parceria internacional, porque, a partir dessa decisão, vamos abraçar uma determinada tecnologia e um determinado país pelos próximos 30 ou 40 anos”, detalhou Zarattini.
Pellegrino, que foi um dos autores do requerimento para realização do debate, argumentou que a renovação da frota nacional dessas aeronaves é estratégica para os futuros desafios na área de defesa. Entre eles, o combate ao narcotráfico e ao terrorismo, a proteção do espaço aéreo e de áreas sensíveis como as do pré-sal e da Amazônia, e o patrulhamento dos mais de 17 mil quilômetros de fronteira.
Após a decisão de qual empresa será a responsável pela fabricação das novas aeronaves, um período entre 8 e 12 meses ainda será necessário para discutir e pormenorizar os itens do contrato. Esse tempo será utilizado para assegurar que tudo o que foi exigido da empresa será, de fato, cumprido. “No nosso requisito, constam coisas que os fabricantes precisam colocar, e isso demanda tempo, porque não é só a gente pegar um equipamento e inserir no avião. É preciso integrar esse equipamento com outros. É por isso que a demora é bastante razoável”, explicou o tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito.
Ele explicou ainda que, depois de assinado o contrato, o prazo para a entrega da primeira aeronave será de 4 a 6 anos. Só depois desse período o valor destinado para o projeto começará a ser pago. Com a desativação dos Mirage 2000 em dezembro próximo e com a incapacidade da substituição deles pelos novos caças, a ação de defesa do espaço aéreo brasileiro, explicou o comandante, será feita por aeronaves do modelo F-5.
PT na Câmara