Em carta ao presidente da China, Xi Jinping, o ex-presidente Lula repudia a “inaceitável agressão” feita ao povo chinês pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Lula afirma que a atitude do filho do atual presidente do Brasil, de responsabilizar o país asiático pela pandemia do coronavírus é “ofensiva e leviana”, além de contrariar frontalmente os sentimentos de respeito e admiração dos brasileiros pela China.
“Quero expressar os sentimentos de uma nação, que tive a responsabilidade de presidir por dois mandatos, ao pedir desculpas ao povo e ao governo da China pelo comportamento deplorável daquele deputado”, reforça Lula.
O ex-presidente cita que setores expressivos da sociedade brasileira, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, condenaram essa agressão ao povo chinês. “Lamento, entretanto, que o atual governo brasileiro não tenha feito esse gesto pelos canais diplomáticos e por meio do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro. Seu silêncio envergonha o Brasil”, lamenta.
Lula enfatiza ainda, na carta, que o governo Bolsonaro passará sem estar à altura do Brasil. “Mas nada apagará os laços de amizade e cooperação que vimos construindo desde 1974. Praticamente todos os presidentes brasileiros, desde então, fortaleceram nossa relação nos mais diversos campos”, relembra o ex-presidente. Ele enfatiza que desde 2009 a China é o maior parceiro comercial do Brasil e que foi no período em que esteve no comando do País que foi criado o grupo BRICs – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – inaugurando um novo capítulo na ordem mundial.
Lula encerra a carta, entregue sexta-feira (20) à embaixada China em Brasília e chegou ao presidente Xi Jinping neste domingo, destacando os esforços que a China fez para combater o coronavírus, com resultados positivos. “Essa é a verdadeira imagem da China que nós aprendemos a admirar. Um país com o qual desejamos manter e aprofundar as melhores relações de amizade e cooperação, inclusive no combate à grave pandemia que também nos atinge”.
Leia a íntegra da carta:
Vânia Rodrigues