Governo Bolsonaro é de destruição de direitos e de conquistas, avaliam fundações partidárias

Em busca de uma grande convergência para evitar retrocessos e assegurar direitos, as fundações partidárias integrantes do Observatório da Democracia realizaram nesta quinta-feira (31), no Senado Federal, seminário sobre as perspectivas do governo Bolsonaro. Por unanimidade, os representantes do PT, PSOL, PDT, PSB, PCdoB e Pros avaliam que o governo atual tem caráter internacionalista, privatista, sem a menor preocupação com os limites democráticos e que tirou da pauta as questões relacionadas ao desemprego e às desigualdades sociais.

Sérgio Gabrielli (PT), representante da Fundação Perseu Abramo, afirmou que o governo Bolsonaro é fruto de verdadeiras “placas tectônicas” no mundo com uma grande ofensiva sobre a soberania nacional, como aconteceu na Líbia, na Síria, e continua através dos projetos de intervencionismo da OTAN. Gabrielli destacou o papel da comunicação e da imprensa para atingir esses objetivos estratégicos. Existe um grande esforço de controle dos recursos estratégicos dos países em desenvolvimento, como minerais estratégicos, não somente em relação ao petróleo.

Gabrielli mapeou em sua análise os quatro polos de poder dentro do governo Bolsonaro. São eles: núcleo Lava Jato – (Moro é um ministro do Interior e não da Justiça); núcleo Paulo Guedes e suas relações internacionais; núcleo do Exército, que é o núcleo mais atrasado das Forças Armadas; e núcleo da família de Bolsonaro. “É um governo que age por estímulos externos, especialmente nas relações exteriores que em grande medida condicionam a luta de classes no Brasil”, afirmou.

 

Governo da destruição

Na avaliação de Gabrielli, o governo Bolsonaro é um governo de destruição da política, dos programas sociais, além de ser entreguista e sem preocupação com o futuro. “Por isso, é fundamental a nossa unidade porque esse é um governo que não trata a esquerda como adversário. Trata como inimiga, querem a nossa destruição e não a nossa derrota.  É a substituição da política pela guerra”, alertou.

O representante da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Henrique Mathiessen, destacou o quadro de profunda crise que vive o Brasil, sob um governo recém iniciado e que já enfrenta graves problemas, como os indícios de corrupção, apontados nos últimos relatórios da COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Segundo Mathiessen, o atual governo retrata a elite brasileira, que sofre de um sentimento antipátria, “é ligada aos interesses internacionais”. Destacou ainda que o governo Bolsonaro representa os “interesses espúrios internacionais” e promove a negação da política, a partidarização da Justiça e do conjunto do judiciário.

 

Disputa pelo Petróleo

O representante da Fundação João Mangabeira (PSB), James Lewis, analisou o papel da disputa pelo petróleo. Ele enfatizou que a Petrobras esteve no centro de várias crises políticas brasileiras, provocadas grupos entreguistas contra governos que defendiam os interesses nacionais. “É o mesmo discurso que derrubou Getúlio Vargas e que foi feito contra Jango Goulart e contra Dilma Rousseff. O Petróleo é um dos temas-chave dessa disputa”.

Lewis destacou ainda as contradições presentes dentro do atual governo, que devem ser consideradas na luta pela democracia, como os militares e as igrejas evangélicas. “Há setores das Forças Armadas que tem sentimentos nacionalistas que poderão estabelecer essas contradições”, apontou.

Júlio Vellozo, da Fundação Mauricio Grabois (PCdoB), reforçou o objetivo das fundações ao construir o Observatório da Democracia. “Buscamos uma grande convergência das forças progressistas brasileiras neste momento”. Em sua análise, Vellozo mostra a origem dos interesses defendidos pelo governo Bolsonaro. “Nasce fora do país, a partir dos interesses do capital financeiro internacional, em um cenário internacional onde se apresentam duas tendências: uma delas é que o sistema não necessita mais de nenhuma forma de respeito às regras democráticas tradicionais”, analisou.

Segundo Vellozo, o papel do Brasil no novo cenário geopolítico, que está se consolidando no mundo, passou a ser relevante por causa das riquezas minerais e o petróleo. “O Estado nacional, nessa perspectiva, não tem um mínimo de política autônoma para enfrentar essa questão da ofensiva ultraliberal”, afirmou. Ele acrescentou que essa política ultraliberal adotada pelo governo Bolsonaro evidencia mais uma contradição: “ele se alimenta do Estado que quer desmontar”.

 

Perseguição a Lula

Júlio Vellozo destacou também o papel violento do grupo jurídico militar nesse quadro político, ao citar o impedimento do ex-presidente Lula ir ao velório do irmão, causado por decisões judiciais contraditórias, numa inversão total do direito tradicional.

Para Pedro Otoni, da Fundação Lauro Campos (PSOL), o governo Bolsonaro não pode ser compreendido sem analisar a situação internacional. Segundo ele, as elites do mundo estão enfrentando a ascensão da China e de outras potências do Oriente, que preparam sua ultrapassagem em relação aos Estados Unidos/Ocidente. “Uma crise econômica que tem se mostrado resistente aos mecanismos clássicos que o capitalismo desenvolveu para administrar suas crises”.

Vânia Rodrigues, com Observatório da Democracia

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