A ex-presidenta Dilma Rousseff classificou como “capenga” a democracia no Brasil, diante da ascensão do neofascismo com o governo de extrema direita Jair Bolsonaro, totalmente comprometido com o poder econômico e a cartilha neoliberal.
Em participação no Mutirão Lula Livre neste sábado (26), Dilma, deposta por um golpe político, midiático e jurídico em 2016, recapitulou a trama que levou ao impeachment sem crime de responsabilidade bem como a sucessão de medidas autoritárias que passaram a ser tomadas já no governo golpista Michel Temer (MDB-SP) e aprofundadas por Bolsonaro, com o desmonte de políticas públicas e do Estado, o que resulta diretamente na destruição ambiental em curso e em cortes de direitos do povo brasileiro.
Para ela, o modelo neoliberal e neofascista de Bolsonaro está diretamente associado à catastrófica destruição ambiental na Amazônia e outros biomas, numa escalada sem precedentes, incompatível com a democracia.
Preservação da Amazônia
“Os incêndios são provocados, são criminosos. É uma forma predatória de querer se apropriar da terra amazônica, da riqueza”, disse Dilma. “E não é somente para abrir pastos e ampliar o agronegócio. Eles sempre olharam a Amazônia querendo minérios. A gente vê esse descalabro do aumento do desmatamento. Eles não só aumentaram o desmatamento como desmontaram a fiscalização. Havia uma fiscalização pesada. A gente sabia que só com ações de comando e controle era possível barrar a ação dos que visavam explorar a Amazônia. Preservar a Amazônia não é uma questão trivial. É soberania nacional”, completou.
A ex-presidenta frisou que democracia é um sistema de governo orientado pelo princípio de que o poder emana do povo, mas, com a ascensão do neofascismo, as bases do Estado Democrático de Direito têm sido solapadas.
“Esse processo de erosão da democracia é negado. Mas vejo a democracia sendo atacada como uma árvore por golpes de machado. E como fungos e parasitas que também afetam essa árvore, vieram os ataques à soberania nacional e aos direitos do povo na participação política”, disse. “O que temos é uma democracia capenga, fatiada, na qual prevalece o liberalismo”.
Desigualdade
Dilma lembrou que logo depois do golpe vieram os ataques aos direitos, com mudanças nas leis trabalhistas e a exclusão da população do orçamento público por meio da aprovação da Emenda Constitucional 95, a lei do teto de gastos. “O povo é o que mais sofre, porque a emenda elimina qualquer possibilidade de políticas de redução da desigualdade. Para eles, não interessa que tenhamos o aumento da fome.”
A interdição por meio de uma farsa judicial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi impedido de disputar a eleição de 2018, quando era favorito, evidencia a desigualdade em relação ao direito à política, de votar e ser votado. “Em julgamento que desrespeitou o princípio de que todos são iguais perante a lei, foi destruído o voto popular e abriu-se caminho para o surgimento do neofascismo”, denunciou a ex-presidenta.
Assista ao vídeo completo com todos os participantes do #MutirãoLulaLivre
Redação PT na Câmara com Rede Brasil Atual