Golpe vai macular as instituições democráticas e maior vítima será o povo brasileiro

SenadoDilma29082016

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que o processo de impeachment, que busca encerrar o mandato da presidenta Dilma Rousseff, só tem elemento político e nenhum caráter jurídico. “O PSDB pagou R$ 45 mil por essa denúncia”, afirmou, se referindo ao valor pago à Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment. A senadora afirmou ainda que a presidenta Dilma será vista pela história como uma vítima, ressalvando, contudo, que a maior vítima desse processo todo será o povo brasileiro.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-RN), na tentativa de rebater argumentos do golpe, que ficou cada vez mais evidente ao longo desse processo, aproveitou o seu momento de questionar a presidenta Dilma para fazer uma homenagem a representantes do Movimento Brasil Livre. Ele disse que o impeachment nasceu das ruas, não de uma conspiração do Congresso. A resposta da presidenta foi direta: “Não sejamos ingênuos, senador, todos nós sabemos que esse processo nasceu de uma vingança do senhor Eduardo Cunha, a quem vocês se aliaram. E disso devem se envergonhar”, afirmou.

E a ironia, continuou a presidenta Dilma, é que “eu estou aqui nessa etapa não sendo julgada nem por corrupção, nem por lavagem de dinheiro como esse personagem notório (Cunha)”. Ela lembrou ainda que alguns dos líderes dos protestos foram “esfuziantes” em tirar fotos ao lado de Cunha, que ainda não foi julgado no processo que pede a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar. Eduardo Cunha é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como lavagem de dinheiro, corrupção passiva e evasão fiscal.

Mentira – Dilma Rousseff também foi contundente ao responder o senador Magno Malta (PR-ES), que queria saber se ela mentiu no processo eleitoral. Dilma disse ao senador que no período eleitoral a economia brasileira era outra e que não havia como prever o tamanho da crise que vinha pela frente.

“É próprio do ser humano querer controlar o futuro. Só que o senhor não controla o futuro. Estamos no reino das estimativas”, afirmou a presidenta. Ela ilustrou citando que o mercado e o governo estimaram o crescimento do PIB ao longo de 2015 em 0,8%, e deu, no final, -3,75%. “Aí eu pergunto: quem mentiu senador? Não se trata de uma relação de verdade ou mentira. Trata-se de uma estimativa”, afirmou.

Descompasso – O senador Armando Monteiro (PTB-PE) fez questão de usar o seu tempo para afirmar que durante o processo de discussão do impedimento da presidenta no Senado só fortaleceu a sua convicção de que não há razão que justifique, na Constituição, o impeachment da presidenta. “Não tem como configurar o crime de responsabilidade. Há um descompasso na condução dos que desejam punir e a sanção expressa que desejam imputar”. Ele defendeu que era preciso pensar com responsabilidade no que esse impeachment, dessa forma, iria representar nas instituições democráticas. “Vai macular um longo processo de construção das instituições”, reforçou.

Monteiro, que foi ministro Desenvolvimento Econômico do segundo governo Dilma, afirmou que sua gestão sempre foi responsável e citou que no primeiro mandato o superávit da União acumulou mais de R$ 250 bilhões.

“E quando desacelerou, em 2014, no início de 2015, o ajuste foi muito duro, com medidas duras para o setor produtivo, com eliminação de subsídio, com contingenciamento nas despesas discricionárias. Por tanto, o seu governo teve postura fiscal responsável. Se tem déficit é consequência da queda da atividade econômica, mais que ninguém podia prever”, afirmou.

Vânia Rodrigues, com agência Senado
Foto: PT no Senado

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