Ao criticar a fragilidade do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), nesta segunda-feira (11), o líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou categoricamente na comissão do impeachment que o golpe “não é saída para solucionar os problemas do Brasil”. Como caminho viável, Guimarães propôs um grande pacto para o País voltar a crescer, avançar em programas sociais, reduzir as taxas de juros, ampliar as exportações, investir na produção e retomar o emprego.
“A democracia tem que ser a nossa fonte de inspiração. Acredito que a democracia não será atingida por esse golpe, pois o País está mobilizado. Aos poucos, estamos vencendo uma onda conservadora que patrocinou a violência e o ódio. Não fomos nós que patrocinamos a violência e o ódio. A oposição patrocinou e ela mesma foi vítima dessa violência na avenida Paulista, de onde seus líderes foram expulsos. Portanto, o melhor caminho é o diálogo, o melhor caminho é o da pactuação”, defendeu Guimarães.
O líder refutou diretamente a postura golpista do vice-presidente Michel Temer (PMDB), “que faz parte do núcleo político que trama contra a democracia, contra o governo e contra o País”. Segundo o petista, além de Temer, fazem parte do centro do golpe o PSDB e partidos satélites que articulam e determinam o andamento do impeachment sob a batuta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“É digno um vice-presidente se prestar a esse papel? É claro que tenho o maior respeito pelo PMDB, mas é justo esse áudio que foi divulgado agora à tarde pelo vice-presidente da República? Isso é razoável do ponto de vista do que estamos discutindo aqui? Não é! Quanta saudade de um Marco Maciel, de um Itamar Franco e de um inesquecível José Alencar, que foram vice-presidentes que não tramaram, que não exerceram o protagonismo de uma ação golpista como essa”, apontou o parlamentar cearense.
Guimarães também não poupou críticas ao viés tendencioso do relatório apresentado na comissão, que não delimitou uma causa para o prosseguimento do processo e se configurou como uma peça meramente política. “Onde a presidenta virou ré em algum processo no Supremo Tribunal Federal? Onde ela está sendo investigada? Onde ela foi condenada? Em canto algum. É por isso que esse crime identificado no relatório do deputado Jovair carece de fundamentação. É por isso que eu fiquei espantado com o conteúdo desse relatório”, detalhou.
Por fim, Guimarães reiterou que o governo está empenhado e disposto a rever pontos importantes para a retomada do crescimento do País, a partir da repactuação após a derrota do golpe. “A ideia do ‘quanto pior, melhor’ arrebentou com o Brasil. Não podemos mais conviver com essa crise política. E temos que resolver isso. Não é por causa de uma crise que é preciso afastar a presidenta Dilma, porque ela é uma mulher honrada. Não se pode dizer que ela cometeu algum ato de corrupção no seu governo, porque ela fez justamente o contrário: deu condições para as instituições investigarem tudo”, argumentou.
PT na Câmara
Foto: Alex Ferreira/Agência Câmara