Golpe carrega o preconceito contra a mulher como triste marca, mas não vou desistir da luta, afirma Dilma Rousseff

DILMA MULHERES CAPA2

Sob os olhares atentos de mais de três mil mulheres, de todas as localidades do país, a presidenta Dilma Rousseff desabafou, pela primeira vez, em discurso inédito, que um dos componentes do processo de impeachment da qual é vítima tem como base o fato de ter sido a primeira mulher eleita pelo voto direto no Brasil. “A história ainda vai dizer quanto de violência, quanto de preconceito contra a mulher tem esse processo de impeachment golpista”, afirmou a presidenta, na abertura da IV Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres que começou hoje (10), em Brasília.

Dilma reconheceu que, apesar da trama golpista em curso no Congresso Nacional, a Conferência das Mulheres é um espaço carregado de energia, acolhimento, luta, resistência e determinação das mulheres brasileiras. Ainda, que a tentativa de seu impedimento e do golpe contra a democracia carrega a questão de gênero como triste marca.

Em nome de toda a luta construída para dar empoderamento e visibilidade às mulheres, que passaram décadas ignoradas por governantes que antecederam os 13 anos de gestão do Partido dos Trabalhadores, a presidenta disse do orgulho de “honrar” as mulheres do País. “Mostramos que somos capazes de resistir e de enfrentar com força e que essa força jamais será confundida com brutalidade”, afirmou ovacionada pela plateia.

“A nossa força está em sermos lutadoras, guerreiras, sensíveis e capazes de amar (…). A história vai mostrar como o fato de ser mulher me tornou mais resiliente, mais lutadora”, reforçou Dilma, fazendo questão de frisar que essa força vem de mulheres e homens que se tornaram protagonistas dos seus direitos nos últimos 13 anos.

Sobre o processo de impeachment, a presidenta Dilma voltou a dizer que é vitima de um golpe e que vai continuar lutando com todas as forças, dentro dos meios legais disponíveis, acrescentando que não está cansada de lutar. “Estou cansada é dos desleais e dos traidores e tenho certeza que o Brasil também está”, disse, se referindo aos articuladores e conspiradores do impeachment, Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara e o vice-presidente Michel Temer, ambos do PMDB.

“Esse pessoal não consegue chegar à presidência da República por meio popular, mas por meio dessa espécie moderna de golpe feito sem armas, baionetas, mas rasgando a Constituição”, lamentou a presidenta. Ela lembrou que foi eleita duas vezes. “O povo brasileiro votou em mim duas vezes e esses 54 milhões de votos que recebi (em 2014) das urnas serão honrados”, disse.

“Vou lutar com todas as forças e quero dizer a vocês que, para mim, o último dia do meu mandato é 31 de dezembro de 2018”.

Benildes Rodrigues

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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