A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), rechaçou hoje (27) duramente a possibilidade de privatização da Petrobras, tese defendida pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Ela afirmou que a empresa é estratégica para o País, mas precisa de inversão de rumo para que os preços da gasolina e do óleo diesel sejam mais baratos e a estatal retome o seu papel como vetor do desenvolvimento nacional.
Ela condenou a política de dolarização dos preços praticada pela estatal, que não computa os seus custos em real, como na prospecção do petróleo do pré-sal, que tem “praticamente o custo de extração do petróleo na Arábia Saudita, em que o óleo jorra da areia”. O custo do barril extraído no pré-sal é de cerca de 30 dólares, mas a direção da empresa nomeada por Bolsonaro alinha seus preços aos do mercado internacional, atualmente na faixa de 85 dólares.
Política antinacional
Ela observou que o desmonte da Petrobras começou com o governo golpista Michel Temer, em 2016, e foi aprofundada pelo governo militar de Bolsonaro. Além da antinacional política de dolarização dos preços, para favorecer acionistas brasileiros e estrangeiros, Gleisi denunciou que outras ações prejudiciais ao povo brasileiro foram tomadas.
“Tiraram a Petrobras de operadora única (do pré-sal), abriram a concessão dos poços do pré-sal para as petroleiras internacionais, mudaram a política de preço do petróleo e fizeram a política de paridade internacional”, disse a presidenta do PT.
Gleisi Hoffmann assinalou que nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) foram empreendidas ações de fortalecimento da Petrobras, sobretudo a partir da descoberta do pré-sal. As megajazidas de petróleo descobertas ainda foram desprezadas pelos reacionários e entreguistas, e, como aconteceu à época de Getúlio Vargas, Lula também foi atacado por pessoas com o perfil de Bolsonaro e Guedes, conforme recordou a deputada.
“O presidente Lula não deu bola e fez a exploração do pré-sal. E nós nos tornamos autossuficientes em petróleo”, sublinhou a deputada.
Entreguistas sabotadores do Brasil
A parlamentar frisou que o antipatriotismo de gente como Bolsonaro e Guedes aconteceu nos anos de 1950, quando Getúlio Vargas resolveu criar a Petrobras e foi sabotado com a argumentação de que o País não tinha petróleo. “Ainda bem que Getúlio nem ligou para eles e fez a Petrobras, a maior empresa brasileira, uma estatal forte. E tínhamos petróleo, sim, e começamos a trabalhar para sermos autossuficientes em petróleo”.
Ela criticou a orientação antinacional da diretoria nomeada por Bolsonaro. “Então, nós pagamos hoje o preço em dólar dos nossos combustíveis, porque o petróleo, mesmo sendo barato produzido aqui, é cotado com o mercado internacional”, disse.
Gleisi deplorou a venda de ativos da empresa, como refinarias e gasodutos, além do fato de o Brasil hoje exportar petróleo bruto e importar gasolina dos Estados Unidos, com uma política que levou o preço da gasolina a mais de R$ 7 o litro.
A deputada denunciou ainda que os acionistas privados enriquecem com a política de dolarização da Petrobras, enquanto os salários estão congelados ou reajustados abaixo da inflação, o desemprego e o subemprego atingem milhões de brasileiros e a inflação dispara e ressurge a fome. Ela assinalou que mais de R$ 30 bilhões de foram distribuídos recentemente a acionistas da estatal. “E o povo pagando R$ 7 no litro da gasolina, pagando R$ 5 no do diesel para encher o bolso de acionista”, comentou.
Narrativa para entrega a Petrobras
O deputado Frei Anastácio (PT-PB) afirmou que a omissão de Bolsonaro e de Paulo Guedes diante da escalada dos preços dos combustíveis tem um objetivo oculto, além de favorecer escancaradamente os acionistas da Petrobras. Segundo ele, a estratégia do governo militar de Bolsonaro é deixar “acontecer esse absurdo para criar a narrativa de que a solução será privatizar a Petrobras”. Para ele, esse movimento mostra “mais uma vez que Bolsonaro não tem nenhuma preocupação com o bem-estar do povo brasileiro”
Paulo Paiva Nogueira