O governo destruidor de Jair Bolsonaro está custando caro ao País. Sob a política neoliberal de Paulo Guedes, o descalabro corre a passos lagos e a sombra da recessão econômica voltou a assustar o Brasil, com o País vivendo um período de estagnação sem precedentes. O cenário, no entanto, pode ser ainda pior, segundo relatório da consultoria AC Pastore, que não é de esquerda, publicado ontem no jornal Folha de S. Paulo: o Brasil não apenas está vivendo a mais lenta retomada da história, como “caminha para a depressão”.
Para chegar a esse diagnóstico, o relatório ‘A Depressão Depois da Recessão’, leva em conta como principal critério a estagnação da renda per capita. O PIB avançou apenas 1,1% em 2017 e 2018 enquanto a população do país cresce 0,8% ao ano, o ganho de renda para cada brasileiro foi de ‘magnitude insignificante’ no período, aponta o relatório. “No fim de 2018, a renda per capita estava 8% abaixo do trimestre imediatamente anterior ao início da recessão”, diz o texto, indicando uma queda de quase 10% em relação ao período pré-golpe. Ou seja, a população pobre do Brasil, que é a maioria, está ficando cada vez mais pobre, sem renda e sem emprego.
O programa austericída que vem sendo implantado no Brasil, a partir da adoção da emenda constitucional do teto dos gastos públicos, vai paralisar a gestão do Estado e por fim às políticas sociais. Os cortes feitos no orçamento pelo governo federal já atingem áreas essenciais, conforme alerta Estudo da Associação Contas Abertas, publicado no Estadão. Cerca de 140 projetos de 11 ministérios estão com 100% de seus recursos bloqueados, a maioria deles na área de infraestrutura como contenção de cheias e inundações, prevenção de uso de drogas, assistência à agricultura familiar e revitalização de bacias hidrográficas na região do São Francisco, informa a publicação.
A tesourada do governo Bolsonaro conteve também o avanço de diversas políticas públicas que estavam em andamento. A insistência da equipe econômica em apostar na Reforma da Previdência, solapando direitos dos mais humildes, como solução para os problemas brasileiros se mostrou inócua. Dia a dia, Bolsonaro expõe a incapacidade de Paulo Guedes em apresentar, depois de cinco meses de governo, propostas que estimulem a atividade econômica e a geração de empregos. Esse austericídio, que teima ter um Estado pequeno para um país imenso e pobre como o Brasil, não tem como dar certo.
Se não bastasse um governo voltado ao capital financeiro e que drena o orçamento público, temos um presidente da República inábil, que prega o ódio e a violência contra os diferentes, estimulando o confronto e despreparado para as adversidades. A deterioração mostra-se ainda mais preocupante quando Bolsonaro resolve se socorrer aos apoiadores digitais para atacar as instituições e ameaçar a democracia, numa clara demonstração de autoritarismo. O presidente disse considerar impossível governar o Brasil respeitando as instituições democráticas, especialmente o Congresso. Para ele abre-se caminho para uma “ruptura institucional irreversível”.
Assim, Bolsonaro admitiu a incapacidade de garantir a governabilidade pela via democrática, flertando com o autoritarismo. Para completar o cenário caótico de um frágil presidente e um péssimo governo, investigações revelam o envolvimento da família Bolsonaro com nepotismo, lavagem de dinheiro e organização criminosa, apontando até mesmo para ligações com milícias. Depois de posar como baluarte da família e da moral, caem as máscaras dos ditos homens de bem que decidiram criminalizar a política e se mostrarem acima de todos.
Depois da paralisação de 15 de maio, quando estudantes professores ocuparam as ruas em defesa da educação brasileira, agora aparecem as pretensas manifestações do dia 26, na tentativa de segurar seu governo desastroso e destruidor. Mas, isso não será suficiente. Estaremos todos juntos, solidários e unidos com as manifestações do dia 30 de maio, quando os estudantes, os defensores do ensino público voltarão às ruas, e também no dia 14 de junho, quando trabalhadores demonstrarão todo o repúdio à política neoliberal e supressão dos direitos do povo levada ao cabo por esse governo.
Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidenta nacional do PT