Gleisi Hoffmann reage a nota do Clube Militar em defesa de Silveira

A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), reagiu duramente à nota emitida pelo Clube Militar no final da tarde desta sexta (19). No documento, a entidade tentou fazer uma defesa do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), “sem entrar no mérito das palavras dirigidas aos integrantes do STF”, questionando “por que outros pronunciamentos semelhantes, porém ditos por políticos e jornalistas de centro esquerda não são tratados como crime?”

Ao tomar conhecimento da nota, na manhã deste sábado, a deputada publicou em seu perfil no Twitter o seguinte comentário: “Viúvas da ditadura se arvoram contra o STF apoiando deputado bolsonarista que fez apologia à ditadura. Em nome da democracia, o Clube Militar tem que ficar onde está, na reserva e fora da vida pública. É hora de compromisso com o desenvolvimento e os verdadeiros interesses do País”.

Também em sua rede social a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a nota do Clube Militar “é um desrespeito” ao Brasil. “Em mais uma ode à ditadura, mente, distorce e investe na cisão do País. Carrega cheiro de porões e linguajar dos truculentos. O Clube Militar prefere o minúsculo e violento deputado Silveira à Câmara, ao Supremo Tribunal Federal e à Constituição”.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que a nota do Clube Militar revela “a sua partidarização, a ausência de uma visão democrática e a total adesão ao projeto genocida do atual presidente”.

E o deputado Leo de Brito (PT-AC) afirmou: “Sobre essa nota do Clube Militar adorando a ditadura, esse povo tem que parar de querer se meter na política. Além de ser uma casta de privilegiados, querem mandar no Brasil. Lembrei de quando aquele comandante militar que posou ao lado do Trump pediu desculpas ao país. Xô, viúvas”

Frente democrática

O ex-ministro e atual presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, também respondeu à manifestação do Clube Militar. “Reafirmo que a democracia é um sistema tão flexível e generoso que até os que a negam e que a agridem cotidianamente podem se eleger presidente ou deputado. Mas as forças do atraso e do autoritarismo seguem testando seus limites, saudosos de um passado de dor, de violência e de ditadura que não pode ser reescrito e que não voltará”, afirmou Mercadante em nota oficial.

Mercadante defendeu uma resposta ampla e vigorosa a ataques sucessivos e articulados contra a democracia. “É dever de todos os democratas deste país a construção de uma ampla frente democrática, que não se confunda com os diversos projetos de poder e de país. Uma frente para combate ao fascismo e a defesa incondicional do Estado Democrático de Direito e todos os valores que ele representa”, conclamou.

Generais de pijama

O ex-senador e agora vereador pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias, foi outro a se manifestar sobre o texto dos chamados “generais de pijama”. “A nota do Clube Militar é uma vergonha. São as viúvas da ditadura que ainda sonham em reconstruir 1964. Mais uma afronta ao Estado Democrático de Direito!”, publicou em seu perfil no Twitter.

Conhecido reduto dos saudosos dos regimes militares no Rio de Janeiro, o Clube Militar foi fundado em junho de 1887, dois anos antes da Proclamação da República. A entidade se apresenta como uma associação de direito privado sem fins lucrativos, de caráter representativo, assistencial, social, cultural, esportivo e recreativo.

Desde então, três de seus presidentes também foram mandatários do Brasil: marechal Deodoro, marechal Hermes da Fonseca e marechal Eurico Gaspar Dutra. Em maio de 2018, Hamilton Mourão foi aclamado presidente do clube, e exerceu a função até a posse como vice-presidente. Quase 70 anos depois, um presidente do Clube Militar retornava ao alto escalão do Executivo.

‘O pensamento do Clube Militar’

A nota desta sexta, intitulada ‘O pensamento do Clube Militar’ e assinada pelo atual presidente da entidade, o general de Divisão Eduardo José Barbosa, avança também sobre o Supremo Tribunal Federal, onde “crimes cometidos por aliados ideológicos ou denúncias contra os próprios ministros do STF ficam sem investigação ou aguardando a prescrição”.

O documento também afirma que grande parcela da população teria “saudades” daquela época e que “a Democracia que temos hoje no Brasil começou em 1964”. Carrega em tons conspiratórios questionando por que os equipamentos de Adelio Bispo de Oliveira e seus aliados não seriam periciados. Finalmente, pergunta se a prisão de Daniel Silveira não ocorreu apenas por ele ser apoiador de Jair Bolsonaro.

PT na Câmara, com Agência PT de Notícias

 

 

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