Gleisi: “Folha dá aula de desinformação e manipulação de dados sobre lucro das estatais”

Gleisi: "Petrobras teve o segundo maior lucro da sua história e um desempenho melhor do que a maioria das petroleiras globais" Foto: UOL/Reprodução

As principais estatais do país alcançaram lucro líquido somado de R$ 182 bilhões em 2023. A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann (PR), comemorou os resultados positivos contabilizados pelas companhias brasileiras. Por meio de seu perfil na rede social X, a deputada federal também rebateu reportagem da Folha de S. Paulo, publicada no domingo (31), sobre a queda do lucro das principais estatais do país.

“Manchete da Folha hoje é uma aula de desinformação e manipulação de dados”, reagiu a deputada. Gleisi rechaçou o comparativo feito pela Folha em relação aos lucros das estatais em 2022 e lembrou que medidas “irresponsáveis” tomadas pela administração anterior impactaram nos números.

“A Petrobras e o BNDES tiveram resultados inflados em 2022 pela venda irresponsável de seus ativos no governo Bolsonaro/Guedes, uma farra que acabou no governo Lula”, rebateu a presidenta do PT, referindo-se ao índice de 24% de diminuição nos lucros das empresas divulgado pela Folha de S.Paulo.

“Mesmo tendo recuado no ano passado, a Petrobras teve o segundo maior lucro de sua história e um desempenho melhor do que a maioria das petroleiras globais. Todas com recuo de lucros devido à queda dos preços do barril”, ressaltou a parlamentar. “O resultado da Petrobras sozinho desequilibra toda a conta, pois é uma estatal maior que a soma do BNDES com as outras três citadas (Correios, BB e Caixa), todas com resultado melhor em 2023”, concluiu.

Queda no preço do barril

Embora o lucro contabilizado pelas principais estatais seja menor que o registrado em 2022, por conta do cenário internacional desfavorável no setor petrolífero, a Petrobras lucrou R$ 124,6 bilhões no ano passado. O Banco do Brasil (BB), a Caixa Econômica Federal (CEF) e os Correios apresentaram desempenhos superiores, no comparativo com o balanço do ano anterior, enquanto que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve ligeira diminuição nos dividendos.

A retração nos lucros líquidos somados de todas essas estatais, em relação a 2022, é explicada, principalmente, pela queda de 18% no preço do barril do petróleo tipo Brent e pelos investimentos realizados pela Petrobrás na transição energética do país. Ainda assim, no ano passado, a companhia foi a quarta empresa mais lucrativa do ramo no mundo. Entre as estatais do petróleo, ela é a segunda, em termos de lucro, atrás apenas da Saudi Aramco, da Arábia Saudita. Quase todas as petrolíferas viram seus lucros caírem em 2023.

“Lucros exorbitantes aos acionistas”

Mais cedo, em entrevista à GloboNews, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), rebateu as críticas à nova gestão da Petrobras. “Nós não podemos admitir que a Petrobras tenha um único exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir a seus acionistas. Nós queremos que ela tenha muito lucro, nós queremos que ela seja altamente competitiva”, defendeu. Silveira disse considerar preocupante, e até motivo de indignação, o mercado tratar o governo como intervencionista.

“Nós nada mais fizemos do que exercer o nosso direito de discutir, com os nossos conselheiros […], a destinação correta dos dividendos extraordinários. […] Existe uma clara demonstração de uma resistência do mercado em consequência da ‘boca torta’ que eles adquiriam nos últimos anos, em especial nos quatro anos de governo Bolsonaro, que eles faziam o que queriam com o Brasil”, explicou o ministro.

Atualmente, o preço médio da gasolina no país está em R$ 5,75, segundo a Petrobras. Durante o governo anterior, entretanto, o valor do combustível chegou a quase R$ 8, em alguns postos de gasolina, cerca de 30% mais caro. O gás de cozinha, que já custou R$ 160 no governo anterior, é hoje vendido por pouco mais de R$ 102, em média. O Diesel, por fim, vendido a mais de R$ 6, em 2022, mantém-se em R$ 5,86, no governo do presidente Lula.

Estatais em expansão

BB, CEF e Correios conseguiram resultados acima daqueles registrados em 2022. O BB obteve expansão de 11,3%, chegando a R$ 35,5 bilhões de dividendos. O aumento nos lucros contabilizado pela CEF, por sua vez, foi de 15,5%, fechando o balanço anual em R$ 10,6 bilhões. Já os Correios começaram a se recuperar, em 2023, do sucateamento levado adiante por Bolsonaro e Paulo Guedes. O governo Lula reduziu em 22% os prejuízos da estatal no ano passado. A previsão é de que a empresa lucre R$ 150 milhões em 2024.

O BNDES registrou ligeira diminuição nos lucros na ordem de 5%. De acordo com o banco, isso se deve à opção da instituição financeira de não vender ações que detém de outras empresas, como a Petrobrás e a Vale. A nova gestão, de acordo com o diretor financeiro, Alexandre Abreu, pretende ampliar a presença do BNDES como sócio de companhias brasileiras estratégicas.

PTNacional, com informações de Folha, Poder360, Valor, GloboNews

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