Assim que Jair Bolsonaro deu início a uma série de crimes comuns e de responsabilidade durante a pandemia, o Partido dos Trabalhadores passou a denunciar e exigir a saída imediata do ocupante do Planalto, ainda em 2020. O fato desmonta a tese falaciosa de que o partido é contra o impedimento de Bolsonaro, lembrou a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Ela participou de um debate na GloboNews, neste domingo (3), ao lado do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, e do deputado federal Marcelo Freixo. Na conversa, Gleisi defendeu um diálogo com toda a sociedade, inclusive com partidos de centro e centro-direita, em torno da bandeira do impeachment. A deputada federal (PT-PR) disse ainda que o partido está pronto para debater temas como corrupção e denunciou o ‘lawfare’ promovido pela Lava Jato para perseguir o presidente Lula.
“Temos uma linha no partido muito clara e desde o início nós nos posicionamos pelo impeachment”, apontou Gleisi. “Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade, crimes comuns. Por muito menos tiraram a Dilma, que foi um golpe. Que, aliás, trouxe toda essa desestabilização que nós estamos vivendo”, lembrou a deputada.
Ela enfatizou os esforços da legenda e do ex-presidente Lula para construir pontes com toda a sociedade em torno de uma agenda pelo impeachment. “Não é por outra razão que o presidente Lula tem conversado com todos setores da sociedade, inclusive com os setores políticos”, afirmou.
Manifestações
“Estamos chamando, para conversar, há muito tempo, todos os setores da sociedade, fazendo um esforço grande para isso. Os atos do dia 02 são resultados desse esforço, que o PT tem feito, o PSOL e o PSB tem feito. O PT estava, junto com o PSOL, desde o início. Depois outros partidos vieram. É isso que nós temos que fazer para tirar Bolsonaro. E precisamos, sim do apoio do centro, da centro-direita para tirar esse governo”, observou.
Ela reforçou a importância dos atos democráticos pela saída de Bolsonaro. Sobre o último, realizado no dia 02, Gleisi destacou a construção de consensos entre as forças políticas. “A maioria estava ali com um propósito comum, apesar das suas divergências. Construir a unidade nas divergências não é algo fácil, é um processo. Foi um passo importantíssimo para nós termos aquele palanque. O foco é tirar Bolsonaro, é fazer o impeachment”.
Corrupção e Lava jato
Gleisi reafirmou a disposição do PT em debater o tema da corrupção, ressaltando que as discussões precisam de transparência, para que não se incorra em injustiças como as cometidas contra o partido. “Quem desviou recursos, fez malfeitos, tem de ser punido”, defendeu. “Mas [houve] muita ação feita contra o PT e contra o presidente Lula que não tem base nisso. Corrupção se combate com transparência, informação, fiscalização, e dentro da lei”, apontou.
Ela citou as denúncias infundadas de um esquema na Petrobras envolvendo o partido. “A Lava Jato montou um esquema – e vocês viram pela Operação Spoofing – de conluio entre Ministério Público, juiz, [com] delações compradas”, denunciou, citando o caso de Leo Pinheiro, da OAS. “Foi uma barbaridade o que esse juiz Sergio Moro fez. Ele é que tem que dizer de onde saiu o dinheiro. Se não tinha contrato superfaturado na Petrobras, não saiu dinheiro da Petrobras”, argumentou.
Debate com Moro
“Se as empreiteiras pagaram essas pessoas, por que pagaram? Ele tem de dizer, as empreiteiras também”, insistiu Gleisi. Ela lembrou que a Petrobras sempre foi superavitária, ficando em déficit apenas no ano de 2014 por causa de uma depreciação de ativos feita por pedido da Lava Jato. “Onde ficou o prejuízo da Petrobras? Por que Moro não explica isso?”, questionou.
“Outra coisa: diziam que a Petrobras foi o antro de corrupção do PT. E tinha gasolina barata, óleo diesel barato, gás de cozinha barato. Agora a Petrobras está um “brinco”, sem corrupção, e o povo paga R$ 7 o litro da gasolina, quase R$ 5 o litro do óleo diesel, R$ 100 o botijão de gás”, ironizou. “Que tipo de gestão é essa?”, indagou. E propôs que a GloboNews promova um debate sobre o assunto, de preferência com a presença de Sergio Moro. “Ele deve muita explicação”.
Problemas reais do povo
Gleisi reiterou que os desafios da esquerda são apontar caminhos para resolver os problemas reais do povo brasileiro, hoje vítima do massacre neoliberal de Bolsonaro e Paulo Guedes. [É preciso] resolver o problema da fome, que assola esse país, da carestia, da inflação, do desemprego. Depois de 21 anos, estamos novamente com inflação de dois dígitos”, lembrou. “Para isso, nós precisamos tirar Bolsonaro de onde está, Bolsonaro está sangrando o país”.
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