A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), subiu à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (5) para manifestar solidariedade à greve nacional dos petroleiros, que lutam por direitos e também contra o processo de privatização fatiada da estatal. A parlamentar destacou ainda em seu discurso que o desmonte da Petrobras é um crime contra a soberania nacional, e que o Congresso Nacional precisa deter o processo de destruição da empresa.
De acordo com a parlamentar, além da greve para resguardar direitos, os trabalhadores da Petrobras também querem evitar demissões futuras. Ela citou como exemplo desse temor, recente decisão da direção da Petrobras de fechar uma fábrica de fertilizantes no Paraná, que vai gerar cerca de 440 demissões diretas e cerca de 600 indiretas.
“Tivemos uma decisão do STF que autorizava a privatização de subsidiárias sem autorização do Congresso, mas não a empresa mãe. Então o que a Petrobras está fazendo, estão transformando em subsidiária a maioria das suas empresas para burlar o Congresso Nacional”, explicou.
Gás e gasolina caros
A presidenta nacional do PT lembrou que já foram privatizados gasodutos, a BR Distribuidora e já existe decisão até para privatizar dez refinarias, fato que vai na contramão da estratégia adotada por países desenvolvidos produtores de petróleo. “Qualquer país produtor de petróleo do mundo desenvolvido não faz isso com suas empresas. Eles têm a cadeia verticalizada, do poço ao posto, onde tudo é com o controle do Estado. Nós estamos abrindo mão da nossa maior riqueza, da extração, do refino, da venda, por isso que a gasolina e o gás de cozinha estão caros, não é por causa do ICMS dos estados, como Bolsonaro está dizendo para colocar a culpa nos governadores”, ressaltou.
A deputada Gleisi Hoffmann também cobrou da Câmara, e do Congresso Nacional, um posicionamento em defesa da maior empresa brasileira. Segundo ela, qualquer tentativa de privatizar a Petrobras, ainda que em fatias, precisa do aval do parlamento. “Por isso nosso apoio à greve dos petroleiros. Eles estão chamado a atenção para a Petrobras, e que chamem atenção desse Congresso. O que estamos fazendo aqui, passivos, vendo uma empresa ser privatizada e nós não vamos ser ouvidos, não vamos fazer o debate? A lei é clara: para criar empresa tem que ter autorização legislativa, e para vender também. Qual é a autoridade do Bolsonaro para passar por cima do Congresso Nacional?”, questionou a petista.
Para Gleisi Hoffmann, o Congresso Nacional deveria estabelecer um marco temporal, a partir da decisão do STF liberando a privatização de subsidiárias da Petrobras, para impedir que pedaços da empresa sejam transformados em subsidiárias para serem privatizadas depois. “Daqui a pouco não sobra nada do Estado brasileiro, e as empresas estatais são instrumentos de investimentos e de desenvolvimento, por isso apostamos tanto na Petrobras”, destacou.
Petrobras como indutora do desenvolvimento nacional
Ainda de acordo com a presidenta nacional do PT, o Brasil deveria administrar a Petrobras como uma empresa estratégica para o desenvolvimento do País. Segundo ela, foi isso o que ocorreu durante os governos do PT, de Lula e Dilma.
“Utilizamos a produção do petróleo para investimento, fizemos a cadeia produtiva de petróleo e gás, geramos milhares de empregos diretos e milhões de indiretos, grandes e pequenas indústrias estavam nessa cadeia. O petróleo é uma riqueza que tem que ser nossa, do Estado brasileiro. Investimos para descobrir o pré-sal, com uma tecnologia única da Petrobras. Ninguém no mundo tem essa tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas. E vamos entregar de ‘mão beijada’ por quê? Veja se Estados Unidos ou qualquer país desenvolvido faz isso?”, argumentou.
Héber Carvalho