Gleisi critica aprovação de urgência para projeto que privatiza os Correios e pressão pela volta às aulas presenciais

A presidenta nacional do PT e vice-líder da Bancada do partido na Câmara, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou nesta terça-feira (20) que hoje ficará marcado na história do Parlamento como um dia triste para a população brasileira. Gleisi criticou a maioria governista que votou favoravelmente à urgência do projeto do governo Bolsonaro que prevê a privatização dos Correios. Ela ainda criticou a pressão de parlamentares favoráveis ao governo para a votação de um projeto – também apoiado pelo Executivo – que prevê a volta às aulas presenciais no País em plena pandemia.

“Hoje, sinceramente, esta sessão vai ficar na triste memória do Parlamento brasileiro, com quase 400 mil mortes causadas pelo desatino de um Governo, que poderia, no início da pandemia, ter tomado as medidas necessárias. E nós aqui estamos votando contra os trabalhadores e as trabalhadoras, votando contra as crianças, votando contra a vida”, lamentou.

Sobre a votação da urgência para o projeto que prevê a privatização dos Correios, aprovada por 280 votos a 165, Gleisi Hoffmann observou que a decisão pode acarretar a demissão de 99 mil trabalhadores da atual empresa pública. Além disso, a presidenta nacional do PT também argumentou que não existe justificativa alguma para a privatização da empresa, já que os Correios lucraram em 2020 cerca de R$ 1,5 bilhão.

“Essa instituição beneficia o povo brasileiro porque leva cartas aonde não chega a Internet, em todos os municípios do Brasil, porque serve de banco postal, facilitando a vida dos mais pobres, porque as encomendas entregues pelos Correios são muito, muito mais baratas do que aquelas entregues pelo FedEx ou por qualquer outra empresa privada. Aliás, é cerca de 12 vezes mais barata a entrega de mercadoria”, explicou.

Volta às aulas presenciais em plena pandemia

A parlamentar também criticou a base do governo que tenta colocar em votação o projeto que torna a educação serviço essencial, com o único objetivo de obrigar o retorno às aulas presenciais para professores e estudantes. Gleisi criticou pronunciamentos de deputados governistas que defenderam a volta às aulas na rede pública ao compará-las com a rede particular, e que tentaram argumentar que a reabertura das escolas pode salvar vidas.

“Ora, salvar vidas agora passa pela vacina. Até que todos estejam vacinados, não tem como salvar vidas. Nós precisamos garantir vacina e renda, para que os pais não precisem mandar as crianças para a escola atrás da merenda escolar. Nós precisamos dar dignidade às famílias, para que elas possam sustentar seus filhos. Recuperar o currículo de 1 ou 2 anos é fácil; recuperar a vida de um filho, recuperar a vida de uma pessoa é impossível. Isso é tão essencial à atividade de educação, por que que o Governo não se preparou para garanti-la?”, indagou a petista.

A parlamentar lembrou que, no ano passado, o Congresso aprovou o Orçamento de Guerra com previsão de mais de R$ 700 bilhões de gastos. “No que foi gasto esse dinheiro? Na vacina não foi. A vacina o Bolsonaro não comprou, quando poderia, em agosto do ano passado. Então, nós precisamos saber, porque as escolas poderiam ter sido equipadas, poderíamos já ter colocado Internet, poderíamos ter melhorado as condições. E, agora, depois que o Brasil já está com quase 400 mil mortos, com o vírus espalhado, vem aqui falar em essencialidade. Ora, nós precisamos salvar vidas neste momento. Isso é o mais importante”, observou Gleisi Hoffmann.

A presidenta nacional do PT ainda registrou seu repúdio às palavras do líder do Governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), que disse durante pronunciamento em defesa da proposta que “os professores não querem trabalhar”. “Talvez ele desconheça o que seja um trabalho de professor, mesmo ele estando em isolamento social”, destacou.

Dia de mobilização e de luta contra a fome e a miséria

A deputada Gleisi Hoffmann ressaltou ainda que o Partido dos Trabalhadores realizou nesta terça um dia de mobilização e de luta nacional contra a fome e contra a miséria, pelo auxílio emergencial de R$ 600. Ela criticou o governo Bolsonaro por ter reduzido o auxílio em 2021, no pior momento da pandemia, para valores entre R$ 150 a R$ 375.

“A morte dói, a morte por Covid deixa muita gente dolorida. Agora, a fome também dói. A fome humilha aqueles que a têm. Um pai e uma mãe de família que precisam pedir comida, que precisam da ajuda dos outros para poder alimentar seus filhos é doloroso, é humilhante. Um pai e uma mãe de família que precisam comprar menos comida, porque não têm dinheiro suficiente para comprar a quantidade e a qualidade do alimento que precisam, também é doloroso e humilhante”, afirmou.

Segundo a petista, atualmente no País apenas campanhas de solidariedade – como a Ação pela Cidadania, coordenadas na década de 1990 pelo sociólogo Betinho, com apoio de entidades e inclusive do PT – podem dar um pouco de alento às famílias que passam fome.

No último fim de semana foi realizada a campanha PT Solidário que, em um único dia (Sábado) arrecadou mais de 100 toneladas de alimentos em todo o País. A campanha segue em frente e no próximo dia 1º de maio haverá nova coleta e distribuição de alimentos.

Héber Carvalho

 

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