A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu, nesta sexta-feira (8), em Brasília, que a defesa do crescimento econômico para melhorar a vida do povo brasileiro e o enfrentamento da extrema direita devem ser prioridade para o partido desde já e ao longo dos próximos anos. Ela discursou no ato político de abertura da Conferência Eleitoral PT 2024, que ocorre até sábado em Brasília.
Ao iniciar sua fala (leia a íntegra abaixo), Gleisi saudou a militância petista e o presidente Lula, também presente no evento, e celebrou os muitos feitos alcançados neste primeiro ano de governo, como a retomada de importantes programas sociais, as ações de inclusão e promoção da diversidade e a adoção de medidas que impulsionaram a economia e garantiram mais renda à classe trabalhadora, apesar da sabotagem conduzida pelo presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto.
E, então, falou da importância de se trabalhar pelo crescimento econômico. “O centro de nossa política, da que o senhor está levando a cabo no governo”, disse, dirigindo-se a Lula, “é o desenvolvimento do nosso país para melhorar a vida de nossa gente. Por isso o centro do nosso debate e de empenho de nossas forças deve ser em uma meta sim: a meta de crescimento econômico”.
E essa meta, ressaltou, se atinge com investimentos públicos orientados para o desenvolvimento do país, sem contigenciamentos desnecessários. “O país tem fundamentos macroeconômicos sólidos, principalmente pela herança de nossos governos anteriores. Não precisamos prestar contas ao mercado, precisamos prestar contas ao povo brasileiro!”
“Vamos derrotar o bolsonarismo”
A presidenta apontou ainda uma segunda prioridade: a luta contra extrema direita, para que o bolsonarismo seja definitivamente derrotado. “Precisamos enfrentar essa gente. Com a extrema direita não se brinca. Não se dá anistia”, disse, defendendo que Jair Bolsonaro cumpra pena pelos crimes que cometeu.
Esse enfrentamento, prosseguiu, se dá por meio de mobilização constante. “Nós derrotamos o Bolsonaro, mas ainda temos de derrotar o bolsonarismo! E vamos fazê-lo. Temos de novamente fortalecer nossa presença nas redes sociais e nos reorganizarmos territorialmente. Os velhos e bons comitês de luta devem voltar à cena.”
E a luta já começou, com a Conferência Eleitoral, que está servindo para preparar o PT para muitas vitórias nas eleições de 2024. “As eleições municipais do próximo ano serão fundamentais para fazermos o embate político contra a extrema direita e as forças do atraso, e para prepararmos as bases para a disputa de 2026. Por isso, eleger prefeitos e prefeitas do PT e de nosso campo político é muito importante. Assim como a Federação Brasil da Esperança apresentar chapas de candidaturas a vereadores e vereadoras na maioria dos municípios brasileiros, com muitas mulheres, negros, jovens, LGBTs. Precisamos crescer nossas representações nas câmaras municipais”, defendeu.
Homenagem a Marco Aurélio Garcia
No início da cerimônia, foi apresentado um vídeo sobre a trajetória do intelectual e um dos fundadores do PT Marco Aurélio Garcia. Falecido em 2017, Garcia é o grande homenageado da conferência.
Coube à secretária nacional de Finanças e Planejamento, Gleide Andrade, apresentar o filme e saudar à militância presente: “Nossa vitória em 2024 começa aqui e começa agora”, disse.
Em seguida, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto, disse que só um partido como o PT, com história e conhecimento para compartilhar, poderia realizar uma conferência como a realizada em Brasília. E pregou que o motivo de criação do PT nunca seja esquecido: “Defender a classe trabalhadora, defender os mais humildes, para defender aqueles que mais precisam do Estado”.
Leia a seguir a íntegra do discurso de Gleisi Hoffmann:
Companheiras e companheiros,
Querido presidente Lula,
O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras está aqui. Vivo, atuante e vibrante, para seguir na defesa dos direitos da classe trabalhadora e da imensa maioria do povo brasileiro. Disposto a continuar construindo um Brasil melhor e mais justo.
Quero agradecer a cada companheiro e companheira petista que está aqui e a nossa imensa militância espalhada pelo Brasil. Se é verdade que construímos uma frente ampla para defender a democracia e disputar as eleições, e isso foi muito importante, também é verdade que isso teria sido impossível não fosse a resistência da militância petista, dos movimentos sociais e do nosso campo político. Não fosse essa resistência e luta, em momentos dificílimos, quando estávamos sós, não teríamos as condições para a construção da frente que defendeu a democracia. Não estaríamos aqui agora.
Muito, muito obrigada, por não terem baixado a cabeça, por não terem tido medo e acreditado na causa que sempre nos moveu: a vida do povo brasileiro.
E, presidente, é emocionante tê-lo aqui hoje nessa conferência, novamente como presidente da República, depois de tudo que o senhor passou, de toda a perseguição e tentativa de desconstrução. E é um orgulho ver o que o senhor e seu governo têm feito, neste curto espaço de tempo, de onze meses, para resgatar o Brasil da destruição bolsonarista, destruição essa que começou logo após o golpe contra presidenta Dilma e veio só se aprofundando.
Este seu primeiro ano de governo está sendo marcado pelo resgate de políticas públicas a serviço do povo, pela reinserção soberana do Brasil no cenário internacional e pela defesa intransigente da democracia. Ficará na história a reação das instituições e da sociedade, sob sua liderança, Lula, à violenta tentativa de Bolsonaro e seus cúmplices contra a democracia e a soberania popular, em 8 de janeiro de 2023. Precisam responder pelo que fizeram, precisam pagar pelos seus erros. E o destino de Bolsonaro não pode ser somente a inelegibilidade: terá de ser também a cadeia!
Temos de reconhecer aqui, particularmente, o papel do Supremo Tribunal Federal, que em nenhum momento titubeou nas investigações e punições aos golpistas; decisões didáticas, que servem para corrigir comportamentos futuros.
Mas, presidente, este ano também foi marcado pela reconstrução de instâncias democráticas de governo e participação social, com a criação do Ministério dos Povos Indígenas e a recriação dos ministérios da Mulher, dos Direitos Humanos, da Igualdade Racial, da Cultura, do Desenvolvimento Agrário, além da restauração das Conferências Nacionais e Conselhos representativos.
Medidas muito importantes para o povo e o país foram adotadas, a começar pela garantia e ampliação do Bolsa Família, que estendeu benefícios a crianças e adolescentes; a política de aumento real do salário-mínimo, que beneficia milhões de aposentados, e que agora em janeiro terá mais 100 reais de aumento; a ampliação da faixa de isenção do IR para quem ganha até dois salários mínimos; o programa Desenrola, pra renegociar a dívida das famílias, entre outras iniciativas que aumentaram a renda da imensa maioria da população. Isso tudo já teve impacto imediato na economia de nosso país.
Imensamente relevantes também foram as ações em defesa do meio-ambiente, dos direitos dos negros e negras, das mulheres, dos povos indígenas, além da recriação e fortalecimento de ações como a Farmácia Popular e o Mais Médicos; o FIES, o Enem e o Fundo de Bolsas para a frequência no ensino médio; o Programa de Aquisição de Alimentos; a nova Lei de Cotas. São medidas transformadoras que o PT defende desde sua criação.
O PAC também voltou e com ele os investimentos que tanto nosso país precisa para crescer e garantir desenvolvimento para o seu povo, a começar pelo Minha Casa Minha Vida, que vai realizar novamente o sonho de muitas famílias.
Nossa economia também reagiu, apesar das apostas contrárias, principalmente do mercado, com crescimento do emprego, da massa salarial, da renda da população e do PIB. Fruto de um bom crescimento na agricultura, mas sobretudo da PEC da Transição, articulada pelo presidente Lula, e que garantiu ao nosso governo retomar inúmeros programas, redefinindo o papel do Estado.
Além disso, O Brasil tornou-se o segundo maior destino de investimentos externos e só não cresceu mais por conta da maior taxa de juros reais do planeta. Juros escorchantes, impostos por uma direção do Banco Central indicada por Bolsonaro, cujo presidente permanece sabotando o país, apesar de suas posições neoliberais terem sido derrotadas nas urnas.
Querido presidente Lula,
Vencemos as mais difíceis eleições de nossa história com o compromisso de fazer o Brasil voltar a crescer, gerar empregos e oportunidades para nossa gente. Ninguém pode duvidar da sua capacidade de dirigir esse país. A oportunidade que nos deu o povo brasileiro não nos permite errar.
O centro de nossa política, da que o senhor está levando a cabo no governo, é o desenvolvimento do nosso país para melhorar a vida de nossa gente. Por isso o centro do nosso debate e de empenho de nossas forças deve ser em uma meta sim: a meta de crescimento econômico. Nos seus governos anteriores, a média crescimento anual foi de 4,1%. Penso que não podemos deixar por menos neste governo.
O país tem fundamentos macroeconômicos sólidos, principalmente pela herança de nossos governos anteriores. Não precisamos prestar contas ao mercado, precisamos prestar contas ao povo brasileiro!
Esta sinalização que seu governo indica com o Novo PAC, a retomada de milhares de obras paradas pelos irresponsáveis governos anteriores; com o fortalecimento do BNDES e dos financiamentos de bancos públicos ao investimento produtivo; com o resgate do papel da Petrobrás para o desenvolvimento do país e com o conjunto de programas sociais, não pode sofrer qualquer contingenciamento! Precisam ser acelerados e ampliados para o bem do Brasil!
De outro lado, temos o embate político com a extrema-direita, que a cada dia se mostra mais ousada, movimentando-se pelo país e atacando o governo e o PT com suas fake news. Precisamos enfrentar essa gente. Com a extrema-direita não se brinca. Não se dá anistia. Governo, partidos e movimentos tem de estar na luta política. Não basta só mostrar os bons programas que estamos implementando. É preciso mostrar a destruição que Bolsonaro e sua turma fizeram do Estado brasileiro. A cada reconstrução que fazemos é preciso mostrar a destruição que eles fizeram. Nosso campo político não pode baixar a guarda. Se isso acontecer, nas condições que estamos hoje de ofensiva da extrema-direita, apesar de tudo o que aconteceu, eles poderão voltar.
Por isso, em luta, companheiros e companheiras, nós derrotamos o Bolsonaro, mas ainda temos de derrotar o bolsonarismo! E vamos fazê-lo. Temos de novamente fortalecer nossa presença nas redes sociais e nos reorganizarmos territorialmente. Os velhos e bons comitês de luta devem voltar à cena, na defesa de nosso governo e no embate com o bolsonarismo.
O fato de não termos uma grande bancada no Congresso Nacional nos fez governar com parte daqueles que estavam do outro lado. As forças conservadoras, fortalecidas pelo orçamento impositivo cada vez mais ampliado e por liberações de emendas que substituíram o antigo orçamento secreto, exercem influência forte no Legislativo e até no Executivo. Respeitamos a legitimidade de um Congresso eleito pelo povo, mas isso não nos retira a necessidade de alguns enfrentamentos importantes e nos mostra também a importância da organização política para mudarmos essa correlação de forças, e para isso a campanha de 2024 será um momento especial!
O PT está retomando sua organização em modo campanha! A partir dessa conferência, nossos instrumentos de informação, resistência e embate estarão renovados, como a nova casa 13 e a plataforma de combate às fake news, incrementando também nossas redes sociais e a comunicação com o conjunto da militância partidária.
As eleições municipais serão fundamentais para também fazermos o embate político contra a extrema-direita e as forças do atraso, e para prepararmos as bases para a disputa de 2026. Por isso eleger, prefeitos e prefeitas do PT e de nosso campo político, é muito importante. Assim como a Federação Brasil da Esperança apresentar chapas de candidaturas a vereadores e vereadoras na maioria dos municípios brasileiros, com muitas mulheres, negros, jovens, LGBTs. Precisamos crescer nossas representações nas câmaras municipais.
Hoje, nesta Conferência Eleitoral, estamos reunindo mais de 5 mil militantes, dirigentes, candidatos e candidatas, para deslanchar essa luta.
E quero terminar dizendo que este é o momento de lembrar quantas vezes decretaram o fim do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Quantas vezes tentaram riscar nosso nome da história. Quantas vezes disseram que Lula e o PT eram páginas viradas.
E nós estamos aqui, de pé, vivos e vibrantes, prontos para mais uma jornada em defesa do povo brasileiro. Esse é o combustível que nos move!
Sucesso aos candidatos e candidatas do PT!
E viva esse partido que leva no nome sua principal causa: Trabalhadores e Trabalhadoras!
Viva o Brasil, viva o povo brasileiro, viva o presidente Lula!
Da Redação