General Heleno é desmentido sobre participação de Cid em reuniões de Bolsonaro com comandantes do Exército

General mentiu: Em 2019, Mauro Cid (no círculo amarelo), Heleno e Bolsonaro em reunião com as Forças Armadas. Foto: Reprodução Palácio do Planalto

O deputado Rogério Correia (PT-MG) desmentiu, nesta terça-feira (26), o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro, que afirmou que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid não participava das reuniões entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas. Mas o militar foi desmascarado por uma foto apresentada pelo deputado mineiro, na CPMI do Golpe.

De acordo com o ex-ministro bolsonarista, Mauro Cid não participava de reuniões. “Eu quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões, ele era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar numa reunião dos comandantes das Forças [Armadas] e participar da reunião. Isso é fantasia. Isso é fantasia”, mentiu Augusto Heleno.

A relatora da CPMI, deputada Eliziane Gama (PSD-MA), insistiu na pergunta. “O senhor disse que ele não participa no sentido de deliberações, de tomada de medidas, ou sequer participava presencialmente das reuniões? Ou seja, ele não estava no espaço físico da reunião?”. Augusto Heleno retrucou: “Não. Normalmente, o ajudante de ordens cumpre ordens do presidente. Por isso se chama ajudante de ordens, ele cumpre ordens do presidente da República”.

General mentiu

O deputado Rogério Correia, durante a sua fala, apresentou uma imagem que desmente o militar de extrema direita. Na foto – que consta no perfil oficial do Palácio do Planalto – além de Bolsonaro e os chefes de Marinha, Exército e Aeronáutica, aparecem na imagem o general Heleno exatamente ao lado do então presidente, e, logo atrás dele, Mauro Cid.

Para o parlamentar, Heleno mentiu na Comissão. “O senhor mentiu pra gente (…) Ele [Mauro Cid] está sentado com o senhor na reunião das Forças Armadas. E o senhor também, que disse que não se sentava em reunião das Forças Armadas, também está sentado. Ou seja, o sr. Mauro Cid participava, sim, das reuniões e escutava. Se ele não falava e não dava opinião, ele escutava”.
Rogério Correia ainda apontou que a delação de Cid é importante. “E ele é, por isso, um testemunho importante. Vocês não vão conseguir fazer, como o senhor tentou aqui, desdizer, que Mauro Cid não tem importância na delação premiada que faz porque ele não sabia de nada. Está ali a prova. Mauro Cid sabia, sim, e a tudo escutava”.

Contradição

Augusto Heleno entrou em diversas contradições durante a inquirição do deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA). Para Heleno, os acampamentos em frente ao Quartel General em Brasília eram pacíficos, e ao mesmo tempo ele disse não saber que os atos dos dias 12 e 24 de dezembro aconteceriam.

“Aquele movimento na frente dos quarteis era pacífico, na sua avaliação?”, questionou Rubens Pereira Júnior. Augusto Heleno afirmou que até onde ele tinha conhecimento “era”.
“Então, as suas informações foram insuficientes, porque aqui, nesta CPI, depoente veio aqui dizer que lá se ensinava a fabricar bomba para colocar no aeroporto de Brasília”, lembrou o parlamentar do Maranhão.

Poder moderador

O deputado maranhense perguntou ao general se ele se considerava um “poder moderador”. O militar respondeu que sim. “Sim? Não tem na Constituição de 88 esse poder moderador. Isso é fora da realidade. Isso é um terraplanismo constitucional”. Logo depois o ex-ministro bolsonarista reconsiderou a afirmação estapafúrdia.

Incentivador do golpe

Para Rubens Pereira Jr. as falas do general Heleno foram uma das que mais incentivaram a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro. “O senhor pediu desculpa por ter falado aqui de Lexotan, disse que foi uma brincadeira, um momento infeliz. Mas não foi uma brincadeira e nem um momento infeliz, porque foram atos como esse que nos trouxeram até aqui. Foram atos como esse que incentivaram a tentativa de golpe. O senhor diz, no dia 18 de dezembro, que o presidente Lula não vai subir a rampa. Isso é combustível para um golpista colocar uma bomba lá no Aeroporto de Brasília. Ou vai dizer que não é? Agora, diz: ‘Não, eu reconheço que foi uma brincadeira, um momento infeliz’. Foi infeliz esse momento todo que desencadeou esses atos”, criticou o parlamentar petista.

Lorena Vale

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