General dá pistas sobre grupo que dissemina fake news no Palácio do Planalto, afirmam petistas 

Apesar da recusa em identificar membros do governo Bolsonaro que participam da indústria das fake news, em operação desde as eleições de 2018 – e que continua funcionando a ‘pleno vapor’ -, os deputados petistas Rui Falcão (SP) e Natália Bonavides (RN) afirmaram que o depoimento do general Carlos Alberto Santos Cruz, na CPMI que investiga o fato, realizado nesta terça-feira (26), reforçou as suspeitas de que o núcleo dirigente da organização criminosa que dissemina essa prática está instalada dentro do Palácio do Planalto.

O general, que comandava a Secretaria de Governo da Presidência da República, foi demitido em junho deste ano após entrar em choque com a “ala ideológica” do governo Bolsonaro. As críticas, à época, partiram do ‘guru’ do núcleo ideológico do governo, comandado pelo autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, e do filho do presidente, Carlos Bolsonaro.

Perguntado sobre o trabalho dos assessores pessoais da presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz – que segundo a ex-líder do Governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), formam o “gabinete do ódio” – o general respondeu que não sabe exatamente o que esses assessores fazem, mas que “se reportam diretamente ao presidente Bolsonaro e devem cuidar de sua comunicação pessoal”.

“Quando dissemos a ele (general Santos Cruz) que existia uma organização criminosa instalada dentro do Palácio do Planalto, no gabinete do presidente, com comando centralizado e apoio financeiro, Santos Cruz não negou a existência”, observou Rui Falcão. O petista também lembrou que o próprio general declarou ter desconfianças sobre quem, por exemplo, comandou o processo de “fritura” que culminou com a demissão dele do governo, mas que não poderia dizer porque não tinha provas.

“Porém, o general disse que essa pessoa, ou grupo, pode ser claramente identificado com trabalho técnico de rastreamento. Esse foi o principal saldo de uma reunião em que ele se esquivou de nominar os responsáveis e não quis falar o que sabe, talvez temendo ser tratado como delator, ou alcaguete”, explicou Falcão.

Para a deputada Natália Bonavides, um dos momentos mais interessantes do depoimento foi quando o general apresentou aos parlamentares da CPMI um organograma completo sobre o “modus operandi” da indústria de fake news, do qual ele foi vítima.

“Quando eu o interroguei sobre a existência dessa organização criminosa – porque assim é caracterizada pela CPMI – com participação de membros do Palácio do Planalto e parlamentares, ele reconheceu, sim, a possibilidade de existir. Ele até apresentou uma análise do modus operandi dessa ‘milícia digital’ e apresentou slides sobre como funcionava. Infelizmente quando perguntamos sobre os nomes, ele se esquivou, mas estamos abertos para ele enviar depois essas informações”, relatou a petista.

Depois dessa “importante oitiva”, segundo Natália Bonavides, a CPMI agora deve se debruçar sobre os documentos que já chegaram ao colegiado que detalham o funcionamento da indústria das fake news no País.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), líder da Minoria no Congresso Nacional, também participou da reunião da CPMI das Fake News.

 

Assista a íntegra da CMPI:

 

Héber Carvalho

 

 

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