Fórum em Defesa da Amazônia exige impeachment de ministro do Meio Ambiente, afirma Airton Faleiro

Diante das graves de declarações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro e outros ministros no dia 22 de abril, o Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia (FNPDA)  vai se reunir nesta segunda-feira (25) para tomar várias ações contra governo, Uma delas é reforçar o pedido de julgamento de impeachment do ministro. O assunto está na pauta do Supremo Tribunal Federal desde dezembro passado e agora ganha força com as declarações criminosas de Salles.

A informação foi dada hohe (24) pelo coordenador do Fórum, deputado Airton Faleiro (PT-PA), que divulgou manifesto em nome do movimento integrado por parlamentares, organizações sociais, entidades representantes dos povos indígenas, extrativistas e quilombolas, numa aliança pela vida e em defesa da Amazônia. No manifesto, Salles é chamado de “capataz do desmatamento”.

Ministros criminosos

Segundo o deputado, na reunião do Fórum será decidida também a formalização de denúncia crime contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub, por sua fala criminosa e racista contra os povos indígenas. O movimento exige também a retirada de pauta do Projeto de Lei 2633 (PL da Grilagem) e outras medidas graves para o meio ambiente enquanto durar a pandemia de coronavírus.

O vídeo do encontro ministerial, tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello nesta sexta-feira (22/05), é peça-chave no inquérito que apura suposta tentativa de interferência na Polícia Federal (PF) por parte de Bolsonaro, mas acabou revelando uma série de declarações polêmicas do presidente e de ministros sobre outros temas.

Na reunião, Salles sugeriu que o governo aproveitasse que a atenção da imprensa está voltada para a epidemia de coronavírus para avançar algumas mudanças nas leis ambientais, que em circunstâncias normais poderiam ser recebidas com fortes críticas pela mídia e pela opinião pública.

“Nós temos a possibilidade neste momento, que a atenção da imprensa está voltada quase que exclusivamente para covid-19… A oportunidade que nós temos, que a imprensa está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro cobrou”, disse o ministro. Na reunião, ele confessou que alterou normas sobre proteção da Mata Atlântica para atender a pedido do Ministério da Agricultura, justamente a Pasta que mais ataca a legislação ambiental em nome do lucro do agronegócio, desprezando normas elementares de preservação da natureza.

Leia a íntegra do manifesto do FNPDA:

 

“CAPATAZ DO DESMATAMENTO

 

Considerando os novos fatos na vida política do país, a Coordenação do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia – FNPDA vem a público se manifestar e chamar reunião de emergência com o conjunto de seus integrantes para, de forma coletiva, deliberar sobre possíveis medidas de responsabilização de integrantes do Governo Federal.

 

Em relação ao vídeo divulgado nesta sexta-feira da reunião ministerial de 22 de abril, o FNPDA faz as seguintes avaliações iniciais: Inicialmente vemos os sinais claros de vontade de interferência do Presidente da República nos órgãos da Segurança Pública que investigam familiares e amigos. Posteriormente, estes sinais tornaram-se ações de interferências com as exonerações na Polícia Federal, isto é fato.

 

Contudo, outros pontos que devem ser igualmente atentados. Dois deles devem ser veementemente repudiados por nós que defendemos a Amazônia com a floresta em pé e com seus ecossistemas preservados, mediante um modelo de desenvolvimento que acolha e promova o bem estar do seu povo, respeitando a pluralidade de projetos e visões de futuro dos diferentes atores presentes em seu território.

 

Primeiro, a intervenção do Ministro Salles revelou a essência da política ambiental do governo Bolsonaro, qual seja, a de abrir caminho para o saque predatório da natureza, um bem comum atribuído ao povo brasileiro pela Constituição Federal, de forma sub-reptícia, aproveitando o instante em que todas nossas atenções estão voltadas para o combate à pandemia do Coronavírus. Um ato desleal, criminoso, um oportunismo sórdido.

 

É imperativo que nós indígenas, extrativistas, pescadores, seringueiros, parlamentares, artistas, ambientalistas, indigenistas e entidades que compomos o Fórum manifestarmos nosso REPÚDIO a esta fala e a intenção criminosa de abrir a porteira ambiental para “ir passando a boiada”, aproveitando a pandemia para “passar reformas infralegais de regulamentação e simplificação”, sem precisar do Congresso Nacional para fazer o desmonte.

Segundo, é dever do Fórum REPUDIAR VEEMENTEMENTE a fala do Ministro da Educação Abraham Weintraub, onde declarou odiar povos indígenas e ciganos, ainda completando com a mais descabida afirmação de que estes povos são privilegiados. O pronunciamento de Weintraub sobre os Povos Indígenas e minorias, só mostra uma coisa: a sua visão fascista e criminosa.

 

Já vimos extermínio de muitos povos na história por ideias tipo essa. Nenhum povo sofreu tanto neste país como nossas populações originária. E, no contexto atual, o Governo é omisso quanto suas responsabilidades estabelecidas no art. 231 da Constituição Federal: “são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.

 

Diante disso, a fim de tratarmos, aprofundarmos e deliberarmos quanto as repercussões do vídeo da Reunião Ministerial do dia 22 de abril de 2020 fazemos um chamamento a todos e todas para Reunião do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia para esta segunda-feira, no período vespertino, com horário a ser definido.

 

Dentre os pontos a serem discutidos, devemos exigir que o julgamento do impeachment do Salles que está aguardando pauta desde dezembro passado seja imediatamente julgado pelo plenário do STF imediatamente após divulgação do conteúdo do vídeo, bem como exigir a retirada de pauta do Projeto de Lei 2633 (PL da Grilagem) e outras medidas graves para o meio ambiente enquanto durar a pandemia. Da mesma forma, devemos decidir pela formalização de denúncia crime contra o ministro Abraham Weintraub, por sua fala criminosa, uma clara declaração de racismo, e pe

 

Brasília, 23 de maio de 2020

 

Coordenação do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia – FNPDA”

 

 

Redação PT na Câmara

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