O deputado Henrique Fontana (PT-RS) utilizou a tribuna da Câmara nesta quarta-feira (4) para mais uma vez denunciar a crise intensa de ataque à democracia, por uma decisão “oportunista e covarde” de uma oposição que perdeu quatro eleições consecutivas. “São as velhas elites querendo voltar ao poder sem votos populares. Querem eleger um presidente da República por meio de um acordão parlamentar, por meio de um golpe”, criticou.
Fontana destacou que o Brasil vive um período muito sombrio, com golpistas tramando o eventual futuro temporário e ilegítimo governo Temer. “Essa oposição, percebendo que não consegue ganhar eleições e que nem teria candidatos viáveis para disputar a Presidência da República, aceita, a partir da liderança de um dos políticos mais corruptos que o Brasil já conheceu, Eduardo Cunha, abrir um processo ilegítimo, por retaliação e vingança, contra a presidenta legitimamente eleita”, lamentou.
E, mais grave, continuou o deputado do PT gaúcho, é o silêncio dos golpistas de partidos como PSDB e Democratas sobre a permanência de Eduardo Cunha na presidência da Câmara “Impressiona-me, por exemplo, a postura do PSDB, que já está negociando seus ministérios com Eduardo Cunha, com Michel Temer, e que aqui neste plenário não pede mais a saída de Cunha, porque o acordo feito é de proteger Eduardo Cunha, é de mantê-lo na Presidência da Casa”, provocou.
O governo Temer-Cunha, na avaliação do deputado Fontana, será um governo marcado por acordos de proteção de corrupção. “Acredito que nenhum brasileiro, mesmo aquele mais empolgado com a defesa do impeachment, não tem coragem de defender a posição de que um governo Temer-Cunha será eficaz para combater a corrupção no País”.
“Se estes parlamentares estivessem mesmo preocupados em combater a corrupção não aceitariam a liderança de Cunha, nem aceitariam derrubar uma presidenta que não cometeu nenhum crime”, acrescentou Fontana.
E para aqueles que defenderam o impeachment pensando que o Brasil ganharia uma nova eleição para escolher um novo governo, Fontana foi enfático: “Os golpistas não farão nova eleição. Os golpistas vão instalar o governo do golpe, ilegítimo, regressivo em relação aos interesses do País, um governo para proteger corruptos como Eduardo Cunha e um governo que agravará a crise política no País e, consequentemente, a crise econômica também”, alertou.
“Golpe democrático” – O parlamentar gaúcho também rebateu a “tese” do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) de que o impeachment é “golpe democrático” porque a culpa do golpe é o isolamento do PT e da presidenta Dilma. “Eu tenho uma leitura mais simples e direta: o golpe ocorre quando aqueles que não têm votos populares para eleger um presidente da República buscam um atalho, constroem uma tese em torno da qual não há sustentação, acusando a presidenta de um crime que não cometeu, e com isso derrubam um governo legítimo”, concluiu.
Vânia Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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