A deputada Margarida Salomão (PT-MG), ex-reitora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), afirmou nesta segunda-feira (25) que foi “um gesto de irresponsabilidade” do governo interino de Michel Temer suspender o programa Ciência Sem Fronteiras, que concedia bolsas acadêmicas para estudantes brasileiros de graduação. “Esse é um programa bem-sucedido e de grande impacto na formação universitária, não há justificativa para a sua extinção, a não ser um capricho desse governo golpista”, lamenta a deputada.
A suspensão, anunciada no último sábado (23), acaba com o intercâmbio de universitários brasileiros, de cursos de áreas técnicas, em instituições de ensino de 54 países.
Há cerca de um mês, estudantes brasileiros que foram para o exterior com bolsas do Ciências Sem Fronteiras já relatavam dificuldades em renovar o benefício desde que o ilegítimo Michel Temer chegou à Presidência da República via golpe parlamentar.
E, agora, o ministro golpista da Educação, Mendonça Filho (DEM), anuncia a suspensão do programa, que foi lançado pela presidenta eleita, Dilma Rousseff, como um dos avanços brasileiros no campo da Educação.
A suspensão do programa para troca de experiências, estímulo à inovação e fortalecimento da ciência, na avaliação da deputada Margarida, vai interromper uma política de Estado com potencial para colocar o Brasil na rota do desenvolvimento pela via do conhecimento. “Isso é deplorável e nós vamos debater e combater essa decisão em vários fóruns, inclusive no Congresso Nacional”, enfatizou.
Reformulação – A deputada Margarida Salomão rebateu também o argumento do ministro Mendonça Filho de que a ideia é reformular o programa e conceder bolsas no exterior para alunos de baixa renda do ensino médio que estudem em instituições públicas. “Eu, com a minha experiência em reitoria, não consigo ver qualquer vantagem ou benefício na troca da bolsa do aluno universitário, que está em fase de formação acadêmica científica e que vai ao exterior em busca de experiência no seu campo profissional, pela bolsa para o aluno do ensino médio que irá ao exterior apenas para aprender um idioma”.
O Ciência Sem Fronteiras foi criado em 2011 pela presidente Dilma Rousseff. Com a priorização das áreas de ciências, tecnologias, engenharia e matemática, a primeira fase do Ciência Sem Fronteiras enviou 73,3 mil universitários brasileiros para o exterior. Eles participaram de 2.912 universidades de 54 países, sendo 182 das 200 melhores universidades do mundo.
Dos bolsistas no exterior, que fazem parte do Ciência Sem Fronteiras, 40% fizeram estágios em laboratórios universitários, governamentais e industrias.
O programa também impulsionou a formação de mestres e doutores no Brasil. Dos quase 13 mil participantes do Ciência Sem Fronteiras que já concluíram os cursos de graduação no Brasil após retornarem do exterior, mais de 20% ingressaram em cursos de mestrado e doutorado no país. Esse percentual representa um número muito maior em relação aos menos de 5% dos graduados ingressantes em pós-graduação.
Do total que participou do Ciência Sem Fronteiras, 26,4% são negros; 25% são jovens de famílias com renda até três salários mínimos; e mais da metade são de famílias com renda de até seis salários mínimos.
PT na Câmara, com agências