Após dois empréstimos no Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1998 e 2001, em agosto de 2002 o governo FHC recorreu novamente ao Fundo, em um acordo de US$ 30 bilhões. Foi a última vez em que o Brasil pediu socorro ao FMI. No ano seguinte, em abril, o recém eleito Lula quitou a dívida, encerrando um ciclo histórico.
Em janeiro desse ano o Fundo informou que o Brasil subiu quatro posições e passou a ser o 10º maior cotista do órgão. A medida já havia sido aprovada pelo Fundo há cinco anos, mas aguardava a aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos, o membro mais forte do FMI, e que tem poder de veto. A mudança enfrentava resistência por parte dos Republicanos estadounidenses.
A cota de um país está diretamente ligada ao poder de voto nas decisões do fundo. Assim, o Brasil passa a ter um poder de decisão maior, assim como Rússia, Índia e China, que também integram o grupo dos dez países com maior poder de participação. O poder de voto do Brasil foi de 1,71% para 2,2%.
Desta forma, não apenas o Brasil não deve mais nada ao FMI há mais de uma década como ainda poderá influenciar o fundo em direção a uma política menos predatória e de auxílio real de países mais pobres, por exemplo.
A medida representa ainda o reconhecimento pelo fundo, tradicionalmente dominado pelas potências europeias e Estados Unidos, da importância cada vez maior do Brasil no cenário internacional.
A diretora-executiva do FMI Christine Lagarde afirmou que essas reformas vão garantir que o fundo represente melhor as necessidades de seus membros em um cenário de mudança.
“A potência hegemônica aceitou ceder um pouco”, afirma a professora Daniela Prates, do Instituto de Economia da Unicamp. Segundo Prates, os emergentes, e os Brics, estão fortalecendo instituições bilaterais alternativas, como o banco dos Brics, feito para financiar infraestrutura nos países emergentes. Para manter a importância das instituições tradicionais, analisa a pesquisadora, os países desenvolvidos abriram espaço para os novos atores.
A professora explica que, ainda que em pontos percentuais o aumento para o Brasil seja pequeno, a mudança tem grande valor simbólico.
Da Agência PT de Notícias