Apesar da crise que se alastrou no cenário internacional, no Brasil, o setor de ferrovias vem lidando com um aumento do volume de cargas transportadas, que resiste às dificuldades porque passa a atividade econômica. Além disso, as concessionárias de ferrovias devem fazer um investimento recorde de R$ 7 bilhões neste ano. Obras como a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, a construção da Transnordestina e a implantação de terminais intermodais voltados ao agronegócio receberão esse aporte financeiro.
As projeções foram feitas pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e não englobam valores que ainda podem ser destravados com a renovação antecipada das concessões objeto de negociações com o governo.
Em junho, ao apresentar a segunda etapa do programa de concessões em infraestrutura, o governo fez uma estimativa de investimentos adicionais de R$ 16 bilhões em troca da extensão de contratos que expiram na próxima década.
O presidente da Frente Parlamentar Mista das Ferrovias, deputado Pedro Uczai (PT-SC) analisa que esse desempenho mostra que o setor acredita no Brasil e que não foi contaminado pelas questões politicas. “Esse aumento no volume de cargas revela, além da competitividade dos produtos brasileiros, que o setor fez a leitura correta do momento conjuntural que o país vive. Por isso, apresenta esse resultado positivo”, afirmou.
Para Uczai, o governo da presidenta Dilma deu mais um passo fundamental para retomar o crescimento econômico ao investir em ferrovias. “Essa área é um indutor do desenvolvimento econômico. É um meio de transporte barato, seguro e ambientalmente sustentável. É um setor estratégico e o governo, ao retomar as concessões, contribui para a expansão dessa área estratégica e o efeito começa a surgir”, reiterou Pedro Uczai.
O diretor institucional da ANTF, Fernando Paes teceu elogios ao novo modelo de expansão da malha ferroviária anunciado pela presidente Dilma Rousseff e avalia que os projetos têm um “grau de amadurecimento maior”.
Crescimento – Neste ano, a movimentação de cargas transportadas deve aumentar 2,4% e superar o volume pré-crise, alcançado no fim da década passada. O indicador de produção do transporte ferroviário também vai crescer em ritmo semelhante e atingir 315 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), segundo previsão das concessionárias. “O setor tem conquistado ganhos de produtividade e eficiência”, afirma Paes.
Para a ANTF, uma das razões que explicam o crescimento da carga é o preço do frete ferroviário, em torno de 15% a 20% abaixo do rodoviário em muitos trechos. Em períodos de economia aquecida, a tendência dos empresários é privilegiar o menor tempo de entrega das mercadorias e optar pelos caminhões. Na crise, quando há mais flexibilidade para cumprir prazos, os trilhos tornam-se atrativos para quem normalmente não usa esse modal.
Outro ponto destacado pela associação é a queda no índice de acidentes desde que a malha foi privatizada, em 1997. De 75,5 acidentes por milhão de quilômetros percorridos pelos trens, o número já havia sido reduzido para 14,22 em 2011. Ainda ficava, porém, acima da referência mundial entre 8 e 13. Desde 2012, o indicador entrou no padrão internacional e continuou em trajetória descendente. No ano passado, chegou a 11,55.
Benildes Rodrigues com informações do Valor
Foto: Edson Leite/Ministério dos Transportes