Às vesperas do anúncio de Fernando Haddad sobre reformas econômicas, rentistas intensificaram a sabotagem e promoveram a alta do dólar. “É impressionante a especulação contra o Brasil”, critica Gleisi Hoffmann
“Mercado passou semanas exigindo cortes e quando o governo apresenta medidas de esforço fiscal e contenção de despesas, para economizar $70 bi em dois anos, propõe uma reforma da renda socialmente justa e fiscalmente neutra; o que acontece? Mandam o dólar pra lua! É impressionante a especulação contra o Brasil.”, afirmou nas redes sociais nesta quarta-feira (27) a presidenta nacional do PT e deputada federal (PT-PR), Gleisi Hoffmann.
Mercado passou semanas exigindo cortes e quando o governo apresenta medidas de esforço fiscal e contenção de despesas, para economizar $70 bi em dois anos, propõe uma reforma da renda socialmente justa e fiscalmente neutra; o que acontece? Mandam o dólar pra lua! É impressionante…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 28, 2024
A declaração de Gleisi acontece no momento em que a Faria Lima mostra, mais uma vez, sua face mais perversa. Bastaram rumores de que o governo apresentaria uma proposta de reforma do imposto de renda, isentando de forma justa aqueles que ganham até R$ 5 mil, para que especuladores do mercado financeiro provocassem uma alta histórica do dólar. A moeda americana atingiu R$ 5,91 (ao longo do dia, bateu em R$ 5,99), registrando um aumento de 18,1% e consolidando seu maior valor nominal na história, tudo antes mesmo de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmar a notícia oficialmente.
Essa alta não se limitou a abalar os telões das bolsas de valores. Ela revela uma economia sob intensa chantagem do mercado, assim como o desprezo da elite financeira pelo bem-estar da população. Enquanto Haddad buscava ajustar uma proposta para reduzir desigualdades e promover justiça tributária, os rentistas atacaram, priorizando seus privilégios às custas da maioria.
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Impacto no cotidiano
Mais do que um jogo dos poderosos, a instabilidade cambial compromete diretamente a economia e afeta o dia a dia dos brasileiros. Com o dólar em patamares elevados, a inflação tende a pressionar os preços de produtos básicos, os juros sobem e o crédito se torna mais caro.
Mesmo setores tradicionalmente beneficiados pela desvalorização do real, como o agronegócio, enfrentam custos crescentes devido à dependência de insumos importados. Essa lógica do lucro imediato, característica dos especuladores, compromete o desenvolvimento sustentável e sabota a estabilidade econômica.
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Toda essa movimentação aconteceu sem que o Banco Central, ainda comandado pelo bolsonarista Campos Neto, intervisse. Em outra publicação na rede X, Gleisi Hoffmann atacou a inação da autarquia: “BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a R$ 6 (…) Era obrigação da ‘autoridade monetária’ intervir no mercado contra a especulação desde seu previsível início, com leilões de swap, exigência de depósitos à vista e outros instrumentos que existem para isso. É um crime contra o país.”
BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a R$ 6. A Fazenda já esclareceu que a isenção de IR até R$ 5 mil será vinculada à nova alíquota para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, sem prejuízo para a arrecadação. Era…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 28, 2024
A importância da regulação
O episódio reacende um debate importante: qual o papel do mercado financeiro em uma sociedade? Quando rentistas se aproveitam de incertezas para lucrar, quem paga a conta é o cidadão. A volatilidade do câmbio, impulsionada por manobras como a de quarta-feira, demonstra a necessidade de uma discussão sobre uma regulamentação mais firme.
Medidas como a imposição de limites cambiais, maior transparência nas operações e o fortalecimento de órgãos reguladores podem ajudar a conter o impacto da ganância especulativa. É preciso lutar contra esse modelo econômico que permite a uma pequena elite concentrar tanto poder e riqueza, deixando a maioria à mercê das oscilações de seus humores, em um sistema em que poucos lucram enquanto muitos perdem. No fim das contas, quem mais perde é o país.
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PT Nacional