Falta de dados étnico-raciais em estudo do IBGE dificulta combate ao racismo

Foto: Site do PT Nacional

O enfrentamento ao racismo estrutural e o fomento de reflexões para combater a discriminação em um país que comete inúmeros atos de violações de direitos humanos são grandes desafios, e as estatísticas sociais realizadas deveriam contribuir com a luta pela igualdade racial. Entretanto, uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre saúde mental dos estudantes, realizada em 2021, não relata dados étnico-raciais, o que compromete a criação de políticas públicas no Brasil.

Dados do levantamento, produzido pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2021, apontam que 21,4% dos estudantes, entre 13 a 17 anos, afirmaram sentir que a vida não valia a pena ser vivida na maioria das vezes ou sempre. Porém, o estudo não revela o impacto do racismo na saúde mental dos jovens.

O secretário Nacional de Combate ao Racismo do Partido dos Trabalhadores (PT), Martvs Chagas, ressalta que o debate sobre as práticas de pesquisa no Brasil tem sido uma preocupação frequente daqueles que lutam pela igualdade racial no país.

“Não é de hoje que sabemos das distorções causadas por esse sistema, que do ponto de vista estrutural vez por outra traz um viés racista, percebido desde sua abordagem junto à população até a forma como se sintetizam os dados finais. Percebemos isso em quase todas as esferas da sociedade, principalmente no que tange à esfera pública de serviços, o que torna ainda mais difícil a tarefa de melhorar a qualidade de vida da população negra”, destaca.

Recorte racial

Praticamente não há informações com recorte racial disponíveis na PeNSE. Conforme o último levantamento, 43,3% de escolares se declararam pardos e 13,7%, pretos. Além disso, o quesito raça/cor aparece ao mostrar as perspectivas de educação após término do ensino fundamental e médio – em que 11,6% dos que se declararam brancos e 7,8% dos que se declararam pretos responderam apenas continuar estudando, o que se inverte quando brancos (7,8%) e pretos (11,1%) respondem apenas trabalhar.

O coordenador da Área Temática de Saúde da População Negra da Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores Negras e Negros (ABPN), Altair Lira, enxerga que a falta de dados gera subnotificação e uma dificuldade para a criação de políticas públicas de enfrentamento ao racismo estrutural.

O secretário Nacional da Juventude do PT, Ronald Sorriso, também reforça sobre a falta de debate social em relação às desigualdades raciais enfrentadas no Brasil desde a infância, e que inclusive, afetam na declaração do próprio negro ou negra em assumir a sua raça.

A criança brasileira é formada em um ambiente que renega socialmente e culturalmente a herança negra. Desta forma, a identidade enquanto pessoa negra é dificultada e gera inconsistências na elaboração de medidas de cuidado mais eficientes, também nesta questão.”

Evasão de negros e negras

Ronaldo Barros, integrante do NAPP de Igualdade Racial da Fundação Perseu Abramo (FPA), alerta sobre a evasão escolar e a relevância do recorte racial em pesquisas sobre educacionais, pois são fundamentais para o desenvolvimento de política públicas de promoção de igualdade racial para “reduzir desigualdades históricas”.

“Percebe-se que há uma universalização de negros e brancos nas séries iniciais das escolas no Brasil, mas há alguma coisa que impede o desenvolvimento e a permanência de jovens negros e negras nas séries finais. Informações como essas são relevantes para que possamos evitar a continuidade na desigualdade, que afeta a população negra no Brasil”.

Por PT Nacional

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