EUA e Brasil somam 85% dos casos de coronavírus na América

Berço de dois presidentes negacionistas, Jair Bolsonaro e Donald Trump, Brasil e EUA tomaram a dianteira na contaminação por coronarívus. Com novo recorde de 881 mortos em 24 horas, o Brasil registra 180 mil infectados e 12,5 mil óbitos. Já os Estados Unidos tem 1,4 milhão de casos e 83,6 mil mortos. Somados, os dois países respondem por 85% das contaminações na América. O cenário de tragédia pode agravar-se mais. A Universidade de Washington prevê que o país pode ter mais de 147 mil americanos mortos até o inicio de agosto, quase 10 mil a mais do que a última projeção, segundo o jornal britânico ‘ The Guardian’.

No Brasil, Bolsonaro segue sabotando o combate à doença enquanto a pandemia se propaga em território nacional. Seu último ato de irresponsabilidade, um decreto para permitir que salões de beleza, barbearias e academias de ginástica, provocou reações de especialistas e de parlamentares petistas. O líder do partido no Senado, Rogério Carvalho (SE) apresentou, na terça-feira (12), um projeto de decreto legislativo para sustar os efeitos da medida. A nova investida de Bolsonaro contra governadores, às voltas com a adoção do bloqueio total (lockdown) em diversas capitais, ganhou as páginas de jornais estrangeiros.

Segundo reportagem do ‘ El País’, o Brasil tornou-se epicentro da pandemia e ameaça países vizinhos que tiveram maior controle sobre a propagação do vírus, como a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. “Com o que o Brasil vive hoje, sequer passa pela nossa cabeça abrir a fronteira”, disse o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez. “O Brasil é, talvez, o lugar onde o coronavírus tenha maior expansão no mundo, e isso é uma grande ameaça ao nosso país”, afirmou.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, também foi taxativo. “É um risco muito grande. Há uma grande quantidade de caminhões de carga que saem de São Paulo, que é um dos lugares mais infectados do Brasil. Por isso eu digo que não entendo quando se fala com tanta irresponsabilidade, não entendo”, criticou Fernández.

O jornal assinala como a Argentina, cuja população é quase a mesma de São Paulo, em torno de 45 milhões, conseguiu frear o avanço da pandemia com “duras medidas de isolamento social”. A Argentina soma 6,5 mil casos e 321 mortos. Já São Paulo tem 46.131 infectados e 3.743 óbitos em decorrência do coronavírus.

Foto: Divulgação

Popularidade de Bolsonaro despenca

“Buenos Aires apresentou o primeiro caso da covid-19 no dia 3 março, uma semana após o primeiro registro no Brasil, em 25 de fevereiro. Foi na Argentina, no entanto, onde ocorreu a primeira morte pela doença na região, no dia 7 de março. De lá pra cá, os dois países tomaram caminhos bem diferentes”, aponta a reportagem. “Fernández assumiu pessoalmente a guerra contra o coronavírus e sua popularidade cresceu a medida que foi ficando cada vez mais evidente o êxito sanitário das restrições”, conclui o diário espanhol.

Ao contrário do vizinho argentino, Jair Bolsonaro viu sua popularidade despencar. Segundo o último levantamento realizado pela CNT/MDA, a rejeição ao presidente disparou, chegando a 55,4%. Não por coincidência, o “aliado” do presidente, Donald Trump, também sofre desgastes por sua condução desastrosa do país no enfrentamento à pandemia. Pesquisa da Reuters/Ipsos, divulgada na terça-feira (12), revela que a desaprovação a Donald Trump subiu para 56%, desde abril, uma alta de 5 pontos.

Especialistas alertam que a queda de popularidade pode custar a Trump sua reeleição. O desafiante democrata Joe Biden já aparece 8 pontos à frente do republicano nas intenções de voto para a Casa Branca, de acordo com o levantamento.

A demora em enfrentar a pandemia fez dos Estados Unidos o campeão mundial de contaminação e mortes, comprometendo a popularidade de Trump e ameaçando a sua reeleição, alertam especialistas.

Foto: Andrew Kelly

Bolsonaro foi alertado com antecedência

A queda de popularidade e o crescente isolamento de Bolsonaro são um reflexo do cenário desolador – e seus desdobramentos ainda imprevisíveis – que ele mesmo ajudou a construir. O governo brasileiro foi alertado, por exemplo, muito antes da chegada do coronavírus ao país, inclusive com relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sobre o potencial de letalidade do vírus, conforme revelou reportagem do Intercept em março.

Ao invés de preparar a população para a chegada da pandemia, montando um gabinete de crise e recomendando medidas de isolamento social por pronunciamento em cadeia nacional, classificou os alertas sobre a doença como “histeria”, tudo por causa de um “resfriadinho”.

Passados dois meses, o a macabra roleta russa de Bolsonaro deixou 12,6 mil mortos pela “gripezinha, e muitas capitais agora têm de recorrer ao lockdown como única medida capaz de segurar a velocidade da propagação do vírus. Incluindo São Paulo, cujo governo estudava, há poucas semanas, uma reabertura gradual das atividades no estado.

A caminho do lockdown

Pelo andar da carruagem, a reabertura é apenas um sonho distante. Um estudo da Universidade de Campinas (Unicamp), publicado na terça-feira (12), adverte que se o índice de isolamento social não subir nas próximas semanas, o estado será obrigado a adotar o lockdown para evitar uma disparada nas contaminações. Com um modelo matemático desenvolvido na Unicamp, pesquisadores tomaram como base o número de novos casos de Covid-19 contabilizados entre 8 e 10 de maio no estado, de 1839, 1.033 só na capital.

Segundo o levantamento, se for mantida a taxa de contágio – usando como parâmetro o indicador R0 – do período anterior a de maio, o estado terá, ao final de junho, 53,5 mil novas infecções por dia, 20,8 mil casos no município de São Paulo. O número de novos casos deve sobrar a cada 11,5 dias no estado nas próximas semanas. “Essas projeções têm grande chance de estarem subestimadas, pois o nível de isolamento vem caindo desde o início de abril e, entre 5 e 9 de maio, não ultrapassou 50%, o que provocará o aumento da taxa de contágio”, avaliou o matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências da Unicamp e coordenador do Programa Especial Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapesp, em entrevista à Agência Fapesp.

Mesmo que fosse mantido o nível de contágio, o sistema de saúde da Região Metropolitana de São Paulo – cujo nível de ocupação dos leitos de UTI supera os 80% – entraria em colapso. “Se o isolamento não for ampliado urgentemente, o estado terá de adotar medidas mais drásticas de contenção, como ocorreu na Itália, ou a situação se tornará insustentável”, advertiu Pedrosa.

Atenuação do contágio

O pesquisador levou em consideração a densidade populacional em diferentes regiões para avaliar a taxa de expansão livre do Covid-19. Baseado nessa observação, Pedrosa decidiu estimar a taxa de atenuação do contágio necessária para frear a doença nas capitais e no Distrito Federal, em função da densidade populacional de cada cidade. Ele listou as quatro cidades mais densamente povoadas: Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte e Recife.

“Para controlar a doença nas quatro cidades mais densamente povoadas do país, é preciso atenuar a taxa de contágio livre em 84%, o que seria possível com pelo menos 60% de isolamento social combinado ao uso obrigatório de máscaras de boa qualidade, por exemplo”, calculou o matemático.

Na contramão do governo federal

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) também engrossa o coro na recomendação de medidas mais rigorosas para combater a propagação da doença. Em documento encaminhado, segunda-feira (11), ao Ministério da Saúde, governadores, prefeitos e secretários estaduais e municipais de Saúde, o conselho pediu a adoção do lockdown nos municípios com maior aceleração de novos casos “e com taxa de ocupação dos serviços atingido níveis críticos”.

Na recomendação de numero 36, o conselho vai na contramão da estratégia do presidente Bolsonaro de defender a reabertura do comércio para salvar a atividade econômica. “A economia tem que servir à saúde e não o contrário. Em primeiro lugar, temos que proteger o cidadão e o lockdown é para tornar possível a recuperação do estado de caos que se instaurou em várias localidades”, observou Vanja Andréa Reis dos Santos, que integra a mesa diretora do CNS e é representante da União Brasileira de Mulheres (UBM).

Para as regiões com índices mais críticos de contágio, o conselho recomendou a suspensão de todas as atividades “não essenciais à manutenção da vida e da saúde” e a restrição à circulação de pessoas e de veículos particulares. O conselho também voltou a defender a adoção da fila única de leitos públicos e privados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), “a fim de garantir atendimento igualitário durante a pandemia”.

Da Agência PT de Notícias

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex