O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer nesta terça-feira (16) que a única coisa que espera dos juízes do caso Triplex no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) é que se atenham aos autos do processo. “Espero que os juízes do Tribunal leiam a sentença e, com base do que está escrito na minha defesa e nas provas, tomem a decisão. É a única coisa que eu peço. E que não tentem tomar decisões políticas para condenar um inocente”, disse Lula em ato no Rio de Janeiro.
Lula comentou ainda a recente peregrinação do presidente do TRF-4, Thompson Flores, por Brasília, onde esteve reunido com a presidente do STF, Carmen Lúcia, e com o general Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. “Achei estranho que esse cidadão vá a Brasília pedir proteção da Suprema Corte e para o general Etchegoyen sem dizer quem está ameaçando”, afirmou. “Não vou falar mal dos juízes de Porto Alegre porque não os conheço e não posso julgar, mas estranhei o presidente do Tribunal não ter lido a sentença e ter falado que ela era irretocável”, ressaltou, ao relembrar a entrevista de Flores em que admitiu não ter lido a peça.
O ato, organizado por artistas e intelectuais do Rio de Janeiro, teve como eixo a defesa do direito de Lula ser candidato à Presidência. O recurso do ex-presidente contra a decisão do juiz Sérgio Moro, que o condenou em primeira instância, será julgado no próximo dia 24. “Eu já provei minha inocência. E agora desafio que provem alguma culpa minha”, declarou Lula. “Minha honra vale muito. Se não tive coragem de roubar uma maçã que tinha vontade quando era pequeno, eu ia roubar um apartamento de R$ 500 mil?!”, questionou.
Sobre o desejo de se candidatar novamente ao Planalto, Lula foi taxativo. “Não preciso ser presidente, eu já fui. Ninguém é obrigado a me apoiar para presidente, mas olha, agora quero ser. O dia que eles aprenderem a falar menos em corte e perceberem que uma nação não é construída por cotas de mercado e sim por homens e mulheres… E se é isso que incomoda eles, agora eu quero incomodar”, avisou Lula.
Artistas e intelectuais com Lula
O ato foi marcado pela solidariedade ao ex-presidente e pela defesa de sua candidatura. Artistas como o ator Gregório Duvivier lembraram o caráter do evento. “Não estou aqui em defesa de um ser humano e sim de um país inteiro e de todas as pessoas que são presas injustamente. Isso não quer dizer que vou votar nele, mas que eu quero poder decidir em quem eu vou votar”, argumentou.
O ato contou ainda com a presença da cantora Beth Carvalho, de atores como Bemvindo Sequeira, Osmar Prado, Tonico Pereira, da escritora Conceição Evaristo, do diretor teatral Aderbal Freire-Filho, da filósofa Márcia Tiburi, do presidente do MTST, Guilherme Boulos, entre outros.
Também está programado um ato nos mesmos moldes, dessa vez em São Paulo, na próxima quinta-feira (18). O evento vai ocorrer na Casa Portugal, às 19h.
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Foto: Ricardo Stuckert