O vice-líder da bancada do PT na Câmara, Rogério Correia (MG), afirmou hoje (23) que diante dos últimos escândalos envolvendo o governo Jair Bolsonaro – como a compra superfaturada em 1000% de vacinas contra a Covid-19 – já sobram motivos para ser aberto processo de impeachment do capitão-presidente.
“É um governo que tem todos os motivos para que não continue a governar o Brasil: crimes na pandemia com genocídio, crimes de corrupção e crimes antidemocráticos”, listou o parlamentar.
Para ele, a denúncia de compra superfaturada da vacina indiana Covaxin, intermediada por uma laboratório brasileiro envolvido em diferentes denúncias de corrupção, pode ser a gota d´água para impulsionar um dos 121 processos de impeachment protocolados na Câmara. “É uma denúncia gravíssima, que ocorre momento em que mais de meio milhão de pessoas no Brasil morreram por conta da pandemia de Covid-19”, afirmou.
Negócio suspeito
Ele disse estranhar a pressa com que Bolsonaro liberou a compra da Covaxin e empurrou as negociações com a Pfizer, que já no começo do segundo semestre de 2020 oferecia imunizantes para o Brasil. Com a Covaxin, a negociação demorou menos de três meses, com superfaturamento de 1000% para firmar contrato estimado em R$ 1,6 bilhão. O mais grave é que Bolsoanro foi advertido sobre as irregularidades e não fez nada para interromper o processo, afirmou Rogério Correia.
Na análise de Correia, há sinais evidentes de que o governo militar conduzido por Bolsonaro “está indo para a ruína”. A queda do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, investigado por envolvimento do gangues de madeiros que extraem e contrabandeiam madeira ilegal da Amazônia, insere-se no cenário que mostra um governo carcomido e envolvido numa sucessão de escândalos, ponderou o parlamentar.
Genocida
Ele detalhou os três eixos em tornos dos quais giram os pedidos de impeachment. Além da denúncia de compra superfaturada da vacina indiana, citou também a articulação conduzida por Bolsonaro contra a contra a democracia, “com apologia à tortura, agressões ao Supremo Tribunal Federal e ao Parlamento, participação em atos antidemocráticos e ameaças de golpe”, além de ataques à imprensa e outras instituições.
O terceiro ponto é a política oficial de genocídio frente à pandemia de Covid-19, com desrespeito à ciência, discursos contra o isolamento social e a prática de charlatanismo, com a recomendação de medicamentos cientificamente comprovados como ineficazes contra o novo coronavírus, como a cloroquina, além de afrontar as recomendações para o uso de máscaras de proteção facial.
Deboche
Rogério Correia denunciou Bolsonaro por debochar as milhares de famílias que choram os mortos pela Covid e ainda organizar passeios de moto e aglomerações. “Como pode um presidente afinar a voz e falar ‘estou com Covid’ para debochar de milhões que morreram? Só mesmo um presidente genocida para fazer algo desse tipo”, disse o deputado.
Rogério Corrreia recordou que em 29 de julho de 2020, junto com a bancada do PT, apresentou um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a política em prol da cloroquina difundida por Bolsonaro.
Na ocasião, alertou que havia “remédio no laboratório do Exército com preço superfaturado”, com milhões de comprimidos. Segundo disse, “há gente enriquecendo com isso”. Ele assinalou que Bolsonaro já ligou inclusive para o primeiro-ministro da Índia para pedir que liberasse insumos a fim de se produzir cloroquina no Brasil.
Rogério Correia lamentou o fato de a Câmara não ter instalado a CPI, mas elogiou o Senado pela CPI da Covid. Ele criticou a base bolsonaristas na Câmara por ’’passar a boiada’ e aprovar pautas antinacionais e antipopulares, como a autonomia do Banco Central, a privatização da Eletrobras, afrouxamento do licenciamento ambiental e ataques aos direitos indígenas. Mas citou Karl Marx e alertou “Tudo que é sólido desmancha no ar”.
Redação PT na Câmara