Equipe econômica de Guedes abandona governo moribundo

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna virtual da Câmara, nesta quinta-feira (13), para alertar sobre o agravamento da crise econômica do País. O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) avaliou que estamos vivendo um cenário caótico, que na prática, “é o início do fim melancólico do governo Bolsonaro”. Ele citou acontecimentos recentes, como a debandada reconhecida dos ultraneoliberais, “dos homens de mercado”, que abandonaram o superministro Paulo Guedes (Economia).

“Ele (Guedes) próprio reconheceu a debandada e ameaçou o presidente da República pela falta de liderança. Segundo o ministro, Bolsonaro está rumo ao impeachment caso mude a agenda neoliberal para uma agenda de gastos sociais, gastos do Estado e de recuperação de investimentos a partir do Estado. Isso é de uma gravidade muito grande”, alertou.

Joseildo avaliou ainda que o ambiente de crise é imenso. “Temos a crise sanitária, que é potencializada por este governo; a crise política, diante da sua falta de governabilidade; a crise econômica; e, uma crise produzida por este governo, uma crise profunda que transforma o País em pária mundial, que é a crise ambiental”, criticou.

“O governo não tem rumo, não tem agenda, não fez um programa. E o ministro, que tinha trabalhado metas extremamente fantasiosas, não entregou nenhum resultado. O Guedes naufragou. Está desmoralizado dentro do próprio governo Bolsonaro, que não sabe o que fazer neste momento, e o que é pior, ele está se aproximando da porta do fundo, já que a porta da frente do governo, por onde ele poderia sair, certamente estará fechada”, afirmou Joseildo.

Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Crise na equipe econômica

Entre as baixas recentes da equipe econômica de Guedes, o deputado citou Mansueto Almeida, Caio Megale, Rubem Novaes – que queria trucidar o Banco do Brasil -, o Salim Mattar e o Paulo Uebel. “Os pilares do ultraneoliberalismo”.

O deputado Rubens Otoni (PT-GO) também destacou a crise dentro da equipe econômica do Governo Bolsonaro, com a saída de mais dois auxiliares e com a possibilidade de outras demissões dessa equipe. “Esses fatos escondem o real problema no governo Bolsonaro: o grande equívoco em querer enfrentar a crise sanitária do coronavírus e a crise econômica do momento com ajuste fiscal, com corte de gastos, com o receituário ultraliberal. Esse caminho não terá sucesso”, afirmou.

Para Rubens Otoni, o Brasil, hoje, necessita mais do que nunca de investimentos públicos que garantam as políticas necessárias para atender a maioria da população, que necessita da ação do governo. “Na contramão, a receita de Guedes e de Bolsonaro é a de cortar os recursos na saúde, na educação, na assistência social, na agricultura familiar, nas áreas que atingem a população. É um verdadeiro pacote de maldades que não vai dar certo nunca!”, reforçou.

As bondades neste governo, segundo o deputado do PT goiano, só aparecem para atender ao sistema financeiro, como agora na proposta apresentada pelo governo de Reforma Tributária, “que sinaliza tributar de maneira mais amena as instituições financeiras quando não faz isenção dos produtos da cesta básica”.

Agenda neoliberal

Para Joseildo Ramos, essa agenda neoliberal, no pós-crise, não tem lugar para acontecer, “porque quem vai recuperar a economia do nosso País não vai ser o capital privado, quem vai fazer voltar a economia, com seu dinamismo, será o Estado brasileiro. Mas isso não está na agenda do governo Bolsonaro, que não tem um programa de desenvolvimento para o nosso País”, lamentou e sentenciou: “Triste realidade: o ocaso de um governo que sequer começou”.

Rubens Otoni entende que para retomar o caminho para o desenvolvimento econômico e social é preciso investimento público. “É preciso derrubar a Emenda Constitucional 95, que impede mais recursos para as áreas estratégicas. Nós precisamos de mais recursos para o Sistema Único de Saúde! Nós precisamos garantir mais recursos para a educação e não retirar os recursos, como está sinalizado no Orçamento deste ano, tanto na área da saúde, quanto na área da educação. Então, não podemos aceitar, e é esse o caminho: investimento público para a superação da crise”, defendeu.

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Responsabilidade fiscal

Ao analisar a situação econômica do País, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que o momento é de o Brasil ter, sim, muita responsabilidade fiscal e social. “E a responsabilidade fiscal, neste momento, exige a ampliação dos investimentos públicos, porque, se nós não ampliarmos os investimentos públicos, não teremos como combater a maior recessão do século”, observou Fontana, ao destacar que o Brasil está vivendo em uma economia que tenderá a ter uma queda de 10% na sua atividade econômica.

“Aplicar a mão de ferro com o teto de gastos para o ano de 2021 é uma irresponsabilidade com o tecido social brasileiro, porque nós colocaremos este País numa profunda e gravíssima crise social, e é uma irresponsabilidade com a economia brasileira”, protestou.

Para Fontana, as empresas precisam ser salvas neste momento. Os empregos precisam ser protegidos, “e a maneira de reequilibrar as contas públicas e fazer frente a uma política que garanta a manutenção de um programa robusto de renda básica, como o Bolsa Família ampliado depois do fim do auxílio emergencial”, ensinou.

Reforma Tributária

A prioridade da Câmara, nesse momento, segundo Fontana, é a votação de uma Reforma Tributária para taxar os super-ricos, para taxar as grandes fortunas, os lucros e dividendos, as grandes rendas e os mais altos salários. “Esse projeto de Reforma Tributária pode garantir em torno de R$ 250 bilhões por ano”, afirmou.

O deputado do PT gaúcho conclui defendendo que não se faça nenhuma privatização nesse período de pandemia. “O ministro Paulo Guedes não deve acelerar nenhum programa de privatizações de empresas públicas a troco de banana. É uma loucura vender uma empresa pública neste momento, em que o dólar está a 5,50 e a economia está em profunda recessão. As empresas valem muito pouco. Ninguém vende nada, ninguém vende patrimônio neste momento”, protestou.

Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Vânia Rodrigues

 

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