Envolvimento de Aécio com corrupção é antigo

Desde o primeiro mandato como deputado estadual, em 2003, o deputado Padre João (PT-MG) tem solicitado à Justiça a apuração sobre os esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro na estatal Furnas Centrais Elétricas. Ignorado pela Justiça, ao assumir o mandato de deputado federal, o parlamentar continuou solicitando apuração das denúncias. No dia 19 de março de 2015, Padre João entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) documentos que provam o envolvimento do senador Aécio Neves em esquema de corrupção.

As peças entregues na PGR foram: a lista de Furnas, com laudo de autenticidade feito pela Polícia Federal; um CD contendo as falas do doleiro Alberto Yossef, da Operação Lava Jato, fazendo a ligação entre a denúncia da procuradora Federal Andrea Bayão à apuração dos fatos da empresa Baruense e outros documentos. Na ocasião, foi protocolada junto a PGR petição pedindo investigação de Aécio Neves.

Já no dia 31 de março de 2015 o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recebeu pessoalmente em seu gabinete o deputado Padre João e outros parlamentares. Desta vez foram entregues mais documentos que comprovam o envolvimento de Aécio Neves em esquemas de corrupção. A agenda com o procurador foi solicitada pelo deputado e mais uma vez ele citou a petição para investigação da conhecida “Lista de Furnas”, através da qual o PSDB recebeu da estatal cerca de R$ 40 milhões, na época que Aécio disputava o Governo de Minas e teria levado parte destes recursos.

“Na época manifestamos nossa satisfação e confiamos que Rodrigo Janot levaria a investigação adiante. Apresentamos provas e pedimos que o processo de investigação fosse aberto. Inclusive fiz vários discursos no plenário da Câmara destacando a necessidade das investigações sobre a corrupção ocorressem de forma isonômica”, relatou Padre João.

Em fevereiro de 2017, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) solicitou ao procurador Rodrigo Janot a apuração das denúncias feitas pelo jornalista Marco Aurélio Flores Carone contra Aécio Neves, que apontam desvio de dinheiro público oriundo da extração de nióbio no período em que o tucano era governador de Minas. O esquema teria envolvido estatais mineiras como a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerias (CODEMIG) e da Companhia Brasileira de Metalurgia & Mineração (CBMM).

Carone fez as denúncias durante audiência pública promovida pela CDHM em 23 de novembro de 2016, com o tema “Violações de Direitos Humanos de Jornalistas”. A audiência abordou a perseguição sofrida pelo jornalista devido as denúncias que realizou contra o governo mineiro, que resultaram na cassação do registro do seu jornal e na prisão de Carone por nove meses, em período concomitante ao da eleição presidencial de 2014, em que o senador Aécio Neves foi derrotado no segundo turno por Dilma Rousseff. Cinco dias depois do segundo turno, o jornalista foi libertado e posteriormente absolvido no processo que originou sua prisão.

No ofício enviado pela CDHM ao procurador-geral da República, Padre João, então presidente da Comissão, ressaltou que o pedido estava sendo feito para “avaliar e investigar as denúncias relativas à ameaça ou violação de direitos humanos”, uma das principais atribuições da CDHM. Durante a audiência, Carone entregou documentos comprobatórios das denúncias de fraude e desvio de recursos públicos, que foram anexadas ao ofício, junto com a íntegra das notas taquigráficas.

Denúncia – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira, 2, o senador afastado Aécio Neves por solicitar e receber de Joesley Batista, do Grupo J&F, propina no valor de R$ 2 milhões e por obstrução da justiça ao tentar impedir as investigações da Operação Lava Jato. Também são acusados de corrupção passiva a irmã do senador, Andréa Neves, seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson Souza Lima, assessor parlamentar do senador Zezé Perrella.

Os fatos foram relatados em colaboração premiada de pessoas ligadas ao Grupo J&F, principalmente o presidente da empresa, Joesley Batista. Eles apresentaram documentos, bem como outros meios de prova, e também foram feitas apurações por meio de ações controladas da Polícia Federal, considerando que os crimes apresentados estavam ocorrendo ou por ocorrer. Os acordos foram homologados pelo ministro Edson Fachin em 11 de maio.

A denúncia também relata que Aécio Neves, de 2016 até maio de 2017, pelo menos, tentou impedir e embaraçar as investigações da Operação Lava Jato, na medida em que “empreendeu esforços para interferir na distribuição dos inquéritos da investigação no Departamento de Polícia Federal, a fim de selecionar delegados de polícia que supostamente poderiam aderir ao impedimento ou ao embaraço à persecução de crimes contra altas autoridades políticas do país”.

Na quinta-feira (8), o mineiro Dimas Fabiano Toleto, ex-diretor de Furnas, indicado pelo senador afastado Aécio Neves, foi conduzido coercitivamente pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele é um dos alvos da operação Barão Gatuno, um dos desdobramentos da Lava Jato. A ação policial ocorre em função da delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral que apontou indícios de corrupção em Furnas. Quando firmou o acordo, em março do ano passado, Delcídio disse que Dimas repassou propina a Aécio.

A ligação entre Aécio e Dimas aparece também em delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht. Eles apontaram Dimas como interlocutor de Aécio no pagamento de propina via Furnas.

(Assessoria do deputado Padre João )

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