O número de pessoas envolvidas em conflitos no campo no País chegou em 2018 a quase 1 milhão de pessoas (960.630), segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O número é 35,6% maior do que o registrado em 2017, com 708.520 pessoas afetadas. Nos conflitos específicos por terra, o número também cresceu. Foram 118.080 famílias envolvidas em 2018, contra 106.180, em 2017, um aumento de 11%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (12), durante entrevista coletiva na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília.
O relatório aponta ainda que 2018 foi o ano com o maior número de conflitos por água no campo desde o início do registro pela CPT, em 2002, com 276 casos e 73.693 famílias estão envolvidas. Entre essas famílias, 85% delas são comunidades tradicionais. O número de conflitos é 40% maior do que em 2017 e o de famílias envolvidas, 108%.
Também houve crescimento no número de famílias expulsas de seus territórios. Em 2018, 2.307 foram obrigadas a saírem dos locais onde moravam, um aumento de 59% em relação ao de 2017.
O relatório aponta ainda que diminuiu o número de assassinatos em conflitos no campo em 2018, com 28 mortes, em relação a 2017, quando ocorreram 71 homicídios. Porém, o deputado Padre João (PT-MG) – que acompanhou a divulgação do relatório na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Brasília – explicou que essa redução foi um fato isolado que dificilmente terá continuidade.
“As mortes diminuíram em 2018 por causa das eleições, pelo medo do prejuízo eleitoral. Tanto é que após as eleições o número aumentou. Em 2019, infelizmente o indicativo é que as mortes cresçam. Temos um governo que já sinalizou que não vai fazer a reforma agrária e que ainda vai combater os movimentos sociais do campo”, lamentou.
Segundo a CPT, até o início de abril já foram registradas 10 mortes violentas.
O deputado federal Frei Anastácio (PT-PB) também esteve presente na divulgação do relatório da CPT.
Fotos: Daniel Flores e Robson D’ávila
Hebér Carvalho