O presidente do PT, Rui Falcão disse nesta terça-feira (2), que uma das metas do partido, reforçada na reunião do Diretório Nacional que aconteceu em Fortaleza, no último final de semana, é o de trabalhar para que a presidenta Dilma tenha um segundo mandato melhor que o primeiro. Ele disse que, assim como o ex-presidente Lula, a presidenta também irá imprimir uma gestão marcante no segundo mandato. Ele lembrou que Dilma é a presidenta de todos os brasileiros e é do PT. Para ele, isso é motivo de orgulho e responsabilidade uma vez que, pela quarta vez consecutiva, o Brasil elegeu um presidente da República filiado ao PT.
Em entrevista ao PT na Câmara, Rui Falcão disse ainda que o Partido dos Trabalhadores exerce protagonismo junto ao governo, mas lembrou que o governo é de coalisão e, nesse processo, nem sempre a correlação de forças é favorável. No entanto, acredita na possibilidade de uma grande aliança na Câmara e no Senado. Para Rui Falcão, o novo governo precisa também se abrir mais para os movimentos sociais.
“O PT reivindica protagonismo como vem tendo, mas sabe que é um protagonismo compartilhado. Queremos ampliar o protagonismo dos movimentos sociais, com mais interlocução a partir de realização de conferências e com a recuperação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social”, defendeu Rui Falcão.
Cargos – Quanto ao espaço que o PT vai ocupar no novo mandato, o presidente do PT disse que o partido já ocupa pastas importantes. Entre elas citou a Casa Civil, os ministérios da Saúde, da Justiça, do Desenvolvimento Social e Combate a Fome e a Secretaria de Relações Institucionais. “São várias pastas de relevo que ocupamos e acreditamos que vamos continuar ocupando. Há um processo de debate e negociação politica por preenchimento de cargos que é mais ou menos proporcional à força dos partidos políticos”, frisou Rui Falcão.
Lula – Sobre a participação do ex-presidente Lula na nova gestão Dilma, o presidente do PT disse que Lula sempre desempenhou o papel de aglutinador, conselheiro, de liderança e de presença política nas disputas. “Creio que o ex-presidente vai continuar desenvolvendo esse papel. Penso que ele deve estar se preparando para nos ajudar em 2016, seja na preparação do partido, nas alianças ou na escolha das candidaturas e, sobretudo, nas campanhas”, assinalou.
Balanço – Rui Falcão disse que o Diretório Nacional reunido no último fim de semana fez um balanço realista da reeleição de Dilma. “Foi uma vitória duríssima pelo que a gente enfrentou, pelo que conseguimos passar para 75% da população que queria mudanças e o governo de continuidade conseguiu expressar esse desejo nas nossas propostas, no debate na TV, no programa eleitoral e na ação da militância, sobretudo na segundo turno”. O petista citou também a adesão voluntária de setores de esquerda como o PSOL, que estavam distantes ou eram críticos ao partido. De acordo com Rui Falcão, a reeleição da Dilma foi fruto de um “grande movimento político social”.
Dificuldades – Ele lamentou o fato do partido ter perdido as eleições em cidades importantes e não ter reeleito dois governadores, além da redução da bancada parlamentar. “Não queremos ocultar diante dessa vitória maiúscula as dificuldades que temos. São resultados que temos que analisar com bastante profundidade para entender as razões e para fortalecer o PT”, avaliou.
Rui Falcão disse também que, além das questões eleitorais , o PT precisa se fortalecer para ser um partido de vida política permanente e não apenas de funcionamento a cada dois anos, nas eleições. “É preciso que o PT tenha uma vida política mais ligada à realidade das cidades , dos movimentos, da juventude enfim todos os conjuntos de lutas sociais”.
Oposição – Para Rui Falcão, o inconformismo da oposição se dá porque ela teve apoio do grande capital nacional, internacional e da mídia monopolizada que temia a quarta vitória do PT. “Inconformada, a oposição parte para o ridículo quando, por exemplo, tentou questionar na Justiça a nossa vitória. Quando pauta a nossa vitória como se ela fosse pouco legítima pelo fato de se dar com uma diferença de mais de três milhões de votos. Qual seria a cota de legitimidade? 10 milhões ou se fosse por um voto não teria legitimidade?”, questionou.
Mídia – Sobre a regulação da mídia, Rui Falcão afirmou que o partido defende a ampliação da liberdade de expressão no país. Para ele, só se garante liberdade de expressão “quando se tem mais agentes que se expressam, que se manifestam, que dialogam e isso não pode ser feito pela voz do monopólio da mídia”. Segundo ele, o partido defende a regulamentação dos artigos da Constituição Federal que tratam da comunicação social. Ele lembrou que um dos primeiro artigos da Constituição que trata desse tema expressa a garantia da liberdade de expressão. Ele acrescentou também que os artigos 220, 221,222 proíbem a existência de monopólio e oligopólio nos meios de comunicação. “Você não garante liberdade de expressão e de imprensa de forma ampla enquanto tiver monopólio e oligopólio”, disse.
No caso do sistema de radiodifusão que é uma concessão do poder público, Rui Falcão disse que há necessidade de regulação como todos os setores econômicos que têm influência na economia são regulamentados no mundo todo. “O único setor que não é regulado no Brasil é o setor de telecomunicação”, alertou.
Benildes Rodrigues