Em discurso na tribuna da Câmara, o deputado Angelim (PT-AC) fez nesta quinta-feira (11) um alerta sobre o processo de concentração econômica no setor da educação superior privada no Brasil. Segundo o deputado, as últimas notícias revelam que a Kroton Educacional (antigo Colégio Pitágoras) – maior empresa privada do setor educacional no Brasil – também pode adquirir a Estácio de Sá, a segunda maior do setor. A incorporação da Estácio pela Kroton – que já agrega, entre outras faculdades, a Anhanguera e a Unopar – representa um acréscimo de 1 milhão e 600 mil alunos. As receitas podem ultrapassar a casa de R$ 8 bilhões.
O deputado disse ainda que, por representar um grau elevado de concentração econômica para o setor, a fusão terá que ser analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Se essa fusão das gigantes do ensino privado no Brasil for para elevar os preços das mensalidades, agravar a já enorme desvalorização profissional dos professores e demais trabalhadores da educação, reduzir os investimentos no ensino presencial e piorar a já baixa qualidade do ensino superior privado no Brasil, então, talvez, seja melhor [o Cade] melar essa fusão”, considerou Angelim.
O parlamentar disse esperar que a análise do Conselho seja dentro das normas técnicas, “sem injunções de outra ordem”. Angelim frisou que estará atento a essa operação, que, segundo ele, poderá trazer tantas e graves consequências para o ensino superior privado do nosso Brasil. “A começar pelos professores, pois sabemos que as primeiras e principais vítimas dessas fusões e concentrações de mercado são os trabalhadores, que perdem seus empregos ou têm seus salários achatados pela total falta de concorrência no setor”, observou.
De acordo com Angelim, a fusão entre Kroton e Estácio foi questionada por entidades, como o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que também veem os riscos que essa concentração de poder pode trazer ao mercado. O deputado disse que, para o Andes, a ausência de concorrência pode levar as faculdades privadas a elevar os preços das mensalidades e dos materiais didáticos.
Além disso, citou o parlamentar, as condições de trabalho e remuneração nas faculdades privadas os salários bem piores que nas universidades federais e estaduais. “Com o aumento da concentração econômica no setor, este quadro tende a piorar”, avaliou Angelim, que ainda citou a baixa qualidade de ensino e a ausência de pesquisas nas faculdades privadas, como pontos preocupantes.
Benildes Rodrigues
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