Sessenta e três anos depois da primeira greve geral no Brasil, nascia o partido que mais fez e melhor tratou o país e sua população, sobretudo a mais pobre. Em 1980, metalúrgicos, artistas, religiosos progressistas, intelectuais e trabalhadores de outros segmentos refletiram sobre as condições da classe trabalhadora e a democracia brasileira e resolveram avançar, com a constituição de um partido transformador, profundamente vinculado aos interesses coletivos, nacionais e democráticos.
Esse grupo heterogêneo, mas de forte identidade com ideais de igualdade e justiça social, construiu os pilares teóricos e práticos sobre os quais, apenas 23 anos depois, o Partido dos Trabalhadores pôde criar no país as condições que permitiriam transformar o Brasil em uma das maiores e mais importantes nações do mundo.
Mobilização popular – Quando o partido se colocou na rua, na década de 1980, o Brasil ainda vivia a vergonhosa ditadura civil-militar. A organização e a mobilização da classe trabalhadora, no campo e na cidade, foram profundamente marcadas pelo enfrentamento às diferentes arbitrariedades, sob as mais diversas formas. À época, imperavam censura, perseguições, prisões, tortura e mortes.
Durante os governos liberais de José Sarney a Fernando Henrique Cardoso, o PT denunciou a submissão dos mandatários aos interesses estrangeiros, com a aceitação de tratamento de segunda classe dispensado ao Brasil, além do modelo econômico que tornava inacessível à classe trabalhadora a riqueza por ela produzida.
Diferentemente da mentalidade liberal colonizada, de eterna submissão dos interesses nacionais aos de outros países, o PT é internacionalista e defensor de um projeto nacional que garanta ao Brasil um salto qualitativo em termos econômicos, sociais e ambientais, com distribuição de renda e combate às disparidades regionais. O partido tem convicção no potencial natural e humano do Brasil e na materialidade histórica das competências construídas ao longo de décadas para se afirmar, com galhardia, entre as mais avançadas nações do mundo.
Desenvolvimento nacional – As ferramentas estatais, forjadas pela sociedade brasileira, são os instrumentos com os quais o Brasil abrirá os caminhos por onde sairá das crises sanitária, econômica, social e ambiental enfrentadas nesses dias tenebrosos de governo de extrema direita comandado por um ex-capitão. Esses instrumentos foram extremamente bem utilizados pelos governos Lula e Dilma. As estatais foram administradas no sentido de impulsionar o desenvolvimento nacional.
Os números expressam o êxito dos governos do PT, de 2003 até o golpe de 2016. Ampliação dos lucros das empresas durante o período; acúmulo de US$ 380 bilhões de reservas cambiais; um PIB de R$ 6,2 trilhões, ante o de R$ 1,5 trilhão de 2002, com o Brasil sendo guindado à condição de 6ª maior economia mundial, entre outros avanços. Tudo isso revela que o PT esteve no caminho certo. O protagonismo do País no cenário internacional foi o resultado de um governo progressista que estabeleceu importantes conquistas na área externa, desde a formação do BRICS até a integração regional, com a criação da Unasul e o fortalecimento do Mercosul.
Distribuição de renda – As oligarquias estão no comando do Brasil desde 1500. O único período da história em que houve um mínimo avanço na instituição de uma sociedade menos desigual foi durante os 13 anos dos governos do PT. A força estrutural da desigualdade brasileira é gigantesca. Dois anos depois do golpe de 2016, o Brasil já caminhava a passos largos de volta ao mapa da fome, lugar de onde o PT o retirou, depois de 13 anos de governo. Os avanços revelam a força e o compromisso de governos que, em pouco mais de uma década, retiraram mais de 40 milhões de brasileiros da extrema pobreza.
O Brasil é referência mundial em desigualdade, mas isso não incomoda as oligarquias e sua representação política. Para os donos do capital, é natural e até mesmo salutar a disparidade. É por isso que o PT é tão odiado. A elite brasileira não tolera um partido que, no governo, destinou 75% dos royalties de uma das maiores reservas de petróleo do mundo – pré-sal – para a educação. Justamente para, entre outras coisas, formar cientistas voltados ao desenvolvimento de tecnologias que permitam ao Brasil não depender do petróleo, como explicou Lula à época. Visão de estadista, que enxerga o potencial do nosso povo e projeta um país mais justo para toda a população.
Nesse sentido, as pedras jogadas contra o PT não são porque teria feito a velha e mesma política, de fazer “crescer o bolo primeiro, para depois repartir”, como defendia o ex-ministro Delfim Netto. Os governos Lula e Dilma reforçaram o papel do Estado como grande indutor do desenvolvimento aliado a uma efetiva inclusão social e distribuição de renda. Demonstraram, mais uma vez, que a iniciativa privada não chega onde o Estado já não esteja.
Um partido de vanguarda – Os que detêm os poderes econômico e político não admitem que pobre faça três refeições por dia; que 5,3 milhões de filhos de pobres ocupem os bancos das universidades e dos cursos técnicos; que 12 milhões de nordestinos do semiárido tenham acesso a água perene; que mais de 4 milhões de brasileiros tenham moradia digna, por meio de um bem-sucedido programa de transferência de riqueza. As políticas do PT são de vanguarda.
Ao olhar para trás e observar o caminho trilhado, é muito gratificante saber que os acertos foram em muito maior número e infinitamente mais significativos e positivos para a vida do povo brasileiro que os erros dos quais o partido não foge, com os quais aprende e se transforma.
Nestes 41 anos, a força do PT sempre brotou da diversidade, garra e dedicação da nossa militância e das mais generosas lutas do povo brasileiro.
Parabéns, PT! Que venham mais 41 anos de lutas e conquistas para o povo brasileiro!
*Enio Verri (PT-PR) é Líder da Bancada do PT na Câmara Federal.
Artigo publicado originalmente na Revista Fórum