Fotos: Jornal de Gramado
Segundo entidades empresariais do Rio Grande do Sul, os prejuízos causados pelos protestos nas principais rodovias do estado podem chegar perto de um bilhão de reais por dia. Segundo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), na indústria de transformação o prejuízo é, em média, de R$ 760,3 milhões em receita líquida de vendas por dia paralisado. Esse valor equivale, em média, a uma perda de 0,4% do PIB anual. Para a indústria de alimentação, estima-se uma perda direta de receita líquida de vendas de até R$ 152,3 milhões ao dia. As informações foram divulgadas no site da Fiergs (www.fiergs.org.br) na segunda-feira (2).
Após o governo federal atender à quase totalidade da pauta de reivindicações dos caminhoneiros, na semana passada, um punhado de empresários – que tentam se passar por trabalhadores autônomos – insiste nos bloqueios de rodovias com o objetivo de desgastar o mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Integrantes da Bancada do PT na Câmara criticaram duramente o interesse “golpista” que move os protestos. “Respeitamos a liberdade de manifestação de qualquer pessoa ou categoria profissional. Porém, uma vez que o governo atendeu todas as reivindicações dos trabalhadores desse setor, a continuidade dos protestos revela o caráter meramente político-partidário e o cunho golpista do movimento, que é promovido por empresários e causa um prejuízo enorme à economia e à sociedade gaúcha”, lamentou o deputado Fernando Marroni (PT-RS).
O deputado Bohn Gass (PT-RS) destacou que governo teve “agilidade” para apresentar uma proposta que contemplasse todas as demandas dos caminhoneiros e sancionou a Lei dos Caminhoneiros sem vetos porque “tem todo o interesse em resolver esse impasse o mais rapidamente possível”. O parlamentar considera que “a economia e a sociedade precisam continuar andando e se desenvolvendo e não é possível que alguns poucos – que não representam a categoria – que ainda não aceitaram o acordo causem um prejuízo tão grande”.
“Existe uma forte suspeita que, além de uma parcela de caminhoneiros, de maneira legítima, lutou por suas reivindicações, grande parte do movimento foi articulada por empresários inescrupulosos de setores conservadores que, escondidos, financiaram e sustentaram esses protestos. Cabe a eles, agora, assumirem a responsabilidade pelo enorme prejuízo que trazem à sociedade gaúcha, mostrando mais uma vez uma disposição sem limites para criar um cenário de ‘quanto pior, melhor’ no País”, acrescentou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).
Mencionando as primeiras manifestações de caminhoneiros no estado, em 2000, o deputado Marcon (PT-RS) diz que “nunca essa categoria conseguiu sair tão vitoriosa de um movimento assim” e que, quando o Brasil era governado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os profissionais jamais foram recebidos por autoridades do governo. “Temos que respeitar a luta dos caminhoneiros, que começou no Rio Grande do Sul com manifestações no ano de 2000, mas naquela época não foram recebidos pelo governo e tiveram que negociar apenas com a Polícia Rodoviária Federal, enquanto hoje a presidenta Dilma e os seus ministros dialogaram e atenderam 90% da pauta da categoria”, afirma Marcon.
“Os protestos continuam porque por trás deles há gente da Fiergs e de outras entidades empresariais patrocinando as manifestações. São viúvas de Aécio Neves, que querem um terceiro turno da eleição presidencial de 2014 porque não se conformam com a derrota”, complementou Marcon.
Nesta terça-feira (3), cinco trechos de rodovias federais ainda estavam bloqueados no Rio Grande do Sul. A Polícia Rodoviária Federal divulgou um vídeo no qual caminhoneiros relatam ter recebido ameaças para que mantenham seus veículos nos bloqueios.
Rogério Tomaz Jr. com portal Fiergs