A redução do poder de compra da população, as baixas vendas no varejo e a fraqueza do setor automotivo fizeram a indústria brasileira perder força em setembro. É o que aponta o Índice de Gerentes de Compras de Fabricação (PMI, da sigla em inglês). No quarto mês consecutivo de desaceleração, o indicador da S&P Global caiu de 51,9 para 51,1, marcando o crescimento mais lento na atividade fabril desde fevereiro.
O aumento das novas encomendas, maior subcomponente do PMI, foi bem menos intenso em setembro. “Existem sinais claros e preocupantes de que a demanda está vacilando, em paralelo com o aumento de velocidade da contração de vendas internacionais, em meio a condições econômicas globais desafiadoras”, analisou a diretora associada de economia da S&P Markit, Pollyanna De Lima, à agência Reuters.
“Os números do PMI da China, maior mercado de exportação do Brasil, destacam recuos notáveis na atividade de compra e produção entre fabricantes de bens em setembro”, prossegue a economista, prevendo dificuldades para os setores exportadores da economia brasileira nos próximos meses.
Ao mesmo tempo, o mercado interno continua sofrendo os efeitos das altas e já crônicas taxas de desemprego forçadas pela precarização trabalhistas, que empurram os rendimentos para baixo e as famílias para o endividamento crescente. Com a renda baixa e a capacidade de endividamento “estourada”, o consumo das famílias, um dos principais motores da economia, se reduz aos produtos básicos para a manutenção da sobrevivência.
“Apesar dos sinais de que a demanda pode estar estagnada, a produção cresceu a um ritmo ligeiramente mais rápido do que no mês anterior, em grande parte devido aos esforços de reabastecimento das empresas”, afirma o relatório dos analistas da S&P. Em boa parte porque esta é época de reposição de estoques visando as tradicionais vendas de fim de ano, com “black friday” em novembro e compras natalinas.
Os dados de setembro mostram ainda recuo nas pressões de custos, com os preços dos insumos subindo à taxa mais fraca em quase oito anos. Preços mais baixos de commodities, metais e plásticos colaboraram para esse resultado, favorável para a indústria. Diante das pressões de custos mais baixas, condições competitivas e vendas fracas, a inflação de venda também esfriou em setembro, com os preços subindo no ritmo mais lento desde dezembro de 2019, conforme a antiga lei da oferta e da procura.
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