Em entrevista ao Blog do Planalto, o embaixador do Brasil na Bolívia, Antônio José Rezende de Castro, afirmou que a presença da presidenta Dilma Rousseff na posse do presidente Evo Morales, nesta quinta-feira (22), fecha um ciclo de reaproximação importante para a história dos dois países.
“A relevância da Bolívia para o Brasil não podia ser maior. A Bolívia é parte da nossa circunstância na América do Sul. Uma país vizinho, país amigo, com o qual mantemos relações diplomáticas, comerciais e históricas. E tem se aproximado cada vez mais do Brasil nos últimos tempos”, afirma.
O Brasil é, historicamente, o principal parceiro comercial da Bolívia. É o primeiro destino das exportações bolivianas – equivalendo a cerca de 40% do total – em função da venda do gás natural, e segunda origem das importações, atrás apenas do Chile. O embaixador destaca a importância da relação econômica entre os dois países, principalmente levando em conta o crescimento da relevância da Bolívia na América do Sul.
“Há um interesse econômico mútuo muito grande, hoje em dia cristalizado na venda de grande quantidade de gás natural ao Brasil, que representa boa parte do consumo da região centro-sul brasileira. Essa relação vem se estreitando e aumentando e ela vem sendo traduzida em uma aproximação política cada vez mais ampla. Como é o caso, por exemplo, da presença muito ativa da Bolívia na Unasul, União dos Países Sulamericanos, e também na entrada próxima da Bolívia no Mercosul como membro pleno. A Bolívia já é um membro associado há algum tempo. A sua entrada como membro pleno ajudará a aproximar mais ainda os dois países em campos dos mais variados possíveis da cooperação técnica, econômica e cultural”, avaliou o embaixador.
As relações econômicas com o Brasil têm impulsionado o desenvolvimento boliviano. A presença econômica brasileira o país, em termos de superávit comercial, investimentos e remessas de imigrantes, alcança a ordem de US$ 1,6 bilhão anuais.
O intercâmbio comercial brasileiro com o país passou de US$ 818 milhões, em 2002, para US$ 4,9 bilhões, em 2012 – o que representa um crescimento de quase 600%. No período, as exportações brasileiras para a Bolívia cresceram de US$ 422 milhões para aproximadamente US$ 1,5 bilhão, incremento de 355%. A pauta ofertada pelo Brasil à Bolívia é diversificada, com preponderância de itens de alto valor agregado, como produtos manufaturados.
Cooperação social
O Brasil possui com a Bolivia vários acordos de cooperação técnica, principalmente na área social. Entre os principais, está o primeiro banco de leite da Bolívia, em La Paz, no qual o Brasil doou e instalou equipamentos, e capacitou os funcionários bolivianos. Há também o projeto Amazônia Sem Fogo, que atua no combate às queimadas na selva boliviana, em que o Brasil, junto com a Itália, participa com investimentos e capacitação. Já o Centro Cultural Brasil Bolívia, em La Paz, ensina português para cerca de 400 bolivianos, além de promover a cultura brasileira no exterior.
Para o embaixador Rezende de Castro, “a Bolívia tem buscado no Brasil uma aproximação, um respaldo e um apoio para promover de maneira mais rápida o seu crescimento em aspectos que transcendem o mero crescimento econômico, mas sim o crescimento social. Estamos falando de cooperação econômica, técnica, social e cultural. E que o Brasil tem tido uma presença muito ativa e no qual pretendemos, na medida que essa aproximação entre os dois países se estreitem, estarmos cada vez mais presentes”.
Fronteira
A Bolívia é o país com o qual o Brasil compartilha sua maior fronteira (3.423 km). Em 2011, foram criados os “Comitês de Integração Fronteiriça”, com o objetivo de buscar soluções para questões específicas das zonas de fronteira, como o narcotráfico.
Foram realizadas as reuniões dos Comitês que operam em Corumbá/Puerto Suárez (2011), Brasileia-Epitaciolândia/Cobija (2012), Cáceres/San Matías (2013) e Guajará-Mirim/Guayaramerín (2013). Essa nova política de integração fronteiriça busca dar novo ímpeto à cooperação e trazer efetivas melhorias à população local.