Em teatro histórico, artistas se opõem ao golpe: Não vai ter golpe, vai ter mais cinema, mais teatro e mais cultura

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Uma multidão multi-colorida tomou o Teatro Oficina, no centro de São Paulo, na segunda (4), para demonstrar apoio à democracia e ao mandato da presidenta Dilma Rousseff. Nem todo mundo conseguiu entrar. A rua em frente teve o trânsito interrompido e quem ficou de fora pôde assistir às apresentações, falas e perfomances artísticas em uma projeção na parede. Atores, músicos, cineastas, poetas e gente de todo tipo eram uma só voz: “Não vai ter golpe”.

O teatro, comandado pelo dramaturgo Zé Celso Martinez Côrrea, é um espaço de propagação e resistência artística da cidade. Fundado em 1958, conviveu com diversos problemas com a ditadura militar e a especulação imobiliária, que tenta fechar as portas do local há décadas.

“O Oficina foi palco de várias arbitrariedades e censuras. Não há lugar mais simbólico para ocorrer este ato de artistas em prol da democracia”, disse Rudifran Pompeu, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro.

Além de apresentações artísticas, os discursos deram o tom combativo da noite. Zé Celso foi incisivo para defender a democracia. “Quem deveria ser golpeado é esse Congresso de gangsters que não permite a Dilma governar”.

Estudantes – Ao menos três entidades estudantis estiveram presentes: a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes) e a União dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UEE-SP). A representante da UNE Patrícia de Matos fez um discurso forte.

“Em meus 22 anos, me sinto fazendo história hoje com tantos grupos, coletivos e expressões artísticas no Oficina. Nos juntamos por muitas coisas, mas principalmente para dizer que não vai ter golpe”.

Os estudantes também anunciaram que vão sair em caravana por escolas públicas e universidades do estado para discutir a qualidade da educação, lembraram que lutam pelos que morreram em quase um século de movimento estudantil e conclamaram, em coro: “No meu país eu boto fé porque ele é governado por mulher”.

Para a cineasta Tata Amaral, o Brasil vive um momento de mudanças. “Devemos sair daqui sendo pontinhos de luzes e transformação. A crise nem sempre é negativa. Pode trazer o totalitarismo ou a conquista de mais direitos. Não vai ter golpe. Vai ter mais cinema, mais teatro e mais cultura”, disse.

O ator Sérgio Mamberti lembrou que estava presente na primeira noite de funcionamento do Oficina, há 58 anos, e que acompanhou de perto como o local sempre foi um espaço democrático e de excelência artística. Ele também brincou, lembrando do Doutor Vitor, seu célebre personagem do programa infanto-juvenil “Castelo Rá-Tim-Bum”: “Não vai ter golpe, raios e trovões!”.

A diretora de cinema Anna Muylaert e a atriz Camila Márdila, a Jéssica do filme “Que Horas Ela Volta?”, discursaram aos presentes, no meio da rua, em frente ao teatro. A diretora voltou a defender a legalidade do mandato da Dilma e criticou a cobertura política da grande imprensa.

“Os meios de comunicação deveriam fazer jornalismo e estão fazendo ficção. Nós das artes então devemos falar a verdade. A grande vingança contra a mentira é a verdade. Hoje, há menos telespectadores e mais cidadãos. Vamos continuar porque o País é nosso”, afirmou.

Já Camila exaltou a força da militância nas ruas e em atos como o do Oficina. “Se o golpe está fraquejando é porque estamos todos presentes. E pode ser a faísca de uma mudança positiva muito maior”, disse.

Site Linha direta 

Foto: Divulgação

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