Em Santa Maria, Lula explica por que não querem o PT de volta

O bairro de Nova Santa Marta, antiga ocupação que foi urbanizada com obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), no município de Santa Maria (RS), foi palco de mais um grande encontro entre o povo e o ex-presidente Lula na noite desta terça-feira (20), em ato durante a etapa sul da caravana de Lula pelo Brasil.

Acompanhado da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff, da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra e do ex-ministro Miguel Rossetto, entre outras lideranças políticas, Lula falou ao público porque as elites não admitem ver o PT governando o país.

“Eles não querem que a gente volte porque, durante os 12 anos de governo do PT, quando a Dilma ganhou as eleições em outubro de 2014, o Brasil tinha o menor nível de desemprego do mundo e da história do Brasil. Eram 4,2% de desemprego”, relembrou o ex-presidente.

“Eles não querem que nós voltemos porque, durante 12 anos, o salário mínimo aumentou nesse país, conforme o PIB e a inflação. Não querem que a gente volte porque durante 12 anos todas as categorias organizadas de trabalhadores receberam aumento real de salário.”

“A gente teve coragem de criar o piso salarial de professores. Não querem que a gente volte porque criamos o Prouni e colocamos filhos dos pobres nas universidades. Colocamos mais jovens na universidade em quatro anos do que eles colocaram a vida inteira, nós aprovamos as cotas para que meninos e meninas negras pudessem entrar na universidade. Eles não querem que a gente volte porque pela primeira vez o filho do pedreiro pode entrar na universidade e virar doutor”, afirmou Lula.

Ele relembrou a aprovação da lei que destinava recursos dos royalties do pré-sal à educação, a expansão das escolas técnicas pelo país, a regulamentação da profissão de empregada doméstica, que “deixou de ser tratada como escrava”. “No governo do PT criamos mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada”, acrescentou o ex-presidente.

“Essas são as razões por que não querem que a gente volte. Pela quantidade de terra desapropriada para a reforma agrária. Não querem que a gente volte porque a gente criou o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) para comprar alimento do pequeno produtor. Não querem que a gente volte porque o pobre passou a ter direito de comer filé, ter carro, televisão, celular.”

Para Lula, as elites “não querem que o povo aprenda a ter cidadania, a andar de cabeça erguida. A vida inteira eles acharam que pobre gosta de se vestir mal, andar mal”.

Ele citou o episódio no qual a Polícia Federal invadiu sua casa e revirou todos os cômodos em busca de indícios de algum crime, sem encontrar nada. “Deveriam ter vergonha e ter pedido desculpa pelo que fizeram!”

Para o ex-presidente, “eles têm medo que a gente possa voltar e provar que esse país pode ser feliz, que a autoestima seja recuperada, que volte a ter emprego, que a gente retome a indústria naval. Estão destruindo tudo, entregando o petróleo que é nosso para as empresas multinacionais. Até a Embraer está sendo vendida para a Boeing”.

“Eles querem acabar com o Banco do Brasil, com o BNDES, com a Caixa, querem vender a Petrobras, vender tudo que a gente construiu. Eu quero dizer para eles, se preparem porque, se essa elite golpista não tem competência para cuidar do país, nós do PT já provamos que temos competência para cuidar”.

Lula disse estar na expectativa de ser lançado candidato. “Quero provar que um torneiro mecânico que tem apenas um diploma do ensino básico e um curso do Senai tem mais capacidade de governar esse País do que essa elite que está governando com todos os seus diplomas.”

“Eu não vou vender esse País. Esse País tem que ter autodeterminação. É um País grande, tem seis mil quilômetros de fronteira com a América do Sul, oito mil quilômetros de fronteira marítima, o povo mais extraordinário do mundo, trabalhador, e que ama esse País. Não vamos nos enganar com esses grã-finos que andam fazendo passeata com bandeira do Brasil e de noite vão para Miami gastar dinheiro”.

Segundo o ex-presidente, “eles mexeram com a pessoa errada”. “Eu quero dizer para vocês que caráter não se vende em shopping center, não se vende na feira, tampouco honra. Sou um nordestino que não morri de fome até completar 5 anos de idade, sei o que é a fome, mas aprendi com uma mulher analfabeta o que é ter caráter e honra”.

“Se juntar todos os meus acusadores, os três que me julgaram do Rio Grande do Sul, o Moro e a Polícia Federal, se colocar em uma prensa e espremer, não tem 3% da honestidade que eu tenho!”

O ex-presidente também elogiou a atuação de Olívio Dutra e Miguel Rossetto no estado, relembrando que os conheceu no movimento sindical nos anos 1970.

“Quando eu ganhei as eleições, eu queria o Rossetto em Itaipu, mas ele foi para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e realizou um bom trabalho. No mandato da Dilma e no meu, disponibilizamos 50 mil hectares de terra para a reforma agrária, significa que metade de tudo que foi feito na reforma agrária foi feito em 12 anos de governo do PT”.

“Eu fico satisfeito com a possibilidade da candidatura do companheiro Rossetto e de a gente voltar a ter o PT governando o estado do Rio Grande do Sul”, afirmou Lula.

“Eu convivi com o Olívio Dutra quando prefeito de Porto Alegre e quando foi governador, e vi a perseguição da qual o Olívio foi vítima da imprensa gaúcha porque o Olívio tem o hábito de olhar pelos que mais precisam. A história saberá julgar o mandato de governador do companheiro Olívio Dutra”.

Lula ainda criticou os fazendeiros que receberam crédito nos governos do PT e sempre se colocam contra o partido, apesar de não terem deixado de ganhar.

“Quando damos dez reais a uma pessoa humilde, ela fica agradecida o resto da vida. Quando você dá 1 milhão para que os fazendeiros comprem máquinas, não só não são agradecidos, como passam o tempo inteiro falando mal do governo do PT!”

“Por mais que a gente financiasse a agricultura no Rio Grande do Sul, toda eleição eles se colocavam contra nós. Em 2006 eu vim aqui, via as caminhonetes mais modernas, mas os fazendeiros tinham apenas dois prazeres: quando pegavam dinheiro do governo e quando davam o calote”, lembrou.

“Eu estou cansado de ver cavalo comendo maçã e cansado de ver criança crescer sem comer uma maçã. Essa gente derrubou a Dilma e não quer que a gente volte”.

Agência PT

Foto: Ricardo Stuckert

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