Em nova denúncia, The Intercept revela que Moro violou o sistema acusatório

O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, divulgou na madrugada deste sábado (29), em sua conta no Twitter uma prévia de mais uma reportagem da série #VazaJato a partir de vazamento de diálogos sobre a atuação do ex-juiz Sergio Moro na condução da operação Lava Jato. “Até mesmo os promotores de Lava Jato sabiam e reclamavam abertamente sobre as contínuas transgressões éticas de Moro e a conduta politizada e corrupta como juiz”, afirma Greenwald ao apresentar o novo material.

Também os Procuradores do Ministério Público Federal, em mensagens privadas trocadas em grupos com integrantes da Lava Jato, criticaram Sérgio Moro duramente pelo que consideraram uma agenda pessoal e política do juiz. Eles foram além no decorrer e logo depois da campanha eleitoral de 2018: para os procuradores, Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria.

“Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse a procuradora Monique Cheker em 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. Os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam, afinal, dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas.

No diálogo divulgado, a procuradora Monique Cheker afirma: “Moro é inquisitivo. Só manda para o MP quando quer corroborar suas ideias. Decide sem pedido do MP (variasssss vezes) e respeitosamente o MPF do PR sempre tolerou isso pelos ótimos resultados alcançados pela lava jato”.

Antes disso, o procurador Angelo Goulart Villela diz que não confia no ex-juiz. “Cara, eu não confio no Moro não. Em breve vamos nos receber cota de delegado mandando acrescentar fatos às denúncia. E se não cumprirmos, o próprio juiz resolve”, afirma.

Em 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. Os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam, afinal, dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse Monique.

Um dia antes do anúncio de Moro, em 31 de outubro, quando circulavam fortes boatos de que o então juiz participaria do governo Bolsonaro, outra procuradora, Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, escreveu no grupo Filhos do Januario 3: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.”

Na sequência desta conversa, a procuradora Laura Tessler – uma das personagens centrais de outra reportagem da #VazaJato – , também da força-tarefa, concordou com a avaliação da colega e ainda usa uma das denominações mais populares para definir o presidente da República: “Tb acho péssimo. MJ (Ministério da Justiça) nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ (Lava Jato). Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”.

No dia seguinte, 1º de novembro, quando ficou claro que Moro seria anunciado como ministro da Justiça, outros procuradores do MPF não envolvidos com a Lava Jato aderiram ao coro. Conversando no grupo BD, do qual faziam parte procuradores de vários estados, eles dispararam duras críticas ao ex-juiz.  Acompanhe:

“Povo simplório”

A reportagem mostra ainda que na noite da votação pelo segundo turno das eleições, antes de ser anunciado o resultado, procuradores da Lava Jato e outros membros do MPF se mostraram irritados no grupo “BD” com a esposa de Moro. Mesmo depois de o ex-juiz já ter “cumprimentado o eleito”, Rosângela Wolff Moro comemorou explicitamente a vitória de Bolsonaro em suas redes sociais e causou indignação. “Erro crasso”, “perde a chance de ficar de boa” e “esse povo do interior é muito simplório”, foram expressões usadas para mostrar a sensação entre os integrantes do Ministério Público, Moro teria ido longe demais. Confira:

Leia a matéria do The Intercept Brasil na íntegra.

Rede Brasil Atual

Foto – Lula Marques

 

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