Em Minas, Gleisi discute preparação do PT para eleições municipais de 2024

Foto: Gabriel Paiva

A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), está em Minas Gerais para uma série de conversas com representantes locais do partido e aliados, no início de um giro nacional que tem como objetivo a preparação para as eleições municipais de 2024. “Nós temos que discutir aqui com os aliados, avaliar na Federação, avaliar no PT qual é a melhor estratégia que nós vamos ter para Belo Horizonte; não só para Belo Horizonte, para todas as capitais Brasileiras. Tem que ser uma estratégia pensando em um movimento nacional”, disse a parlamentar, nesta sexta-feira (19), em entrevista ao programa Café com Política, da Rádio FM O Tempo.

“Eu venho com o objetivo mais de conversar com o PT, com os partidos que formam a nossa Federação, o PV e PCdoB. Então começo minha agenda hoje aqui por Contagem, o pessoal da prefeita Marília [Campos]. Daqui a pouco, nós vamos estar na prefeitura; também vim saudar os deputados Odair Cunha, o Rogério Corrêa, o Miguel [Ângelo], que me acompanham. A ideia é saber como o PT está, como está a organização”, afirmou Gleisi, acrescentando que, “a partir do segundo semestre nós vamos fazer encontros municipais em todo o Brasil, justamente com foco nas eleições municipais de 24; temos que começar agora”.

A presidenta do PT informou, durante a entrevista, que, ao longo do dia, se reunirá com a bancada do PT, fará uma visita à Assembleia Legislativa, ao presidente da Casa, Tadeu Martins Leite (MDB), participará de “uma plenária com os movimentos sociais, com as mulheres e também com as direções do partido em BH e região metropolitana, nossos vereadores, falar um pouquinho sobre a situação do partido e já com foco na eleição de 24”.

Gleisi também falou sobre a estratégia para fortalecer a presença do PT nos municípios. “Com certeza nós queremos ampliar o nosso número de prefeitos, prefeitas, de vereadores e vereadoras, principalmente, mas óbvio que nós temos a Federação, vamos conversar entre nós, quais são os candidatos com mais competitividade em cada município e fazer uma avaliação da situação política, mas, com certeza, o nosso foco é ampliar”, disse.

A deputada ressaltou que a posse do terceiro governo do presidente Lula vai contribuir fortemente para o sucesso do PT nos pleitos municipais: “Eu acho que um ponto positivo agora é que nós estamos no governo federal, e as ações feitas pelo governo federal vão refletir nos municípios: os programas, enfim, também a atividade econômica. Então, eu acho que isso pode ajudar muito, e, obviamente, a organização do partido. Por isso que nós estamos começando agora”.

Gleisi afirmou que “nós precisamos estar com o partido organizado, com os diretórios municipais, as chapas de vereadores e vereadoras têm que se formar a partir de agora, para a gente estimular nossas candidaturas e fazer uma avaliação dos quadros que nós temos para disputar as eleições. Mas eu não tenho dúvidas de que este ano é um ano muito melhor do que foi 2020 para nós, com a eleição do Lula, o crescimento das nossas bancadas. Aqui em Minas a gente cresceu; hoje nós estamos com dez [deputados] federais, 12 estaduais, isso também ajuda a organizar os territórios, o PT e a estimular as candidaturas. Então, eu acho que o sucesso do PT local vai estar muito ligado também ao sucesso do governo do presidente Lula”.

CPI do MST

Durante a entevista à FM O tempo, a presidenta do PT também falou sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar alegadas irregularidades na luta do Movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela reforma agrária. A criação da CPI foi articulada pela bancada ruralista, que representa os interesses do agronegócio, e por representantes da extrema-direita, setores que já confirmaram, logo no início dos trabalhos da comissão, que o verdadeiro objetivo é criminalizar os movimentos populares e desgastar o governo Lula.

“Primeiro que a gente avalia que essa CPI não deveria existir. Aliás, já tivemos uma CPI do MST, acho que foi durante o primeiro governo do presidente Lula, e tudo que podia ser investigado e discutido sobre o movimento foi. Ela [CPI] foi uma decisão política da Câmara, na realidade, da bancada ruralista. A bancada do agronegócio quis fazer para fazer uma disputa política. Nós achamos que ela é errada, mas, enfim, ela está aí, e nós vamos fazer a CPI”, disse a deputada.

Gleisi fez uma forte defesa do MST, ressaltando se tratar do “maior movimento social organizado do país, um movimento social importante para o Brasil, não só da perspectiva da luta que eles têm da reforma agrária, ou seja, ter terras que não são produtivas sendo produtivas, mas, também, da produção. Hoje, o MST é responsável por uma quantidade enorme de cooperativas produtivas”. Ela acrescentou que, “no Meu estado, o estado do Paraná, onde o movimento é muito forte, nós temos muitas cooperativas do MST, cooperativas da produção do arroz, da erva mate, de animais. Então, ajuda na produção, e produz alimentos que vão para a mesa do povo brasileiro”.

A presidenta do PT também pontuou que a CPI é uma oportunidade para a busca de uma boa convivência entre o MST e o agronegócio. “A gente não pode ter uma contraposição entre MST e agronegócio, os dois são importantes para o Brasil. O agronegócio faz a produção da soja, do milho, dos grãos, exporta, é importante para a nossa economia. E o MST faz a produção da comida que vai para a mesa. É o feijão, o arroz, a batata, a mandioca; isso não é da produção do agro, isso é produção da agricultura familiar, do MST, dos assentamentos, e que é necessário. Então nós temos que aproveitar essa CPI para parar com esse conflito”, disse a deputada.

Gleisi acrescentou que “uma coisa não é contrária à outra, eu acho que nós temos condições de ter convivência, no Brasil, com esses dois setores, plenamente, não vejo contradição nisso. Obviamente que tem algumas questões que têm que ser resolvidas. O MST e os movimentos de agricultura familiar procuram terra também para produzir. Nós temos uma parcela de terras no Brasil que são improdutivas, e, nos governos do presidente Lula, nós avançamos muito com a criação dos assentamentos, com as desapropriações, e isso foi feito sem prejudicar ninguém. Então, é um conflito que está sendo construído que não é real no Brasil. Eu espero que a CPI vá muito para esse lado, para que a gente pacifique essa relação, porque o Brasil precisa de ambos”.

Durante a entrevista, a presidenta do PT também foi perguntada sobre o fato de o relator da CPI ser o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), o ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de protegar desmatadores da Amazônia e de participar de uma organização criminosa de contrabando de madeiras nobres para Europa e Estados Unidos. Gleisi voltou a afirmar que a indicação de Salles para a relatoria é “ultrajante”

“Eu acho ultrajante, acho que chega a ser uma provocação, pelas posições que esse deputado tem e teve ao longo do tempo. Teria condições de colocar ali uma pessoa, um deputado, mesmo mais conservador, da direita, mas que pudesse ter mais diálogo, mais possibilidade de conversa. Então eu temo que a colocação desse deputado possa, ao invés de a gente caminhar para uma solução de pacificação, que é o que nós precisamos no Brasil, seja uma questão conflitante”, afirmou. “Eu hoje li no jornal que ele foi colocado porque ele precisa de um palanque para se projetar, ele quer ser candidato à Prefeitura de São Paulo. Eu acho isso ruim também. Então vamos ver, eu acho que nós temos que sentar e conversar com todos que estão nessa CPI para ver como é que a gente encaminha, ver o plano de trabalho, o que estão pensando, mas nós vamos fazer a defesa do MST, não tenho dúvidas disso”.

Fraude da vacina

Ao ser perguntada sobre a investigação da PF sobre o escândalo das fraudes em certificados de vacinação contra a Covid-19 de Bolsonaro, da filha do ex-presidente, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e de familiares deste, Gleisi disse que “estamos puxando um fio que vai desenrolar uma meada grande mostrando a corrupção no governo Bolsonaro, e é muito ruim a situação do Bolsonaro”.

“Mauro Cid era um ajudante de ordens de Bolsonaro, não era um articulador político nem institucional, enfim, era a pessoa que fazia as coisas para o Bolsonaro. É muito complicada a situação dele e do próprio ex-presidente. A fraude no cartão de vacinas é uma coisa absurda. Você pensar que um presidente da República manda fraudar o seu cartão de vacina e da sua filha, ele não pode dizer que não sabia. Entra no sistema da Saúde para fazer isso. Então quem faz isso tem capacidade de fazer qualquer coisa. E, agora, nós estamos vendo os dinheiros que eram repartidos, depositados na conta da Michelle [Bolsonaro], que não eram só de cartão corporativo; Mauro Cid recebia dinheiro de empresa para fazer esses depósitos”, enfatizou a presidenta do PT.

PTNacional

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